Com o aumento das chuvas, uma das coisas que sempre preocupa quem mora ou transita pela região da Via Expressa, mais especificamente próximo à rodoviária e ao terminal de integração, são os alagamentos no local. Como se não bastasse o medo da água, agora também fica claro o risco de desabamento do asfalto. Foi o que relatou o vereador Rafael de Angeli (PSDB) que, juntamente com o ex-vereador Jeferson Yashuda, agora diretor técnico do Departamento Regional de Saúde (DRS III), visitou as galerias subterrâneas construídas para canalizar o Córrego da Servidão, que deságua no Rio do Ouro.
“Viemos conferir, porque toda vez que chove, a Via Expressa alaga e já vimos até mesmo buracos que se abrem na via”, disse o parlamentar, em um vídeo postado em suas redes sociais. “Chegamos a um ponto aqui que não tem mais como passar”, referindo-se a um buraco de mais de 1,70 metro de profundidade feito pela erosão das águas na galeria. “Queríamos ir até embaixo do terminal, pois sabemos que lá é o ponto mais crítico, mas vamos ter de parar de fiscalizar essa parte, porque senão a gente não volta vivo”, enfatiza Angeli, mostrando detalhes do desgaste da estrutura. “Muita coisa desfeita, muita coisa estragada… Quando colocamos uma vareta de 1,80 metro nesses buracos, ela praticamente some. Essas paredes estão estruturadas apenas pelos lados, a parte de baixo foi toda levada pelas águas”, acrescentou. E pelo que constataram, não existem mais as estruturas que sustentavam o concreto. “Podemos ver que, em diversos pontos, as armações de ferro que sustentavam o concreto estão podres ou não existem mais. Tudo isso foi feito pela força da água e, possivelmente, por erros do passado na construção de certos pontos deste local”, explica e completa o vereador.
Para Angeli e Yashuda, a questão não é encontrar culpados, mas soluções para poupar vidas e desastres no futuro. “Estamos aqui e cobramos incansavelmente, pois sabemos que essa obra é uma bomba-relógio prestes a desabar. Queremos que sejam feitos laudos e outros tipos de ações que possam assegurar que toda a nossa população possa transitar pela Via Expressa com segurança”, cobra o parlamentar. “A nossa fala é de alerta para que os futuros administradores possam dar uma atenção para algo que no dia a dia a gente não vê e nem sabe que existe. Os buracos nas ruas são visíveis e causam transtornos, mas, se houver um acidente provocado por uma abertura de uma cratera nessa região do córrego, não poderão dizer que não sabiam da existência do problema”, explica Yashuda.
A construção
De acordo com documentos, o projeto de construção da Via Expressa se iniciou em 1935, porém foi apenas em 1963, no mandato do prefeito Benedito de Oliveira, que as obras efetivamente começaram. Desde então, durante décadas, a construção teve continuidade, sofrendo alterações e “remendos”, sendo utilizadas diversas formas e estratégias de canalização pluvial.
Acidentes e desastres
Nos últimos anos, a situação só piora. Em 2012, houve o desaparecimento de uma mulher idosa, que sumiu nas águas durante um forte temporal. Terezinha Mansur, de 79 anos, foi levada por causa das chuvas. Ela e outras cinco pessoas estavam em uma van que foi arrastada pela correnteza, próximo ao Terminal Rodoviário, um dos locais mais afetados pela força das águas do Rio do Ouro, que transbordou. Seus restos mortais foram encontrados mais de dois anos depois.
Já em abril de 2017, o asfalto desabou em um dos pontos da Via Expressa. Na época, funcionários da Prefeitura fizeram uma inspeção subterrânea na parte canalizada do rio, que passa debaixo da via, para avaliar suas condições. Mas nada foi feito além disso.
Em março de 2018, parte do asfalto cedeu novamente, abrindo um buraco em uma das faixas da Avenida Maria Antonia Camargo de Oliveira, próximo ao pontilhão da Barroso, no sentido Centro-Zona Norte. Dessa vez, descobriu-se um deságue clandestino vindo dos trilhos. Apenas foi realizado um reparo.
Cobrança por soluções
Desde 2017, em seu primeiro ano do primeiro mandato, o vereador Rafael de Angeli tem alertado e cobrado laudos e soluções plausíveis para o problema, por meio de requerimentos (285/2017, 363/2018, 100/2020, 370/2020 e 457/2021), indicações (563/2017 e 3788/2017), discursos na Tribuna da Câmara e vídeos nas redes sociais. “Tentamos ‘abrir os olhos’ da Prefeitura para o perigo da Via Expressa há anos. Quando munícipes nos indicaram a periculosidade das erosões visíveis próximo à rodoviária, fomos mais a fundo no assunto e descobrimos que o problema é bem maior. Desde então, estamos no pé da Prefeitura para que realmente deem a devida atenção ao caso e apliquem soluções, seja com laudos ou obras”, finaliza.