Adriel Manente
Desde 2016, Araraquara não tem mais desfiles de rua das escolas de samba da cidade no Carnaval. E pelo visto, continuará não tendo. Devido a um imbróglio de prestação de contas, há três anos, ainda na gestão do ex-prefeito Marcelo Barbieri (MDB), a cidade não tem mais investido e patrocinado a tradicional festa anual. Há três anos sem os tradicionais blocos de rua, opiniões dos araraquarenses se dividem. Muitos lamentam, mas outros comemoram.
“Eu realmente acho que o dinheiro a ser investido nessa festa, que é só para alguns, poderia ser melhor investido. Araraquara tem tantas outras prioridades, não tem que dar dinheiro para isso aí não”, comenta a aposentada Vera Lúcia Santos Cruz, que como ela mesmo diz, fica com o “coração na mão” quando vê os netos irem para a folia. “Não é como antes que tinha aquelas matinês em que o pessoal realmente se divertia. Hoje não faz mais sentido”, explica o ponto de vista.
Por outro lado, há pessoas que não viam mal nenhum nos desfiles e o que criticam é o formato em que é feito nos últimos anos. “Eu achava ótimo quando tinha os desfiles, a bateria, as fantasias, os carros alegóricos. Era meio mágico. Agora, o carnaval é um trio elétrico tocando funk com muita droga e álcool, fora a sujeira depois”, comenta a estudante Isabella Coelho Nunes, de 24 anos. “Antigamente era bem melhor”, completa a jovem.
Posição das escolas de samba
Para Adriano Crespo, Presidente da escola “Mancha Araraquara”, multicampeã do carnaval da cidade, até o momento, apesar das insistentes tentativas de acordo, a prefeitura não se manifestou a respeito de desfile de rua. Como aconteceu nos últimos anos, ele acredita em um desfecho “caseiro” por parte da entidade. “Provavelmente vão por um trio elétrico tocando por algumas horas ali na Bento de Abreu e deve ficar só nisso mesmo”, lamenta.
Segundo o presidente da escola, a única coisa que a prefeitura deve realizar é o concurso que vai escolher o “Rei Momo” e da “Rainha de Bateria”. O evento será realizado em fevereiro, deixando março, que é o mês em que cai o Carnaval este ano, somente a cargo do trio elétrico.
De acordo com Adriano, a solução têm sido ensaiar bastante e vender os shows para outras cidades, tudo para não ficar parado. “Nós temos diversos contatos, mas ainda nada finalizado. É o jeito para nos mantermos em atividade”, conclui Crespo.
O que diz a Prefeitura
Em nota, a prefeitura de Araraquara, através da sua Secretaria Municipal de Cultura que é a responsável pela festa popular, divulgou um rápido comunicado. Confira:
“A Secretaria Municipal de Cultura informa que, como nos dois últimos anos, e seguindo inclusive um movimento crescente em todo o estado de São Paulo e país, está construindo uma programação de apoio aos tradicionais blocos de carnaval de rua já organizados na cidade, com vistas a oferecer lazer gratuito a toda a população, especialmente àquela que não pode custear ingressos em clubes, contemplando todas as idades. As atividades da Prefeitura Municipal devem ocorrer junto ao calendário nacional do Carnaval, que vai do dia 2 a 5 de março. A programação está sendo preparada e será divulgada em breve”, finaliza o texto.