Por Alessiol Canonice –alessio.canonice@bol.com.br
Como se não bastassem a desigualdade social, além de outros aspectos que abrangem a classe de baixa renda, não poderíamos deixar de fazer alusão à situação do auxílio-moradia que, infelizmente, pelo que pudemos apurar, vem sendo um dos privilégios de muitos, entre eles, ministros, chefes de Estado, além de outras autoridades que compõem o Poder Judiciário.
Auxílio-moradia, em nossa ótica de analisá-lo, deve ser estendido para aqueles que recebem 40, 50 ou 60 mil reais por mês ou para quem ganha um salário mínimo? Uma pergunta que vem chamando a atenção de todos que estão atentos à mídia, porque favorece pequenos grupos e este fato real não irá mudar nunca, nem a curto e nem mesmo a longo prazo. Verdade é uma só: os que ganham pouco têm muito mais necessidade de terem seu teto, para que possam ter uma vida digna em relação àqueles que ganham mais que o suficiente para ter um padrão de vida privilegiado, acabam por conquistar esta vantagem e que não traduz uma justiça plausível, porque são agraciados em vários aspectos, inclusive este que estamos relatando neste comentário: auxlílio-moradia. A tese que os juízes, desembargadores, ministros, Supremo Tribunal Federal e Ministério Público vêm defendendo, que é o auxílio-moradia, mesmo os que têm casa própria, dá uma impressão negativa, ainda mais neste momento em que a moralização da classe política está sendo colocada em pauta como necessidade premente para diminuir a desigualdade social e a injustiça que ainda germeiam as relações em nossa sociedade. Se é para juízes receberem auxílio-moradia, porque não estender para quem recebe menos de mil reais por mês, já que residem em casas paupérrimas, em condições precárias, muitas vezes em área de risco e de conflito grave, inclusive, comprometendo a própria saúde desses moradores? É extremamente revoltante e cansativo acompanhar os noticiários de declaração daqueles nos quais a sociedade vem depositando confiança máxima para combate à corrupção e práticas puco recomendadas. Uma delas, por exemplo, se estende a defender o auxílio-moradia. Se no Brasil não houvesse tanta distância entre os que ganham pouco e os que ganham muito, provavelmente este fato não implicaria nas mais variadas discussões, porém, na realidade, repercute de forma reprovável e que não vem ao encontro do desejo da maioria absoluta da população brasileira. Seria de bom alvitre se o governo partisse de agora em diante a olhar com mais disposição e boa vontade, no sentido de fazer alguma coisa útil aos menos favorecidos pela sorte, visando, com este objetivo, planos, através de uma política saudável e que possa colocar em prática projeto de lei que venha a minimizar a situação de quem não tem casa própria. O auxílio-moradia não deixa de ser uma das boas opções. Entretanto, aí vem a falta de credibilidade em prol dos políticos e daqueles que ocupam cadeiras nas duas casas de lei: Câmara Federal e Senado da República. Os ministros do Supremo Tribunal Federal, juízes e desembargadores de todas as instâncias, acreditamos que devam analisar bem o beneplácito desse privilégio e, se possível, abrir mão desse auxílio, independente da lei que lhes outorga o direito ao auxílio-moradia como um gesto de solidariedade àqueles que não o têm. Quando parece que estamos avançando, deparamo-nos com situações inadequadas e que não contribuem de uma forma exemplar para o bem da própria Nação.