Acabou a espera: Carlo Ancelotti foi anunciado nesta segunda-feira (12) como novo treinador da seleção brasileira. O italiano de 65 anos assinou um vínculo até o fim da Copa do Mundo de 2026.
Sonho antigo do alto comando da Confederação Brasileira de Futebol, ‘Carleto’ deixa o Real Madrid com o status de um dos nomes mais vitoriosos da história do clube, somando 15 títulos em duas passagens. Três deles, sobretudo, da Uefa Champions League.
Em comunicado, a CBF confirmou que Ancelotti fará sua primeira convocação pela seleção no dia 26 de maio.
O técnico italiano se reunirá na próxima semana com Rodrigo Caetano, coordenador geral de seleções, e com o ex-zagueiro Juan, coordenador técnico da CBF, para avançar sobre a lista de possíveis convocados.
A estreia do italiano no comando do time pentacampeão mundial acontece no dia 5 de junho, no Estádio Monumental Isidro Romero Carbo, casa do Barcelona-EQU, no confronto diante do Equador, pelas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026.
O primeiro jogo de Ancelotti à frente da seleção em casa acontece no dia 10 de junho, contra o Paraguai, na Neo Química Arena, estádio do Corinthians.
A chegada do italiano interrompe um período de pouco mais de um mês da seleção sem técnico, desde a demissão de Dorival Júnior, em 28 de março, logo após goleada para a Argentina.
Mais ainda: Ancelotti quebra uma escrita de quase 60 anos sem um estrangeiro na equipe nacional.
O último foi Filpo Núñez, argentino que comandou o Brasil em um amistoso contra o Uruguai, no Mineirão, quando a seleção foi representada por atletas do Palmeiras. Antes dele, também tiveram tal privilégio o uruguaio Ramón Platero (1925) e o português Joreca (1944).
Flerte antigo
O nome de Carlo Ancelotti era o preferido do presidente Ednaldo Rodrigues há pelo menos dois anos, desde meados de 2023, quando a CBF ainda tinha dúvidas sobre quem contratar para a vaga de Tite.
Fernando Diniz foi contratado de maneira interina, para dividir a seleção com o Fluminense, quando chegou-se até mesmo a anunciar um acordo para que o italiano dirigisse o Brasil na Copa América de 2024.
O título da Champions League pelos merengues, porém, garantiu a renovação de Ancelotti com o clube e deixou a CBF exposta. Diniz saiu, Dorival Júnior foi contratado, mas os resultados não ajudaram o novo comandante a se estabelecer.
Somado a isso, a eliminação do Real Madrid na Liga dos Campeões e a perda de terreno na briga com o Barcelona pelo título espanhol deixaram Ancelotti em condição de insegurança no clube, que via a troca de comissão técnica como parte importante da renovação.
Neste cenário, a CBF – que já trabalhava com o nome do português Jorge Jesus para substituir Dorival – viu o antigo alvo ficar de repente disponível e retomou as conversas até o acerto final. O Real Madrid impôs poucos obstáculos, até por já ter Xabi Alonso, ex-Bayer Leverkusen, como substituto.
Carreira de Ancelotti
Meio-campista de boa técnica, Ancelotti aposentou-se em 1992 e imediatamente assumiu o cargo de auxiliar-técnico da seleção da Itália. Fez parte da equipe que levou o país ao vice-campeonato da Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos, em derrota nos pênaltis para o Brasil na final.
O primeiro trabalho como treinador principal foi na Reggiana, em 1995. Assumiu o Parma no ano seguinte, mudou-se para a Juventus em 1999 até iniciar, em 2001, possivelmente o ciclo mais marcante da carreira.
Entre 2001 e 2009, Ancelotti comandou uma era muito vitoriosa no Milan. Levou o clube a três finais de Champions, ganhou duas e teve a capacidade de transformar grandes estrelas em um belo time. Naquele Milan, o italiano teve Dida, Cafu, Nesta, Maldini, Pirlo, Seedorf, Rui Costa, Rivaldo, Shevchenko, Crespo e, sobretudo, Kaká, a quem fez o melhor jogador do mundo em 2007.
A carreira de Ancelotti seguiu por imensas equipes, como Chelsea e PSG, até chegar ao Real Madrid em 2013, com o objetivo de levantar a tão sonhada La Décima, maneira que os espanhóis chamavam o 10º título da Liga dos Campeões. Atingiu o feito logo na primeira temporada, em final épica contra o Atlético de Madrid lembrada até hoje pelo gol tardio de Sergio Ramos.
Ancelotti deixou o Real Madrid em 2015, assumiu o Bayern de Munique para uma passagem de pouco brilho, depois dirigiu Napoli e Everton. Quando parecia estar na descendente da carreira, recebeu o convite para retornar ao Santiago Bernabéu em 2021.
Pelas mãos do italiano, o Real conquistou mais duas vezes a Champions League e venceu todos os títulos possíveis, o que fez de Ancelotti o técnico mais vencedor da história do clube.
Agora, ele ganha a chance de dirigir a maior seleção do planeta e acabar com um jejum de 24 anos sem ganhar uma Copa (a última foi 2002).