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Araraquara 205 anos

A vida e obra dos homens que construíram a cidade que conhecemos hoje

Por Hamilton Mendes

Fundada em 22 de agosto de 1817, quando ainda era denominada “Freguezia”, Araraquara completa 205 anos de existência em 2022.

Dois anos atrás, a população do município foi estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 238.339 habitantes – o que o torna o 37º município mais populoso do estado -, apresentando uma densidade populacional de 235,2 habitantes por quilômetro quadrado.

Araraquara, e ao lado de 26 cidades da região, integra a Região Administrativa Central do estado, compreendendo uma população de cerca de um milhão de habitantes.

Desenvolvida, e administrada com arrojo e competência por décadas, a cidade possui o distrito de Bueno de Andrada, e o subdistrito de Vila Xavier. No total, Araraquara possui uma área de 1.006 quilômetros quadrados, sendo 77,37 quilômetros quadrados de área urbana. Destes, aproximadamente 39 quilômetros quadrados são relativos à área urbana consolidada.

O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) de Araraquara, considerado elevado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), é de 0,815, sendo o 14° maior do Brasil, em igualdade com Santo André/SP. Considerando apenas a educação o índice é de 0,915 (muito elevado), enquanto o do Brasil é 0,849; o índice da longevidade é de 0,786 (o brasileiro é 0,638); e o de renda é de 0,79 (o do país é 0,723).

Estes números, porém, não caíram do céu. Foi preciso muito trabalho, arrojo, dinâmica e competência administrativa para que a cidade chegasse onde chegou.

Nesta edição de aniversário, O Imparcial traz um breve resumo da vida e obra dos homens que governaram os destinos de nossa cidade nos últimos 66 anos, período em que Araraquara iniciou um tempo de crescimento e desenvolvimento poucas vezes visto em outras regiões do país.

Romulo Lupo

Nascido em 1º de fevereiro de 1902, Rômulo Lupo foi um empresário de grande competência, e entrou para a história como o homem que colocou Araraquara no caminho do desenvolvimento.

Fundador e dono da empresa Meias Lupo, exerceu duas vezes (1956—1959 e 1964—1968) o cargo de prefeito de Araraquara. Foi também o fundador da Companhia Trólebus de Araraquara (CTA) de 1959 a 1964, empresa que ele também presidiu, e o responsável pela vinda dos ônibus elétricos para a cidade.

Romulo, porém, iniciou sua vida política muito antes disso, já que ainda nos anos 30, o empresário ocupou o cargo de vereador (1936) na cidade, passando pela Câmara Municipal durante uma breve reabertura da Casa de Leis (fechada logo depois da implantação da ditadura do Estado Novo, de Getúlio Vargas.

Apesar dos inúmeros convites para ingressar na política estadual ou mesmo nacional, Romulo declinou de todos, preferindo militar apenas na política local. Em 3 de outubro de 1955, com 6.947 votos, o empresário saiu-se vitorioso das urnas elegendo-se prefeito de Araraquara para o mandato de 1956 a 1959.

Visionário e grande administrador, Romulo organizou a cidade administrativamente, iniciou a canalização do Córrego da Servidão, abrindo caminho para a construção futura da Via Expressa, obra fundamental para facilitar o fluxo do trânsito na cidade. Embora poucos saibam, é importante ressaltar que o projeto da Via Expressa data de 1937, e uma foto de sua planta inicial foi publicada pelo jornal O Imparcial em edição daquele ano.  

Em sua primeira gestão, Romulo tratou de prepara Araraquara para os novos tempos que chegavam, dotando a cidade de telefone automático e ônibus elétricos, criando a CTA. Construiu e inaugurou o Mercado Municipal (importante obra para a época) e também construiu a rodoviária (atual Terminal Central de Integração).

Romulo também desapropriou imóveis para construir a atual Biblioteca Pública Municipal e o Cemitério das Cruzes (Cemitério dos Brito). Foi ele também quem incrementou os trabalhos para levar infraestrutura para quase todos os bairros da cidade, instalando água, luz, esgoto em todos eles, e asfaltando quase toda a cidade.

Foi dele também o planejamento para obras construídas mais tarde, como o Gigantão e o Hotel Eldorado. Trouxe a imagem da televisão à cidade, em 1963, instalando as primeiras antenas repetidoras na torre do relógio da Fábrica de Meias Lupo.

Foi reeleito como prefeito municipal de Araraquara em 6 de outubro de 1963 para o mandato de 1 de janeiro de 1964 a 31 de janeiro de 1969.

