Luís Carlos Bedran*
O “Aviso aos navegantes”, da antiga A Voz do Brasil — emissora oficial do governo —, obrigava as rádios a retransmitirem esse aviso para alertar aos pescadores e marinheiros sobre o tempo. Aqui julgo-me na obrigação de avisá-los de que tudo o que tenho escrito não deve ser considerado como inédito ou original, porque depois que inventaram um aparelho que copiou tudo ou quase tudo o que foi registrado no mundo, toda e qualquer manifestação de pensamento lá está documentado, ao alcance de qualquer pessoa. O “professor ou doutor” Google, por exemplo, é considerado o
plagiador-mor mundial. Então pode-se afirmar com segurança, que “nada mais se cria, tudo se plagia ou se copia”. E quem tiver dúvidas — quem não as tem? —, vá lá pesquisar. Toda essa conversa é para dizer-lhes que o dia 20 de março é um dia especial, não apenas porque é o início do Outono em nosso hemisfério sul, mas também porque é considerado como o Dia Internacional da Felicidade criado numa assembleia da ONU em 2012 por iniciativa de um país da Ásia, o Butão, que se orgulhava de possuir a
população mais feliz do mundo. Talvez não mais agora depois do amplo conhecimento universal sobre tudo, de onde pode-se afirmar que, muito pelo contrário, cultura não traz felicidade a ninguém. Assisti recentemente um filme bem moderno sobre esse país que fica no Himalaia, lugar altíssimo e gelado. Se naquele lugar isolado, entre montanhas, aqueles habitantes se consideravam felizes, talvez hoje já não mais o sejam. Seria a
cidade mística de Shangri-La, nas montanhas do Tibete, do livro de James Hilton (Horizonte Perdido) que li há muitos anos e que se transformou num filme de Capra.
Como avaliar o conceito de felicidade se ela é momentânea? Impossível ser duradoura.
E ser feliz é um estado de espírito individual. Até pode ser coletivo, avaliado sob determinados critérios para ser bem definido. Na verdade, esse dia foi criado para que os países tentassem ser tão felizes quanto aquele, e tem de ser visto como incentivo aos Estados para que eles deem aos seus habitantes condições para viver dignamente, com saúde, segurança, educação, trabalho. Como um direito, o de “pursuit of happiness”, consagrado na Declaração de Direitos da Virginia de 1776 dos EUA. Leis que efetivamente sejam cumpridas, com a maior delas, a Constituição. Há inúmeras pesquisas sobre qualidade de vida, índices que a sociologia tenta descobrir como modificar ou aprimorar o status quo, mas sempre como um todo, porque, em caráter particular, o ser feliz tem mesmo é de ser definido filosoficamente. E é aí que as coisas se complicam. O caipira que fica na beira do rio, horas e horas para pescar um lambari,
uma piava ou uma piapara, se considera feliz, se tiver sorte. Se não, continua nem tão feliz quanto se conseguisse, mas ainda, mesmo assim, feliz. Mas essa já outra conversa.
Feliz Outono, feliz dia feliz, e felicidades para você, Sonia (daqui de casa) pelo seu aniversário.
*Sociólogo