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Bom dia, Brasil!

Em época de eleições, refletir sobre filmes que tratam de comunicação é essencial. Fazer diferente, nesse contexto, é cada vez mais uma obrigação numa sociedade regida pela mesmice. A frase soa como um lugar comum e, de certa maneira, é, pois todos sabem disso, mas poucos tentam praticar essa máxima e menos ainda aceitam aqueles que tomam essa atitude como um parâmetro existencial.

Dirigido por Barry Levinson, o filme ‘Bom dia, Vietnã!’, embora já tenha três décadas de existência, permanece assustadoramente atual ao mostrar a jornada de um radialista norte-americano, vivido pelo ator Robin Williams, enviado ao Vietnã, em meio ao conflito local, para alegrar as tropas. No entanto, poucos militares sabem lidar com a forma irreverente de ele ver o conflito.

As fronteiras entre o ser divertido e popular entre os soldados e o desagradar os superiores na hierarquia torna-se tênue. É instaurada então uma situação peculiar. De um lado, há os que querem afastar o comunicador pela sua postura pouco convencional no jeito de falar e pelas opiniões que expressa. De outro, os soldados começam a idolatrar o radialista justamente por tratar de maneira diferente a mesmice cotidiana de uma realidade em que a morte é onipresente.

Em meio a isso tudo, o personagem passa a viver conflitos interiores, pois uma garota local começa a lhe mostrar o outro lado do conflito, não tanto o dos inimigos soldados asiáticos, mas das famílias locais e das suas perdas cotidianas.

Dessa maneira, o grito de ‘Bom dia, Vietnã!’ do protagonista realizado inicialmente como uma exaltação à vida passa a ser progressivamente um apelo desesperado num infinito de perguntas sem respostas, envolvendo desde questões humanitárias ao questionamento da hierarquia dentro do universo militar. Bom de ver e rever!

Oscar D’Ambrosio, mestre em Artes Visuais, é doutor em Educação, Arte e História da Cultura.

Redação

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