Embora não tenha concluído as obras do Ginásio de Esportes (Gigantão), Romulo deixou recursos em caixa para a conclusão da obra.

Benedito de Oliveira

Nascido em 17 de fevereiro de 1907, o araraquarense Benedito de Oliveira administrou os negócios da família por muitos anos. Era deles a fazenda que fornecia dormentes e a madeira responsável por mover as locomotivas a vapor da Estrada de Ferro de Araraquara e da Paulista, dentre outras atividades, como plantações de café. Sua mãe, Maria Antônia Camargo de Oliveira, empresta hoje o nome para a principal avenida de Araraquara, a Via Expressa.

Benedito de Oliveira Iniciou sua vida política nas eleições de 1955, quando foi eleito vice-prefeito na chapa de Rômulo Lupo, assumindo ambos para a 3ª Legislatura da cidade, a de 1956 a 1959 (as primeiras eleições gerais e diretas no Brasil se realizaram em 1947).

Em 4 de outubro de 1959, com 6.929 votos, Benedito de Oliveira foi eleito prefeito de Araraquara, tomado posse em 1º de janeiro de 1960, para a Legislatura de 1960 a 1963.

Em seu mandato, governou a cidade seguindo as lições do seu pai e o espírito filantrópico, ficando conhecido como “Pai dos pobres”. Empreendedor, foi o responsável pela construção da nova adutora de abastecimento de água e remodelação da Estação de Tratamento de Água, sendo introduzido pela primeira vez o tratamento com o flúor.

Durante sua administração, continuou a obra iniciada pelo seu antecessor, dando sequência a canalização do córrego da Servidão, construiu a Fonte Luminosa, inaugurou a Avenida Bento de Abreu e iniciou os trabalhos a futura construção da Via Expressa, entre outras benfeitorias.

Foi ele, Benedito de Oliveira, quem incentivou o mito da cidade mais limpa das três Américas, pelo qual a cidade ficou conhecida nos quatro cantos do país.

 Rubens Cruz

Nascido no distrito de Bueno de Andrada no dia 21 de agosto de 1918, Rubens Cruz mudou-se com a família para Araraquara no ano de 1938, onde seu pai fundou uma pequena empresa no ramo do transporte coletivo, hoje conhecida como “Empresa Cruz”.

Na década de 1940, Cruz era um dos motoristas da empresa do seu pai e, com o crescimento no atendimento de transporte interurbano, a empresa, já nessa época, fazia a linha entre as cidades de Araraquara e Ibitinga.

Uma década depois, já nos anos 50, a empresa conheceu grande crescimento e iniciou o transporte de passageiros de Araraquara para São Paulo. Rubens Cruz já estava à frente de alguns setores, e exercitava sua grande capacidade administrativa.

Respeitado e bastante popular, o empresário foi convidado a disputar às eleições de 1968, vencendo o pleito em sua primeira experiência na política. Cruz governou os destinos da cidade de 1º de fevereiro de 1969 a 31 de janeiro de 1973.

Na época com aproximadamente 60 mil habitantes, a cidade crescia, e no desafio dessa expansão, criou, no primeiro ano do mandato, em 2 de junho de 1969, o Departamento Autônomo de Água e Esgotos (Daae).

Finalizou e inaugurou o Ginásio de Esportes Castelo Branco, o “Gigantão”, para os Jogos Abertos do ano de 1969, além de concluir o Hotel Eldorado Morada do Sol. Foram várias obras importantes durante seu mandato, como o Parque Municipal do Pinheirinho e o novo edifício do Paço Municipal, sede da Prefeitura até os dias atuais.

Homem simples, mas com espírito empreendedor, investiu pesado na área da educação com a reforma de várias escolas, além da construção de escolas rurais, creches, grupos escolares, e escolas para o ensino fundamental e médio, como a Escola Estadual “João Batista de Oliveira”.

Recebeu os aplausos do ministro da Educação daquela época por sua atuação e foi intitulado por ele como o “Prefeito da Educação”.

Clodoaldo Medina

Natural de Recreio, Minas Gerais, Clodoaldo Medina mudou-se com a família para Araraquara no ano de 1938. Na década de 1950, período em que se dedicou a administração da empresa da família, a Eletro Tamoio, Medina ganhou destaque no cenário comercial.

O empresário foi eleito vice-presidente da Ferroviária e ajudou a fundar o Lions Club. Foi presidente da Associação Comercial e Industrial de Araraquara (ACIA), e mais tarde um dos fundadores do Sindicato do Comércio Varejista de Araraquara (Sincomércio), onde também ocupou a presidência.

