Por Roberto Schiavon
Os 205 anos de Araraquara são celebrados em torno de uma
cidade feita de pessoas que carregam traços de diversas outras que
ajudaram a construir a cidade. Filhos de personalidades de
diferentes áreas – que fizeram nossa história e deixaram sua
influência sobre as novas gerações – seguem hoje suas trajetórias
e vão deixando sua própria marca.
Aproveitando que o mês de aniversário da Morada do Sol também
é o mês dos pais, alguns filhos de pessoas que marcaram época
em Araraquara falaram sobre o que consideram a principal
colaboração de seus pais para a cidade e qual a principal
influência deles nas suas vidas atualmente.
Teresa Tellaroli, filha do historiador Rodolpho Tellaroli
Meu pai foi um homem muito à frente do seu tempo. Como
professor, marcou toda uma geração de alunos que passaram por
suas mãos. Além de um imenso talento para a troca de
conhecimentos, utilizava-se de técnicas desenvolvidas quase que
intuitivamente para capturar a atenção dos alunos.
Como pesquisador de história e apaixonado por Araraquara, foi
um dos responsáveis pelo resgate da história da cidade, pela
preservação de acervos importantes e por uma militância tenaz e
solitária pela conservação e salvaguarda do nosso patrimônio
arquitetônico e ambiental. Penso que a grande colaboração de
meu pai para Araraquara está na convergência destas duas frentes
de atuação.
Meu pai era um homem apaixonado, talvez esta seja a síntese da
sua personalidade. À luz do tempo e da saudade, sinto que o
legado que me deixou está justamente neste espaço entre a paixão
e a justiça.
A paixão por uma Araraquara e seus desvãos de belezas
escondidas, dos personagens anônimos, dos casos recontados, das
memórias quase perdidas.
A justiça da luta cotidiana, da militância pela preservação do
patrimônio, a perseverança em prosseguir mesmo quando a maré
é contrária. E, é claro, o amor pelo Corinthians – no caso dele
quase uma doença, no meu uma paixão.
Alessandro Jóe, filho do ex-vereador Valderico Jóe
A principal colaboração foi seu trabalho na assistência social.
Estava sempre às ordens para ajudar. Primeiramente por 35 anos
no serviço de atendimento na saúde pública e depois mais 12 anos
na vereança, sempre voltado a projetos sociais.
Ele me influencia na preocupação com as aflições alheias e na
tentativa de sempre ajudar sem esperar nada em troca. Deixou um
legado de amor ao próximo e à família.
Fernando Jóe, filho do ex-vereador Valderico Jóe
O meu pai trabalhou em jornada dupla por 35 anos. Funcionário
público concursado do INPS (atual INSS) durante o dia e à noite
exercia o cargo de secretário da Escola Logatti.
Após aposentar-se, foi eleito vereador por três mandatos
consecutivos (1997 a 2008), sendo presidente da Câmara nos
biênios 1997/1998 e 2001/2002.
Implantou medidas que revolucionaram e democratizaram a
Câmara: determinou o fim das contratações de funcionários
públicos por indicação política, fez uma reforma administrativa
que permitiu o primeiro concurso público da história,
informatizou a Câmara e deu transparência a todas as atividades
internas via internet, as sessões passaram a ser transmitidas por
canal de TV, e cortou gastos supérfluos que possibilitaram a
devolução de dinheiro para a prefeitura, algo inédito na
administração pública da cidade.
Sobre sua influência, era exemplo de honestidade e dedicação ao
trabalho. E, claro, o amor pela Ferroviária.
Emerson Bellini, filho do jornalista e radialista Vagner Bellini
Meu pai dedicou boa parte da sua vida para acompanhar e cobrir a
Associação Ferroviária de Esportes (AFE) e o esporte amador de
Araraquara. Não consigo ter uma memória do meu pai sem
associar a sua imagem com um campo de futebol.
Até hoje, após 13 anos de sua morte, algumas pessoas conversam
comigo para agradecer por alguma coisa que o meu pai fez por
elas. Seja uma matéria no jornal, ou rádio, ou até mesmo
emprestar dinheiro pra pagar uma viagem para disputar algum
campeonato.
Ele viveu pelo esporte de Araraquara.
Meu pai sempre foi uma pessoa muito honesta e correta, quando o
assunto era trabalho.
Para quem viveu, ou vive a experiência de fazer jornalismo
esportivo, sabe o quanto é difícil lidar com algumas situações e
com o ego de atletas, treinadores e diretores de equipes de futebol.
Há uma frase que ele sempre me dizia, quando eu voltava
desiludido; de algumas pautas, e que eu vou levar pro resto da
minha vida: As pessoas não precisam ter medo de você, elas só
precisam te respeitar…
E é isso que ele conquistou nos 46 anos de carreira dele: respeito.
Fernando Gonçalves, filho do ex-vereador, vice-prefeito e
presidente da Ferroviária José Alberto Gonçalves, o Gaeta
Muito difícil falar da principal colaboração do meu pai para
Araraquara. Teve importante papel na diretoria e presidência da
Beneficência Portuguesa, fez também uma ótima gestão na
Ferroviária, foi vereador e vice-prefeito, construiu uma brilhante
carreira política, e quero destacar obras e recursos vindos para a
cidade devido a seus pedidos ao Governador Mário Covas. Então,
eu diria que a principal colaboração do meu pai foi “cuidar da
cidade”, acho que fica melhor assim.
Sou parecido com meu pai em muitos aspectos, mas acho que o
principal legado foi o respeito e o cuidado com as pessoas.
Rita Motta, filha do ex-treinador da Ferroviária Vail Motta
Meu pai levou o nome de Araraquara para o Brasil todos e até ao
exterior.
Como técnico de futebol profissional, além de ser admirado por
Araraquara, pois foi o profissional que mais treinou o time da
Ferroviária em toda a sua história.
Ele levou o nome da cidade para várias cidades do Brasil,
comandando grandes times de futebol, como São Paulo, Atlético
e Vila Nova de Goiás, Clube do Remo em Belém do Pará,
Alagoinhas na Bahia, Joinvile em Santa Catarina, além do Club
Deportivo Chivas Guadalajara, no México e vários outros times
no interior de São Paulo: América de Rio Preto, MAC de Marília,
XV de Jaú, entre outros.
Em primeiro lugar, guardo como influência o caráter e a
honestidade. Foi também com ele que conheci os bastidores da
área de comunicação, TV, rádio, jornal e revista que permearam
toda a sua carreira e foi assim que me apaixonei pelo jornalismo e
há 33 anos atuo nesta área, com muito orgulho e dedicação.
Hoje ele não está mais entre nós, morreu em 2009, mas sua
história é perpetuada em todos os cantos, principalmente na
internet.