A evolução tecnológica não para de surpreender a humanidade: recentemente, foi apresentado ao mundo o ChatGPT, um novo ChatBOT conhecido popularmente como robô “conversador”, mas que tem se sobressaído em relação a outros por sua velocidade e qualidade de resposta. O professor dos cursos de Engenharia de Computação e Sistemas de Informação da Universidade de Araraquara – Uniara, Marcelo Teixeira Torres, fala sobre a novidade.
“O ChatGPT é um modelo de inteligência artificial desenvolvido pela OpenAI, laboratório de pesquisa que tem Elon Musk entre um dos fundadores. Ele pode ser usado para gerar respostas para uma ampla gama de perguntas, bem como executar tarefas em linguagem natural. O modelo atual do algoritmo GPT-3 possui mais de 45 terabytes de texto como entrada de dados. O ChatGPT é treinado em técnicas avançadas de aprendizado de máquina para gerar respostas relevantes, úteis e contextualizadas”, explica o docente, mencionando que o acesso ao ChatBOT está disponível gratuitamente, bastando efetuar um cadastro simples no site https://chat.openai.com.
Ele aponta que existem várias maneiras pelas quais uma pessoa pode utilizar essa tecnologia. “Por exemplo: por meio de assistentes virtuais baseados no ChatGPT, que permitem às pessoas interagirem com o modelo fazendo perguntas ou pedindo ajuda; por meio de aplicativos e ferramentas de inteligência artificial que incorporam o ChatGPT, como ferramentas de escrita ou correção gramatical que fornecem sugestões e feedback; serviços de geração de texto que o usam para criar conteúdo, como descrições de produtos, títulos de artigos, resenhas de produtos etc., e por meio de programas de pesquisa em inteligência artificial que usam o ChatGPT para desenvolverem novas aplicações e melhorias de modelo aplicado”, detalha.
A novidade chama bastante atenção dentre os robôs “conversadores” devido à sua capacidade de gerar respostas mais fluentes e naturais, de acordo com o professor. “Isso se deve em parte à grande quantidade de dados e textos utilizados em seu treinamento, permitindo que a Inteligência Artificial – I.A. ‘fale’ de maneira mais semelhante à de um ser humano. Além disso, o ChatGPT é capaz de produzir respostas coerentes e relevantes mesmo em contextos complexos e ambíguos. Ele também é capaz de aprender sozinho a partir de exemplos, o que significa que ele pode se adaptar e melhorar com o tempo. Outra razão pela qual se destaca é sua escalabilidade. O algoritmo foi projetado para ser capaz de lidar com uma ampla gama de tarefas de linguagem natural e pode ser facilmente adaptado, personalizado e integrado a outras ferramentas para atender a diferentes necessidades”, conta Torres.
Quanto aos benefícios, “o ChatGPT tem o potencial de melhorar a qualidade de vida e promover a inclusão social de muitas pessoas, além de impulsionar o progresso tecnológico”. “Ele deve promover melhorias na acessibilidade, criando assistentes virtuais que podem ajudar pessoas com deficiências no acesso a informações e serviços online de forma mais fácil e eficiente. Também pode ser usado na melhoria da comunicação, integrando ferramentas de escrita ou de correção gramatical, que ajudam as pessoas a se comunicarem de forma mais clara e eficaz. Pode ser usado para automatizar tarefas de atendimento ao cliente, respondendo às perguntas frequentes e fornecendo suporte técnico básico, liberando atendentes humanos para lidarem com questões mais complexas, o que aumenta a eficiência geral do atendimento ao cliente”, ressalta o docente.
Ainda, segundo ele, como a tecnologia pode ser adaptada e personalizada para atender a necessidades específicas, tem potencial uso em áreas como educação, saúde e finanças, “ajudando a melhorar a qualidade dos serviços e informações disponíveis”. “Além disso, os avanços em tecnologia de linguagem natural podem ajudar a impulsionar a própria pesquisa e o desenvolvimento em inteligência artificial”, completa.
Contudo, assim como qualquer tecnologia, o uso do ChatGPT também tem desafios. “Algumas polêmicas associadas ao seu uso incluem um viés de discriminação, uma vez que o modelo pode ser treinado em dados de texto com conteúdo preconceituoso e discriminatório, resultando em respostas tendenciosas ou ofensivas. É importante garantir que o treinamento do modelo seja feito de forma justa e equilibrada para evitar esses riscos. No contexto acadêmico, ele é capaz de gerar textos científicos com coerência e relevância, levando ao engano de autenticidade e de propriedade intelectual. É necessário um cuidado maior na análise de textos monográficos como forma de garantir sua real autoria”, alerta Torres.
Ele acrescenta que o ChatGPT também pode ser usado para gerar conteúdo enganoso, como notícias falsas e desinformação. “Isso pode ter um impacto negativo na sociedade, afetando a tomada de decisões políticas e a percepção pública de questões importantes. O uso da ferramenta também pode envolver a coleta e o processamento de grandes quantidades de dados pessoais, o que pode levar a riscos de privacidade e segurança. É importante garantir que os dados sejam protegidos e que as práticas de coleta e uso de dados sejam transparentes e éticas. Seu uso excessivo, bem como de outras tecnologias de I.A., pode levar a uma dependência excessiva da tecnologia, causando impactos negativos na saúde mental e no bem-estar das pessoas. O ChatGPT é capaz de automatizar tarefas, levando à perda de empregos em algumas áreas, o que resulta em impactos negativos na economia e na sociedade como um todo”, pondera o professor.
Em sua visão, como a popularização do uso da I.A. é algo recente, ainda não é possível medir o impacto de seu uso massivo. “A curto prazo, deve ocorrer um aprendizado da sociedade para extrair resultados melhores dos algoritmos; a médio prazo, vislumbro o uso automatizado da I. A. para substituição da mão de obra humana em tarefas simples ou de uso repetitivo, como atendimento primário do público, como balcão de informações ou controle de acessos e, a longo prazo, vejo seu uso em áreas mais complexas, como medicina, prevendo o surgimento de doenças e sugerindo mudanças preditivas de comportamentos, muito além dos simples exames de diagnósticos existentes atualmente”, arrisca o docente.
“Estamos em um processo de aprendizado para extrairmos resultados melhores das ferramentas de I.A. Neste momento, como professor, eu me preocupo com o uso indiscriminado dessas ferramentas para gerar um conteúdo acadêmico sem autenticidade. Como não existe um autor físico nos textos gerados pelo ChatGPT, não podemos afirmar que se trata de um plágio, uma vez que nada foi ‘copiado’. Garantir que a mente humana seja capaz de produzir um conteúdo acadêmico autêntico e de relevância é o maior desafio dos professores neste momento”, analisa.
Torres lembra que o ChatGPT não é a única ferramenta de I.A. disponível. “Empresas como Google – ‘Ok Google’ -, Microsoft – ‘Cortana’ -, Amazon – ‘Alexa’ -, Apple – ‘Siri’ -, IBM – ‘Watson’ -, Facebook – ‘Facebook M’ -, Intel – ‘Nervana’ – e Baidu – ‘Baidu Brain’ – são outros exemplos de I.A. que estão disponíveis há bastante tempo para uso da população. O destaque do ChatGPT se deve muito à sua adaptação linguística em vários idiomas, além do inglês”, finaliza.
Informações sobre os cursos de Engenharia de Computação e Sistemas de Informação da Uniara podem ser obtidas no endereço www.uniara.com.br ou pelo telefone 0800 55 65 88.