Iniciou na vida pública depois de se eleger prefeito nas eleições de 1972, derrotando nada menos que Romulo Lupo, que já havia ocupado o cargo por duas vezes. Medina foi prefeito de Araraquara para o 7º (1973-1976) e para o 9º mandato (1983-1988).

Admirado por sua visão e capacidade empreendedora, Medina criou o modelo de educação infantil adotado até hoje no município, e que se tornou referência para todo o país, com a introdução dos Centros de Educação e Recreação (CER).

Foi ainda responsável por várias obras, entre elas, a expansão do Departamento Autônomo de Água e Esgoto (Daae), a construção Biblioteca Municipal Mário de Andrade, do Teatro Municipal, da Avenida Francisco Vaz Filho, da Alameda Paulista e também da ampliação da canalização do Rio do Ouro, que permitiu a construção da Via Expressa.

Arrojado, Medina trouxe a IESA para Araraquara, dentre outras empresas. Em junho de 1988, antes do final de seu segundo mandato, deixou a Prefeitura a convite do governador Orestes Quércia e assumiu o cargo de presidente da Companhia Energética de São Paulo (Cesp).

Waldemar De Santi

Filho de imigrante italiano, Waldemar De Santi foi entregador de leite em Araraquara. Trabalhou como empacotador de meias na Fábrica Lupo e vendedor de tecidos, mas nunca deixou de estudar. Formou-se contador, profissão que exerceu até montar uma indústria de refrigeração, na Rua 9 de Julho.

De Santi foi presidente do Clube 27 de Outubro, tesoureiro da Casa Betânia, presidente do Aeroclube, diretor da Associação dos Empregados do Comércio de Araraquara, e entre outras atuações na sociedade e conselheiro do Hospital Beneficência Portuguesa.

Foi vereador por cinco mandatos consecutivos e prefeito em três mandatos. Foram 21 anos como vereador e outros 14 como Prefeito. Waldemar De Santi foi o primeiro político de Araraquara, ao menos na era moderna do voto popular iniciada em 1948, a sair da Câmara e ir direto para a Prefeitura na Legislatura seguinte. Até hoje, somente ele e Edinho Silva têm esta trajetória.

Entrou para a política no ano de 1956, quando foi eleito vereador pela primeira vez, permanecendo na Câmara até 1976, quando concorreu, e venceu as eleições para prefeito municipal.

De Santi comandou os destinos da cidade nas 8ª, 10ª e 12ª Legislatura, exercendo o cargo de Prefeito entre os anos de 1977 e 1983 (6 anos de mandato), 1989 a 1993 e 1997 a 2000. Foi o último Prefeito da cidade a cumprir mandato antes do início da vigência da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Bastante popular, De Santi fazia questão de andar a pé pela cidade, e de atender a população no saguão do Paço Municipal. Sua gestão foi baseada nas leis fundamentais e estruturais.

Durante seus mandatos, criou a Fundesport, o Comtur e a Fundart, construiu o Terminal Rodoviário na via Expressa, construiu boa parte da própria Via Expressa, viabilizou conjuntos habitacionais que deram início aos bairros do Jardim Martinez, Iolanda Ópice, e Selmi Dei, dentre muitos outros.

Criou a Umed – Centro de Especialidades e Exames, construiu o Pronto Socorro da Rua 4 (hoje NGA-3), modelo na época, e foi responsável pela implantação de um sistema de saúde municipal considerado modelo para todo o país.

Roberto Massafera

Nascido em Araraquara em 28 de agosto de 1944, o engenheiro Roberto Massafera foi eleito prefeito da cidade em 1992, chegando ao cargo de deputado estadual em duas legislaturas, 2007 a 2010 e 2011 a 2014.

Assumindo os destinos do município no ano de 1993, Massafera implantou um grande programa fomento na economia, atraindo novas empresas, com a Sachs e a Kaiser, além de um plano de modernização do centro velho da cidade.

Foi ele o responsável pela desapropriação de boa parte dos antigos prédios e casas do entorno da antiga rodoviária da Avenida Portugal (na época transformada em uma grande galeria), construindo o Terminal de Integração (fundamental até os dias de hoje para o transporte público da cidade), e dando uma nova cara a toda a região.

Atuando com visão administrativa, Massafera modernizou o setor burocrático da Prefeitura, promulgou da Lei Orgânica do Município, e estruturou o Executivo com secretarias profissionais e voltadas a setores específicos da administração pública.

Como resultado, Araraquara recebeu diversificados investimentos, atraindo supermercados e empresas de diversas áreas, gerando empregos e iniciando um processo de diversificação da economia local.  

