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Uma nova era está chegando para Araraquara

Hamilton Mendes – Colaboração

Dos anos 40 até os dias atuais, Araraquara assistiu ao longo protagonismo político de pelo menos quatro diferentes grupos. O ano de 2022 marca o fim de um ciclo, e a partir de 2023 a cidade entra no início de uma nova era. Quem serão os novos nomes?

Uma das melhores cidades brasileiras para se viver, e dona de um dos melhores índices de desenvolvimento humano do país, Araraquara desenvolveu, desde o final dos anos 80, uma inquestionável vocação de protagonismo político, revelando atores com forte influência junto aos governos do estado e federal.

Lideranças como Clodoaldo Medina, Dimas Ramalho, Marcelo Barbieri e Roberto Massafera (citando aqui apenas os políticos com mandato eletivo nas diferentes épocas) transitaram com desenvoltura por diferentes governos do estado por décadas, começando pelos mandatos de Montoro, Quércia e Fleury, os três do PMDB (entre 1983 a 1995), e atravessando todos os mandatos tucanos em São Paulo (de 1995 a 2022).

Sem esquecer, claro, o bom trânsito que os araraquarenses tiveram pelos corredores do poder durante os dois governos de FHC, em Brasília (entre 1995 e 2002).

Findo o segundo mandato de FHC, Lula chega ao poder pela primeira vez, elevando o PT ao patamar máximo da política brasileira e alijando os tucanos da capital federal.

Araraquara, porém, não ficou de fora. É verdade que o petista Edinho Silva já era o prefeito de Araraquara na época, mas não foi ele o líder da cidade a assumir um posto no primeiro escalão do governo Lula. Quem teve a primazia foi o então deputado federal Marcelo Barbieri (Barbieri elegeu-se federal pela primeira vez em 1990), elevado ao cargo de assessor especial da Casa Civil. Araraquara continuava no poder.

Dimas Ramalho, deputado estadual por três legislaturas consecutivas, e que já havia sido secretário estadual da Habitação (entre 1996 e 1998) durante o governo Covas, assumia seu primeiro mandato como deputado federal, e a Morada do Sol fazia voo de cruzeiro nas principais searas da política, já que por aqui, o PSDB continuava no Palácio dos Bandeirantes, de onde, aliás, só vai sair no próximo dia 1º, quando Tarcísio de Freitas assumir seu mandato.

Em 2006, com a primeira grande crise vivida pelo PT, Lula elevou Edinho Silva a coordenação da campanha presidencial durante o segundo turno do processo eleitoral. Edinho fez um grande trabalho, Lula venceu e o araraquarense passou a desfrutar de outro status junto ao setor dirigente do partido. Tempos depois, ele assumiu a presidência estadual do partido, sendo reeleito sem oposição alguma para um segundo mandato.

Com dois deputados federais (Dimas e Barbieri) até então, Araraquara elege Roberto Massafera à estadual em 2006, e a cidade continua exercitando seu protagonismo político até 2010, quando Massafera consegue reeleger-se para a Assembleia Legislativa e Edinho alcança seu primeiro, de dois mandatos como estadual.

O prefeito de Araraquara, desde 2008, era Marcelo Barbieri, outra liderança com fácil trânsito junto aos governos do estado e federal. Araraquara continuava em voo de cruzeiro.

Em 2012, Dimas renuncia ao mandato de deputado federal e assume no Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Chega 2014, Dilma Roussef se reelege à presidência da República tendo Edinho Silva como tesoureiro da campanha, e em seguida o araraquarense assume como ministro, capitaneando a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom).

O ano marcou também a reeleição de Massafera.

Dois anos depois, a história política de Araraquara é diretamente afetada por um acontecimento nacional. Com Edinho em Brasília, Dimas no TCE, Massafera na Assembleia Legislativa e Barbieri deixando a Prefeitura em seu segundo mandato, era chegada a hora de se virar a chave na política local. Quem seria o novo prefeito?

O impeachment de Dilma, porém, muda tudo. Edinho, que não havia disputado a eleição em 2014 (justamente para atuar na coordenação da campanha presidencial), fica sem mandato e fora do governo federal. Ele retorna à Araraquara, disputa e vence às eleições de 2016, reassumindo a prefeitura, em substituição a Barbieri.

O PT atravessava um período de grande turbulência, que culminaria no advento da Lava Jato e na prisão de Lula, em 2018 e a eleição de Bolsonaro à presidência da República.

O ano também marca a eleição de Márcia Lia para seu primeiro mandato como deputada estadual. A resultado salvou Araraquara de ficar sem mandato no Palácio 9 de Julho, já que o Roberto Massafera não conseguiu se reeleger. A geração de liderança dos anos 80 já começava a deixar os mandatos eletivos, mas se mantinha com influência nos bastidores.

Em 2020 Edinho se reelege, assume seu quarto mandato (um recorde histórico), e no período, surgem novos nomes na política da cidade, especialmente na direita, ou centro/direita, com destaque para o do ex-vereador e médico Dr. Lapena, que alcançou boa votação para prefeito e para deputado estadual.

Chega 2022, Lula vence um disputado e complicado pleito, e se elege para seu terceiro mandato. Edinho volta ao cenário nacional, agora com status de grande liderança. Deve alçar novos voos. Thainara Faria se elege deputada estadual, e Araraquara passa a ter duas deputadas petistas no Palácio 9 de Julho.

Na Câmara dos deputados, a cidade segue órfã desde Barbieri e Dimas.

Importante registrar que historicamente a cidade costuma “abraçar” suas lideranças e, desde que façam um bom trabalho, mantê-las à frente das coisas da cidade por muito tempo.

Foi assim na primeira fase da política local (depois do advento das eleições diretas, em 1947) com Romulo Lupo (prefeito e líder político da cidade por quase duas décadas, entre os anos 50 e 60), depois com Clodoaldo Medina e Waldemar De Santi (protagonistas à frente do poder por quase 30 anos), passando por Marcelo Barbieri, Edinho Silva, Dimas e Massafera, que em diferentes cargos e períodos, capitanearam as coisas de Araraquara nos últimos 30 anos.

Começa agora, portanto, o início de uma nova era na política local. Novos nomes, novos protagonistas e, porque, não, um novo grupo político pode surgir.

É aguardar os acontecimentos a partir de janeiro de 2023. O certo é que nada será como antes. Os atores dos últimos 30, 40 anos, não estarão na disputa. Uma nova era está chegando…

Redação

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