Em primeiro lugar preciso explicar o dizer do frontispício.
– Já sei. Buraco Negro é onde o Brasil se encontra e frontispício é a frente do hospício.
– Não, minha senhora. O título acima se refere ao fenômeno estelar antigo no tempo e novo para o pouco conhecimento humano. O termo foi sugerido pelo físico americano John Wheeler em 1969. O nome foi inferido e aceito pela comunidade acadêmica.
– E, afinal, que buraco negro é esse?
Na realidade eu não queria escrever sobre “buraco negro”. Eu queria falar sobre um seu grande estudioso, o astrônomo inglês Stephen Hawking e suas previsões. Mas como o buraco negro e o Hawking se interligaram, tornou-se difícil separá-los.Por isso, ao invés, de falar do autor, começo falando do seu “buraco”.
Segundo Hawking um “buraco negro” só surge em estrelas que tenham o triplo do tamanho do nosso sol. Essas estrelas possuem combustível nuclear e há milênios explodem suas bombas em sequências, por segundo. Um verdadeiro festival de explosões!
Acontece que quando acaba seu arsenal nuclear essas estrelas se “colapsam”, isto é, implodem, atirando suas camadas mais externas para o espaço, no dizer do próprio Hawking, com várias consequências astronômicas. Essas estrelas após se colapsarem ficariam, praticamente, com 10% do seu tamanho original e passam a ser chamadas de “anãs brancas” e por não mais emitirem luz, tornam-se “buraco negro”.
Essas estrelas anãs, teriam uma massa comprimida num pequeno espaço, mas com a mesma densidade original, o que a torna especial. Uma anã branca é tão densa que cada centímetro cúbico contém 1 milhão de gramas de matéria, ou seja, uma tonelada! Por causa dessa enorme densidade teria uma força gravitacional tão forte que entortariaaté a luz. Com essa gravidade “engolem” tudo de dela se aproxima. Sua fome é insaciável.
Por não terem luz e por causa da sua força gravitacional, o seu estudo se tornou, até agora, muito difícil. Tudo isso pode ser conjecturas, mas não na cabeça de gênios, como foi Hawking. Este sofria de Esclerose Lateral Amiotrófica, conhecida por ELA, uma moléstia degenerativa que vai atrofiando o soma do doente incapacitando-o para a vida material, mas não para a vida mental.
Stephen Hawking, inglês, nasceu no dia 8 de janeiro de 1942, faleceu em 14 de março de 2018, vivendo, portanto 76 anos. Tornou-se Doutor em Cambridge com 24 anos com a tese “As propriedades de um universo em expansão”.
Foi considerado, com este feito, um prematuro. Um novo Einstein. Foi, sobretudo, um exemplo de extrapolação humana. Autor de uma frase que o consagrou: “se você é fisicamente deficiente, não pode se dar ao luxo de ser psicologicamente deficiente”. Ganhou os maiores prêmios que um físico poderia almejar. Só não ganhou o Nobel por uma questão, no mínimo, fútil, curiosa e banal. Alfred Nobel, responsável pelas premiações anuais, que levam seu nome, decretou que os astrônomos deveriam ser inelegíveis ao seu prêmio. De fora ficaram os astrônomos por um capricho, uma excentricidade do Nobel, que muito o diminuiu no conceito científico mundial. Tudo isso se deveu ao fato da esposa de Nobel ter tido um caso com um astrônomo. E o que fez o marido traído como vingança?
Condenou a profissão do amante – como se esta fosse a culpada – pela traição da esposa. Passou a odiar a astronomia e seus praticantes.
Teria sua esposa se apaixonado astronomicamente, o que o irritou profundamente? Teria ela sido levada pelo espaço sideral conduzida pelo míssil do astrônomo? O fato é que o astrônomo sabia usar muito bem a sua luneta levando a amante a ver estrelas. Ou teria o astrônomo amante, encontrado o seu “buraco negro” antes do Hawking? Ou ela indicou-lhe o caminho da “via láctea? Como saber? Aliás, se o astrônomo soubesse, seria um astrólogo e não um astrônomo. Se soubesse que iria condenar sua profissão ao ostracismo da maior premiação científica, talvez tivesse desistido do seu voo extraconjugal. Ou teria ela “pisado nos astros distraída”, como poetou o Orestes Barbosa em seu “Chão de Estrelas”?