Massafera criou ainda distritos industriais, instalou um complexo esportivo com a criação de escolinhas de esportes, criou Caics e firmou convênio com o Fiesp/Ciesp, visando a cooperação mútua para implantar e administrar um Núcleo de Desenvolvimento Empresarial – Projeto Incubadora.

Mais tarde, já como deputado, Massafera viabilizou a duplicação da Rodovia Manoel de Abreu, que liga Araraquara a Américo Brasiliense.

Edinho Silva

Nascido em 20 de junho de 1965 no município de Pontes Gestal, pequena cidade da região de São José do Rio Preto, o atual prefeito de Araraquara, Edinho Silva, mudou-se para esta cidade com a família aos 4 anos de idade.

Foi office-boy, trabalhou no Escritório Paulista e na Distribuidora Andrade de Publicações. Foi operário na Fábrica Meias Lupo e, em São Carlos, trabalhou como metalúrgico na extinta Clímax, hoje Electrolux. Na década de 80 tornou-se atleta das categorias de base da Ferroviária.

Interessou-se pela política ao engajar-se nas pastorais da Igreja Católica, seguindo os passos da Teologia da Libertação. Ingressou no PT em 1985, apenas 5 anos após a fundação do partido, e elegeu-se presidente do Diretório Municipal em 1989. Em 1990 integrou a assessoria da bancada de deputados estaduais do PT, durante os trabalhos da Constituinte Estadual.

Eleito vereador em 1992, conseguiu a reeleição para o segundo mandato, em 1996, com expressiva votação. Em 2000 foi escolhido pelo partido para a disputa da prefeitura, e surpreendeu a todos.

Como não houve acordo entre as lideranças locais, todos os principais nomes da política de Araraquara foram para a disputa (Marcelo Barbieri, Roberto Massafera e Coca Ferraz), causando um “racha” sem precedentes no eleitorado e, na divisão, Edinho acabou eleito prefeito de Araraquara com a menor porcentagem da história.

O petista, porém, conseguiu a reeleição quatro anos depois. Agora, em uma disputa apertada contra o, então, deputado federal, Marcelo Barbieri – desta feita não houve racha, mas o bom trabalho de Edinho no primeiro mandato foi o suficiente para garantir a vitória.

Em 2007, o atual prefeito de Araraquara foi eleito Presidente do diretório estadual do PT, tendo sido reeleito para o mandato 2009-2013 com mais de 90% dos votos dos filiados.

Como prefeito (2001-2008), fundamentou seu governo em 3 marcas: participação popular, inclusão social e moderna da cidade. Alterou de forma radical a relação prefeitura/comunidade, democratizando as decisões e instituindo mais de 80 projetos de inclusão social, articulando as áreas de saúde, educação, cultura, esporte, meio ambiente e desenvolvimento econômico.

Muito próximo do ex-presidente Lula, Edinho conseguiu milhões de reais em recursos, construiu a Arena da Fonte (primeira Arena padrão Fifa do Brasil – as obras se encerraram durante a administração de Marcelo Barbieri), conseguiu com o então presidente Lula as obras do novo Contorno Ferroviário, viabilizando o sonho de décadas da retirada dos trens da região central da cidade, municipalizou o Estádio e o complexo de piscinas da AFE, modernizou a praça Scalamandré Sobrinho, construiu o novo Estádio Municipal, o complexo esportivo do Pinheirinho, além de investir na recuperação de prédios públicos, como a sede da Câmara Municipal e do Teatro Municipal (ainda em obras), dentre outros.

Em 2010, se elegeu Deputado Estadual com votos em mais de 500 municípios paulistas. Edinho Integrou as Comissões de Saúde, de Esportes, de Segurança Pública e Direitos Humanos, presidiu as Frentes Parlamentares pela Elaboração Democrática do Plano Estadual de Educação e pela Citricultura.

Foi eleito novamente para a Prefeitura de Araraquara em 2016. Assumiu em 2017 uma cidade que enfrentava inúmeros desafios financeiros e de gestão. Aos poucos, reestruturou os serviços públicos, retomou os programas de participação popular (como Orçamento Participativo e Prefeitura nos Bairros) e os programas sociais (Bolsa Cidadania, Jovem Cidadão, Frentes da Cidadania, Coopera Araraquara, entre outros), fortaleceu os conselhos municipais e investiu mais de R$ 100 milhões em obras.

Em 2020, ao ser reeleito novamente à Prefeitura, Edinho atingiu uma marca inédita na democracia de Araraquara: nunca um prefeito havia sido eleito pela população para quatro mandatos. Logo depois, Edinho enfrentou um dos maiores desafios de sua vida como administrador público: a pandemia da Covid19.

