Texto e fotos: Carlos André de Souza
O bumerangue vem ganhando cada vez mais adeptos em todo o mundo e, em Araraquara, um amante da modalidade carrega consigo a missão de difundi-la para o público. Leandro Porto já organizou encontros para atrair novos praticantes e também para reunir grandes nomes da modalidade, como ocorreu em seu último evento, o Primeiro Encontro de Bumeranguistas de Araraquara, realizado no final do mês de julho no Pinheirinho.
Ele conta como foi que conheceu o esporte. “Meu primeiro contato com o bumerangue foi pela internet e por meio de um amigo, que trouxe um bumerangue para a gente brincar. Ninguém sabia arremessar e eu já tinha uma certa noção. Isso foi no ano de 2001 e desde então eu estou arremessando. Já competi em vários lugares no estado de São Paulo e também em outros estados. Para mim, o bumerangue é um esporte como qualquer outro, que precisa de uma divulgação correta para crescer. É um esporte muito gostoso e que pode ser lúdico também, porque pode envolver várias faixas etárias, tanto masculino quanto feminino. E o bumerangue faz um ajuntamento de pessoas que acabam se tornando amigas”, destaca.
Ele fala das vantagens em se praticar o bumerangue. “Além de desenvolver a parte física e aeróbica, quem começa a praticar o bumerangue também acaba produzindo seus próprios instrumentos. Ele vai entender de certos tipos de materiais e vai entender que o bumerangue não é só de duas asas, pode ter três, quatro ou cinco asas, dependendo da categoria. Ele terá acesso a ferramentas, pintura, faz pesquisas, faz adequações para o bumerangue ir mais longe ou mais perto, para que vá mais rápido ou mais lento. Além de ser uma prática esportiva, torna-se uma prática cultural e que ajuda até a desenvolver o lado criativo da mente”, acrescenta.
Leandro também destaca o fato de Araraquara ter vários locais onde pode se praticar o bumerangue com segurança, entre eles o próprio Pinheirinho, local do último encontro. “A importância desse encontro se dá principalmente em tirar essa ideia que o pessoal de Araraquara tem de que o Pinheirinho é um lugar que não é para vir com a família e que não pode receber qualquer tipo de evento. Em relação a muitos parques do Brasil, o Pinheirinho é um parque de ponta. É hoje um dos parques do interior que possui o maior número de campos de futebol e, com a raia marcada, é possível fazer qualquer tipo de competição de bumerangue. É uma área verde, que não vai agredir o material, além de ter acesso a supermercados, bares, restaurante, tudo perto do parque. As pessoas precisam saber que o Pinheirinho é um local que elas podem não apenas vir para fazer sua caminhada, mas também praticar qualquer esporte”, completa.
Quem quiser iniciar a prática do bumerangue pode entrar em contato pela página no Facebook (Clube de Bumerangue), que possui mais de 600 seguidores e traz muitos conteúdos sobre a modalidade.
Esporte em crescimento
O encontro realizado no Pinheirinho trouxe à cidade grandes nomes do esporte, como Ronaldo Alperin, criador do Bumerangue Clube do Rio de Janeiro e um dos maiores divulgadores da modalidade no Brasil.
Ele elogiou a iniciativa do evento realizado em Araraquara. “Estamos reunindo praticantes de todo o Brasil para ver se conseguimos fazer uma união para aumentar a divulgação em todo o país. Essa iniciativa teria o nome de União Brasileira de Bumeranguistas, que dará a oportunidade a todos os praticantes de se integrarem e participarem de eventos esportivos ou lúdicos. O intuito é capacitar as pessoas para que cada um seja um propagador do bumerangue em sua região”, explica.
Ronaldo também destaca as qualidades que o esporte pode trazer para seus praticantes. “A prática do bumerangue é muito disciplinar, exige uma disciplina muito grande. Você geralmente pratica em locais abertos e tem um contato muito grande com a natureza, trazendo uma higiene mental muito grande nos dias de hoje. É muito importante para se exercitar e ao mesmo tempo liberar todos os problemas da cabeça”, salienta.
Ronaldo destaca uma das pessoas que fizeram a diferença para a implantação do bumerangue no Brasil. “A internet mitificou muitas coisas sobre o bumerangue e se esqueceu do passado. Mas hoje, graças a Deus, temos uma testemunha viva dessa caminhada, que é o doutor Leziro Marques da Silva, que é um professor, geólogo, que mora em São Paulo, que infelizmente não pôde vir porque está fazendo um tratamento para a vista, mas que tem uma grande missão cumprida, pois começou a semear o esporte há 50 ou 60 anos. É uma pessoa ímpar, que durante o tempo foi esquecida e que hoje, junto com a gente, está nos incentivando, forneceu todo material que ele tinha, tanto a parte bibliográfica quanto material, para que a gente pudesse continuar o trabalho que ele começou tanto tempo atrás”, acrescenta.
Resgate da história
Quem também participou do encontro em Araraquara foi Rodrigo Colombini, um dos difusores do bumerangue em Santos. “A União Brasileira de Bumeranguistas seria também um resgate de toda essa história presencial e a continuação daquela trajetória traçada nas décadas de 50, 60 e 70, que teve uma continuação na década de 90, que foi onde eu entrei e já existia um universo de bumerangue. Naquela época eu tive contato com competições e com pessoas que já eram referências. Essas pessoas todas sumiram. Eram pessoas que foram nosso professores e reuniam mais de 100 praticantes em encontros que infelizmente não foram documentados. Na época, como não tínhamos contato com o exterior, não sabíamos que isso tinha representatividade internacional. O primeiro Mundial foi em 1991 e não sabíamos. Não sabíamos o significado que aquilo tudo tinha naquela época. Isso foi se perdendo com o tempo e hoje estamos tentando resgatar”, explanou Rodrigo.