Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que 3,3 milhões de pessoas desistiram de procurar emprego no país desde o início da crise econômica, há quatro anos. É como se toda a população do Uruguai ou do Amazonas ficasse sem trabalhar.
A situação destoa do padrão observado em momentos de crise. Normalmente, pessoas que não trabalham para se dedicar aos filhos ou a estudos, por exemplo, costumavam procurar emprego para compor a renda familiar. Contudo, a baixa perspectiva de conseguir uma vaga fez com que o Brasil alcançasse o recorde de desalentados (pessoas em idade ativa e em condições de trabalhar que não buscam emprego).
Em 2013, o Brasil entrou na maior crise econômica da sua história recente. Desde então, o número de desalentados começou a subir e aumentou 227%.
De acordo com o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, vários fatores levam uma pessoa a integrar o grupo dos desalentados, incluindo a perda de poder aquisitivo. “Muitas dessas pessoas desalentadas sequer têm dinheiro para pagar passagem e procurar emprego. Mas se você oferecer [uma vaga de emprego], elas vão aceitar e vão poder assumir”, explicou.
Ainda de acordo com o pesquisador, também contribui para o aumento do desalento a percepção subjetiva da população em relação ao mercado de trabalho. “A dificuldade de outros integrantes da família de conseguir uma vaga, ou mesmo as notícias na mídia sobre o desemprego elevado já influenciam a percepção das pessoas sobre a dificuldade de se conseguir um emprego”, disse.
Dos 13 milhões de desempregados no Brasil no 2º trimestre deste ano, 3,1 milhões buscavam uma oportunidade no mercado há mais de dois anos.