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130 anos da Lei Áurea

13/05/1888. Século XIX.

A escravidão foi abolida parcialmente, não me pergunte quantos por cento porque não saberei te dizer. O comércio de escravos negros deixou de ser rentável e resolveram “abolir” a escravidão.

Pela idade da Lei Áurea, não temos muito a comemorar, pois o Brasil foi um dos últimos países a decretar lei neste sentido. Foi um processo que passou pela Lei do Ventre Livre e pela Lei do sexagenário.

A Lei é boa, só falta o cumprimento dela. A Lei é áurea, mas o ouro ainda precisa ser burilado, é preciso tirar as impurezas dos vícios jurídicos, combater os privilégios pleonásticos, denunciar e punir empregadores que ainda usam o trabalho escravo.

Ainda existe trabalho escravo ou quase escravo no Brasil. Isso é fato.

Precisamos abolir a escravidão física:

– Dos que trabalham em abatedouros de carne suína, bovina e de aves e tem lesões relacionadas ao trabalho, como síndrome do túnel do carpo, tendinites, depressão e mutilações;
– Dos professores que são mal pagos e são violentados constantemente por estudantes que não veem o menor sentido em estar ali em sala de aula. Tais professores adoecem, se estressam grandemente, entram em depressão, alguns se suicidam, outros usam uma grande quantidade de ansiolítico e antidepressivos;
– Dos que trabalham na construção civil, contratados por empreiteiras que tem foco no lucro e estas os tratam mal, colocando-os em condições insalubres de trabalho e de moradia e ainda os remunerando mal;
– Das crianças que trabalham na exploração do sisal, que quebram pedras, que trabalham na confecção artesanal de calçados, roupas, que se prostituem sexualmente;
– Das pessoas que procuram se sustentar em novos campos de exploração mineral à procura do ouro, que contamina rios com chumbo, mercúrio e outros metais pesados.
– Das pessoas que se prostituem em troca de uma pedra de crack

Precisamos abolir a escravidão mental:

– Dos que acreditam que o Bolsonaro é o salvador da pátria brasileira;
– Dos que criminalizam os movimentos sociais que lutam por educação, teto, terras, saúde, visibilidade e dignidade;
– Dos que sonegam impostos, emprestam do governo federal e ainda enriquecem às custas da exploração de trabalho de outros;
– Dos inúmeros jogadores que sonham em ser um Neymar, mas vão ter que procurar outra profissão, pois maiores são as frustrações nesta área do que as glórias;
– Dos que pensam apenas em si mesmos, apenas nos seus próprios interesses e reivindicações;
– Dos que fazem política para os próprios interesses e não atendem as necessidades do povo;
– Dos jovens que estão escravos das drogas ou do crime organizado e não conseguem ver perspectiva de ascensão social, financeira e educacional;
– Dos que estão presos a conceitos ultraconservadores, são intolerantes e não se propõem a pensar diferente daquilo que estão acostumados a pensar, não se abrem a novas ideias e jeitos de viver.

A deforma trabalhista quer aumentar a idade mínima para conseguir a aposentadoria, quer achatar ainda mais o valor do benefício para que as pessoas continuem trabalhando depois de se aposentarem. A deforma trabalhista continuará a manter os privilégios de magistrados, militares e políticos, que pouco se importam conosco.

A Lei é Áurea, mas o buraco em que o ouro está é mais embaixo. Isabel, nome bonito, prima de Maria, mãe de Jesus. Mas somente o parentesco de nada vale. É preciso mudança e liberdade!

Igor Salomão Monteiro é Psicólogo (CRP 06/101831) e atua na Seção Técnica de Saúde da Unesp de Rio Claro.
Redação

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