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Violência nas escolas. Tem solução?

Alunas se agridem em frente a uma escola de Araraquara

De forma alguma a violência deveria entrar no currículo das escolas. O pior é que essa violência que chega em forma de ciberbullying, bullying, agressão verbal e física, está se tornando uma coisa normal. O que nos chocava na TV virou ‘carne de vaca’ e muitas pessoas aceitam o fato com naturalidade, o que na visão dos especialistas, mostra que estamos vivendo em uma sociedade doente.

Veja o exemplo que ocorreu recentemente aqui em Araraquara, entre dois garotos de 11 anos, alunos de uma mesma escola municipal, cujas famílias são rivais no tráfico de drogas. Um dos meninos estava na quadra no treino de futebol e teria ido até o bebedouro tomar água, quando passou pela janela da sala do outro e o xingou. O garoto ofendido, contrariando a professora foi até o vitrô, onde esperou o outro passar para cuspir nele.
Mas a coisa não parou por aí, pois na hora da saída dos alunos, o menino que estava na quadra entrou na escola para buscar um irmão. Ele e alguns amigos bateram no outro no interior do banheiro.
Mas vejam bem, ambos os meninos têm 11 anos e estudam na mesma escola. Não houve uma invasão. Ele entrou pelo portão.
Apesar dos casos de violência, nessa mesma escola municipal, que não terá o nome divulgado, tem muita gente honesta e trabalhadora e não há registro de furtos, nem de aluno, nem na escola, pois quando acontece, a instituição de ensino faz boletim de ocorrência.

Reféns do tráfico

Questionada sobre a possibilidade das escolas se tornarem reféns do tráfico, uma educadora ressalta que os traficantes não ‘mexem’ com a escola. “Os filhos deles estudam lá. Há uma relação de respeito. Nós temos segurança armada todas as noites, mas nunca foi registrado nenhum episódio de crime. Quando o tráfico se desorganiza como agora, os meninos aproveitam para fazerem ‘arte’. Picham os muros, cortam os alambrados, invadem a escola à noite e correm pelos pátios, mas nem chegam perto das portas e nunca furtaram nada, porém já quebraram alguns vidros. A secretaria tem muita dificuldade com manutenção para consertar isso, mas com relação à segurança é muito presente na nossa unidade. A Polícia Militar é extremamente presente no bairro. Faz rondas constantes, pois é um território prioritário durante o dia que é super tranquilo. À noite já não sei”, diz ela, que também não revelaremos o nome, por conta da violência gratuita que atinge as pessoas muitas vezes por conta de um simples comentário.
Estamos falando de Araraquara e apesar de chocantes, as histórias de violência dentro de ambientes de ensino ou nas proximidades das mesmas, estão a cada dia mais comuns.

Veja outro exemplo, agora em uma escola estadual, onde a agressão verbal dentro da mesma terminou em agressão física do lado de fora. O comentário sobre uma mecha de cabelo acabou com o acionamento da Polícia Militar para apartar a briga, pois os pais de alunos e colegas não conseguiram separar as duas meninas que se atracaram, sem dó e nem piedade.

Questionada sobre quais procedimentos a escola pode tomar em relação a esse tipo de caso, a Secretaria Estadual de Educação através de sua assessoria de imprensa, relatou que a Diretoria de Ensino informou que as medidas pedagógicas foram adotadas com as alunas que foram chamadas pela direção da unidade, assim como seus responsáveis, e orientadas.
Também foi informado que a escola possui um professor-mediador, que é um docente responsável pela mediação de conflitos e realização de ações de conscientização com os estudantes, o que será reforçado junto às ações contra o bullyng, em rodas de conversa, entre outras, já existentes e que a Diretoria de Ensino de Araraquara possui, ainda, parcerias com órgãos como o Ministério Público, OAB, assim como entidades municipais que realizam ações antidrogas como o COMAD (Conselho Municipal de Políticas Sobre Drogas). Existe, ainda, uma parceria com a Polícia Militar, que através da Ronda Escolar realiza o patrulhamento nas áreas externas das unidades escolares.

Desafio

Segundo um estudo publicado no Estadão, o problema da violência nas escolas e de uma forma geral é um grande desafio para as autoridades porque tem vários aspectos importantes a serem atacados ao mesmo tempo, tais como a quebra de disciplina e autoridade – que começa em casa –, sem as quais a escola não funciona, a desestruturação da família, as carências sociais, a falta de perspectiva profissional para os jovens, em contraste com a sedução das drogas e do tráfico, e a difusão da cultura da violência. Sem se esquecer de que esse tipo de violência não é exclusivo das regiões e populações mais carentes.
Foi lançada pelas autoridades educacionais de São Paulo, a figura de um professor mediador de conflitos para promover o diálogo e melhorar as relações entre os professores e os alunos. O principal objetivo dessa iniciativa é resolver os conflitos dentro da escola, evitando que eles descambem para a violência.
Em Araraquara, um professor trabalhou como figura mediadora. Não exerce mais esse papel tão relevante. A razão? Está em uma outra função, pois seu joelho está literalmente ‘estourado’. Numa briga de alunos quando foi exercer o seu papel de mediador e tentar apartar, levou um pontapé no joelho. Sem mais…

Redação

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