Em maio último, Edinho assumiu a coordenação da comunicação da campanha de Lula à Presidência da República. Desde então divide seu tempo entre as estratégias de campanha do ex-presidente, com as atribuições de prefeito de Araraquara.

Marcelo Barbieri

Filho de Araraquara, onde nasceu em 21 de novembro de 1956, Marcelo Barbieri começou a se envolver com política no ano de 1975, quando iniciou sua militância no movimento estudantil, filiando-se em seguida ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime militar.

Atuando na reorganização do movimento estudantil no país – as entidades estudantis entraram na clandestinidade logo após a edição do AI-5, em 1968 – Marcelo participou das ações que culminaram na refundação da União Nacional dos Estudantes (UNE), maior entidade estudantil do país.

No ano de 1979, durante o congresso de reorganização da UNE realizado em Salvador, na Bahia, Marcelo foi eleito vice-presidente da entidade.

Formado em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o araraquarense desempenhou atividades junto ao governo Montoro nos anos 80, lançando-se candidato a deputado estadual também no período.

Já ligado politicamente ao ex-senador, e na época vice-governador do estado, Orestes Quércia, Marcelo ingressou de vez na vida pública em 1990, quando, por indicação dele, e contando com grande apoio da classe política local, se elegeu deputado federal pela primeira vez. O araraquarense se reelegeria mais duas vezes, permanecendo em Brasília até o começo do ano de 2003. Foi uma época de muitas conquistas políticas para a cidade.

Mas o sonho de Marcelo era ser prefeito de Araraquara, e ele não se furtou de buscá-lo, disputando por 3 vezes o 6º andar do Paço municipal, sem sucesso (1.996, 2.000 e 2004).

Em 2008. Porém, a sorte virou e Marcelo conquistou seu objetivo, elegendo-se prefeito para o mandato de 2008 a 2012. Buscou, e conquistou a reeleição em 2012, permanecendo no posto até o final de 2016, tornando-se assim, o quinto prefeito da história a eleger-se para dois mandatos na cidade. Antes dele a primazia tinha sido conquistada por Romulo Lupo, Clodoaldo Medina, Waldemar De Santi (este já tinha alcançado três mandatos), e Edinho.

Em seus mandatos, dentre outras realizações, Marcelo construiu 10 mil casas populares, naquele que foi reconhecido como o maior programa habitacional já desenvolvido na história de Araraquara.

Também em sua gestão, foi reaberta a Maternidade Gota de Leite, foram construídas 3 UPAs, 12 novos postos de saúde, 7 novas creches – inclusive na área rural -, 15 unidades de assistência social, 10 mil casas populares e 2 restaurantes populares. Marcelo Barbieri realizou 330 obras em oito anos de governo e não deixou nenhuma obra inacabada para seu sucessor.

Na área da educação, as administrações de Marcelo Barbieri abriram 2 mil novas vagas para crianças de 0 a 5 anos de idade, implantaram o sistema SESI de ensino. Na área da saúde implantou o sistema de UPAs, descentralizando o atendimento emergencial. Já na assistência social, seu governo implantou o Centro Pop e investiu em inúmeros programas de humanização no atendimento aos necessitados.

Também em seu mandato, houve a privatização da Companhia Troleibus de Araraquara que era referência em transporte público no interior.

Em outra frente, Marcelo Barbieri, enquanto prefeito de Araraquara, questionou judicialmente o pagamento de algumas contribuições previdenciárias e o município pôde reaver milhões de reais que antes eram pagos injustamente para a União.

Em 2010, durante sua gestão, a Prefeitura de Araraquara identificou que o município poderia reivindicar uma parte da verba que estava sendo recolhida à Receita Federal. Havia um questionamento jurídico sobre a obrigatoriedade de pagamento da parte patronal das contribuições previdenciárias sobre verbas ou vencimentos de natureza indenizatória, como um terço de férias e horas extras.

A prefeitura contratou, então, uma assessoria jurídica especializada para fazer a compensação de créditos com a receita federal, mantendo no orçamento do município uma verba antes repassada ao fisco federal.

O ministério público propôs uma ação contra a Prefeitura de Araraquara e contra Marcelo Barbieri, que tramitou por anos na justiça até o Supremo Tribuna Federal (STF) reconhecer que foram corretas as compensações. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), instância máxima da Receita Federal, julgou improcedente a multa que a própria Receita Federal de Araraquara havia imposto à Prefeitura.

Redação

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