“Palestina: o primeiro genocídio televisionado” foi o tema da Audiência Pública realizada na Câmara na noite da quinta-feira (7), com a participação do professor da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp (FCLAr) Milton Lahuerta e do presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), Ualid Rabah.
O evento, que lotou o Plenário da Casa de Leis e foi conduzido pela vereadora Filipa Brunelli (PT), contou com a presença da vereadora Fabi Virgílio (PT) e do vereador Guilherme Bianco (PCdoB), além de representantes de partidos políticos, estudantes, militantes e representantes da comunidade Palestina.
O encontro se tornou uma grande aula aberta, na qual foi debatido o atual conflito na Palestina – que começou em outubro de 2023 e já havia matado mais de 30 mil pessoas até a primeira semana de março –, com a apresentação de dados que tinha por objetivo provocar o pensamento crítico do público que acompanhou as exposições presencialmente ou de maneira remota pelas redes sociais da Câmara.
Durante a abertura, Filipa destacou a importância de se organizar esse tipo de conversa para que a sociedade saiba o que de fato está acontecendo entre israelenses e palestinos e faça reflexões que permitam ir além do que tem sido dito pelo senso comum.
Rabah iniciou sua fala relembrando episódios históricos recentes, incluindo a Segunda Guerra Mundial, Guerra do Vietnã e da Ucrânia, destacando que os números de mortes na Palestina podem ser um forte indicador de genocídio na região, considerando a duração total das guerras e as proporções territoriais alcançadas em cada uma delas.
Ele prosseguiu informando que mulheres e crianças têm sido as maiores vítimas em Gaza, representando 70% dos óbitos totais, levando-o a interpretar os dados como uma limpeza ética “programada”, colocando também as gerações posteriores em risco, pois os sobreviventes continuarão sendo atingidos por outras formas de violência e desaparecerão aos poucos devido a fome, doenças e falta de infraestrutura básica.
Para Lahuerta, a situação em curso é muito mais do que uma tragédia histórica. “Essa questão vai além de Gaza, pois ela sinaliza o que serão os próximos anos e as próximas décadas no âmbito mundial. Estamos diante de algo que Gaza nos mostra o tamanho do que virá, pois isso não é algo específico de Israel, mas que vai muito além”, explicou.
O professor ainda alertou para o fortalecimento da chamada “teologia do domínio” em vários pontos ao redor do mundo, onde a religião estaria sendo usada para justificar atos bárbaros, o que poderia, futuramente, promover novas guerras contra quaisquer tipos de vivências democráticas.
Ao final das apresentações, foi aberto espaço para colocações e perguntas do público, que ouviu atentamente as considerações finais dos debatedores e dos vereadores que participaram da audiência. O evento foi transmitido ao vivo pela TV Câmara e pode ser assistido a qualquer momento na íntegra pelos links do YouTube ou Facebook.