Está cada vez mais difícil conversar com gente que mais fala do que ouve. Em qualquer rodinha, é raro alguém conseguir ficar calado alguns instantes para ouvir com atenção aquele que pede a palavra para emitir uma simples opinião, sem lero-leros, sem frescuras.
Um mero argumento, sequer uma contestação, que tenha início, meio e fim. Não consegue. E o que é pior: todos falam ao mesmo tempo. Qualquer assunto. Futebol e política, então, é aquela loucura. Todos entendem de tudo, são especialistas em generalidades.
Depois do advento da internet, como disse o escritor Umberto Eco, qualquer idiota da aldeia tornou-se o portador da verdade e as redes sociais dão o direito à palavra a uma legião de imbecis que antes falavam apenas em um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade. E esses caras têm o mesmo direito à palavra de um Prêmio Nobel.
Isso ele disse, dirigindo-se aos italianos. Está certo que essa deve ser uma característica típica deles. Mas o brasileiro não é tão diferente. Talvez a única diferença é que os bate-papos são regados a cerveja, pinga ou caipirinha.
E quando a conversa esquenta mais, um deles, para reforçar seu argumento, interrompe sua fala, e, de imediato, saca seu celular, como se fosse um revólver e lê o que um político medíocre disse, um idiota da aldeia que está na capital federal. Aí o outro, rebate não com outra fala, mas com uma foto, como se a imagem valesse mais do que mil palavras.
O grande “culpado” disso tudo, apesar de os ignorantes meterem o pau nele, sem sequer saberem um pouco da história pátria, é o FHC. Itamar Franco, quando presidente da República o nomeou Ministro da Fazenda e há exatos 25 anos, com o Plano Real conseguiu estabilizar a hiperinflação da época.
Privatizou o que devia ser privatizado e aí, depois de algum tempo, os milhões de brasileiros conseguiram ter um telefone, hoje portátil e com acesso à rede mundial da web, a internet. A informação, antes restrita a privilegiados, ficou ao alcance de todos. Ainda bem. Mas esse brinquedinho, o celular, fez com que todos nós ficássemos sabidos e passássemos a ter conhecimento sobre tudo.
Daí o porquê todos falam e poucos escutam. E escrevem também. Quantas besteiras são escritas na chamada rede social, Facebook, Twitter, WhatsApp. Um deslumbramento!
Mas também FHC é “culpado” por ter proporcionado, com a estabilização da inflação, com a forte moeda Real, que todos nós nos tornássemos felizes em possuir um cachorrinho de estimação. Além do celular, todos temos agora um cãozinho amigo do homem (e da mulher) para nele descarregarmos nossos estresses.
A passear com ele nas ruas e nos parques, recolhendo conscientemente seus dejetos nos saquinhos plásticos. E com todos os direitos que a lei prevê ao nosso melhor amigo e também dos competentes veterinários e dos passeadores. O que era um privilégio das “elites”, exclusivo das madames, do “high society”, hoje todos têm um, ou mais que um.
Tudo “culpa” do FHC…