O contrato pode ser revisto se a Saab entender que segredos industriais dos seus caças Gripen adquiridos pela FAB correr o risco de cair na mão da concorrente americana
Qualquer avanço nas negociações para a aproximação da Embraer com a norte-americana Boeing terá de ser comunicado à sueca Saab, empresa que fornecerá caças para a Força Aérea Brasileira. O acerto foi firmado pelo ministro da Defesa, Raul Jungmann, e o presidente mundial da Saab, Håkan Buskhe, nesta quinta-feira, 25.
O executivo sueco veio ao Brasil buscar detalhes sobre o potencial negócio já que a Saab transferirá tecnologia à Embraer no processo de fabricação dos caças Gripen comprados pela FAB. seu avião no Brasil. O contrato pode ser revisto se a Saab entender que segredos industriais seus podem cair na mão da concorrente americana, uma comitiva de executivos suecos encabeçada pelo presidente da Saab, Hakan Buskhe, transmitiu a preocupação ao ministro Raul Jungmann (Defesa) e a autoridades que monitoram as conversas. Buskhe evitou falar explicitamente em risco ao contrato de 39,3 bilhões de coroas suecas (R$ 15,7 bilhões) na reunião, mas o recado ficou implícito aos presentes. “Essa discussão criou uma preocupação muito grande na Suécia, pois a Saab é tão estratégica para o país quanto a Embraer é para o Brasil”, disse Buskhe a jornalistas ao fim do encontro. Segundo Jungmann, um comitê composto pela Defesa, pela FAB e pelo Ministério da Fazenda irá informar os suecos de quaisquer implicações ao programa do caça Gripen e usará seu poder de veto sobre negócios da Embraer para assegurar que “todas as salvaguardas sejam respeitadas, se houver acordo”. O presidente da Saab se disse satisfeito com as conversas. “Queremos continuar essa parceria de qualquer forma. Nunca fizemos uma transferência tecnológica tão completa quanto a oferecida no Brasil”, afirmou Buskhe. Dos 36 caças Gripen comprados pelo Brasil em acordo de 2013 e operacionalizado em 2015, 23 serão feitos parcialmente ou integralmente no Brasil. A FAB escolheu a Embraer como principal beneficiada da absorção de tecnologias do caça supersônico, que podem no futuro ser aplicadas a aviões civis. A preocupação dos suecos é óbvia. A Boeing é sua rival no mercado de caças, tanto que o F-18 da americana foi preterido na disputa com o Gripen e ambos os aparelhos estão em diversas concorrências mundo afora. Embora boa parte do Gripen seja composta por peças americanas, todo o seu “cérebro” eletrônico e sistemas de fusão de dados essenciais para garantir seu desempenho são produtos suecos – e a Saab quer proteger seus segredos industriais.Olho – Dos 36 caças Gripen comprados pelo Brasil em acordo de 2013 e operacionalizado em 2015, 23 serão feitos parcialmente ou integralmente no Brasil