Por José Augusto Chrispim
Mesmo sem identificar ameaças à segurança do evento marcado para esta segunda-feira, 8 de janeiro, mais de 2 mil policiais militares do Distrito Federal devem fazer o patrulhamento ostensivo em Brasília na próxima segunda-feira (8). O número é quase quatro vezes superior ao do último dia 8 de janeiro, quando foram empregados 580 PMs na Esplanada, segundo relatório da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigou os atos golpistas daquele dia.
A estratégia para a segurança da Esplanada no próximo 8 de janeiro foi pactuada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e pelo Governo do Distrito Federal (GDF), que assinaram um protocolo de ações de segurança no Palácio do Buriti, sede do GDF, em Brasília.
Nessa quinta-feira (4), o ministro interino da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, afirmou que até aquele momento não havia nenhuma informação que gerasse preocupação maior. “Claro, isso é monitorado dia a dia e todas as providências estão sendo tomadas para que tenhamos um dia 8 de celebração democrática histórica no Brasil”, destacou.
Cappelli acrescentou que não há hipótese do 8 de janeiro de 2023 se repetir porque “a reação da sociedade e dos Poderes foi muito forte e essa reação estabeleceu um limite muito claro”.
O documento assinado pelos governos federal e do DF “define o planejamento e as prioridades de atuação de cada órgão, como efetivo policial e organização do trânsito, com foco no evento alusivo à data que ocorrerá no Senado”.
Além dos 2 mil agentes da Polícia Militar do DF que devem ser mobilizados, o plano de segurança prevê o emprego de 250 agentes da Força Nacional que ficarão de prontidão no Ministério da Justiça. A Esplanada ficará fechada no dia 8 na altura da Avenida José Sarney, que é a pista anterior à Alameda dos Estados, próxima ao Congresso Nacional.
A governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão, destacou que, mesmo sem ameaça detectada, haverá agentes suficientes para qualquer situação. “Será um dia de tranquilidade, um dia de monitoramento e de tranquilidade realmente aqui no Distrito Federal”, ponderou.
Manifestação e golpe
Toda essa segurança é para o ato marcado no Congresso Nacional, que marcará o primeiro ano do último 8 de janeiro, quando apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, inconformados com o resultado do processo eleitoral, promoveram tentativa frustrada de golpe de Estado.
Araraquara no centro das atenções
No dia 8 de janeiro de 2023, o recém empossado presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), estava em Araraquara para prestar apoio ao prefeito Edinho Silva e vistoriar de perto os estragos feitos pelas fortes chuvas que caíram na Morada do Sol em dias anteriores que culminaram com a queda de uma ponte localizada na Avenida Padre Francisco Salles Colturato (Av.36), que causou a morte de cinco pessoas da mesma família que estavam em um carro que caiu no córrego e foi levado pela correnteza.
Durante a visita, o presidente foi avisado dos eventos criminosos realizados pelos apoiadores do ex-presidente derrotado Jair Bolsonaro, que causaram grande prejuízo às sedes dos três poderes no Distrito Federal. A entrevista coletiva que seria realizada na prefeitura de Araraquara pelo presidente foi cancelada e um Gabinete de Crise foi montado no 6º andar do Paço Municipal, onde Lula assinou um decreto de intervenção federal da área da Segurança Pública de Brasília, em resposta à invasão e aos atos de vandalismo praticados no Palácio do Planalto, no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal. “Todas as pessoas que fizeram isso serão encontradas e punidas. Essa foi a maior afronta à democracia desde a redemocratização do Brasil, na década de 1980”, disse Lula em Araraquara.
Berço da democracia
O prefeito Edinho Silva (PT) falou à reportagem de O Imparcial sobre a importância de Araraquara nas decisões tomadas pelo presidente Lula para barrar a tentativa de golpe de Estado.
“No dia 8 de janeiro, Araraquara foi o berço da democracia e não esqueceremos disso jamais. A tentativa de golpe no dia 8 de janeiro foi derrotada a partir de Araraquara. Quis a história que, naquele dia, o Presidente Lula estivesse em Araraquara e que, a partir do gabinete do sexto andar da Prefeitura, liderasse o Estado Brasileiro, unindo os poderes e derrotando a tentativa de golpe.
Que 8 de janeiro marque a nossa alma e a alma das nossas futuras gerações. Que os historiadores possam registrar que a cidade dos Filhos do Sol, do Orçamento Participativo, da inclusão social, das políticas de economia criativa e solidária, enfim, que a cidade que se empenha no fortalecimento de políticas públicas de construção de igualdade e de oportunidades, marcou a história brasileira no dia 8 de janeiro. Foi daqui que o Presidente Lula, legitimamente eleito, derrotou a tentativa de golpe. Só valoriza a liberdade e a democracia, um povo que tem memória”, ressaltou o prefeito Edinho Silva.
Ato em Brasília
A cerimônia da próxima segunda-feira (8) foi uma proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e deve contar com a presença dos presidentes do Executivo, Legislativo e Judiciário, além de governadores, parlamentares, representantes da sociedade civil, ministros e representantes dos tribunais de Justiça e assembleias legislativas. Governadores apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, que hoje se encontra inelegível pelos próximos 8 anos, não devem participar do ato.
Ricardo Cappelli, afirmou que manifestações políticas não serão reprimidas, desde que não ameacem as instituições.
“Todo mundo manifesta sua preferência política e ideológica livremente e é ótimo que seja assim. Agora, não se confunde manifestação democrática com tentativa de golpe de Estado, não se confunde manifestação democrática com ataque aos Poderes”, afirmou.
O responsável pela segurança na Esplanada dos Ministérios na próxima segunda-feira (8) será o secretário de Segurança Pública do DF, Sandro Alencar. “(O 8 de janeiro de 2023) não vai se repetir. Não vai se repetir em razão desse trabalho que temos feito de inteligência”, afirmou.
Foto: José Augusto Chrispim-Arquivo