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Dia dos Namorados

Luís Carlos Bedran*

Vem aí o Dia dos Namorados, 12 de junho, aquele em que se celebra o amor. E para homenageá-lo e confirmá-lo, a tradição manda que os enamorados troquem presentes entre si, o que, para os comerciantes, também não deixa de ser uma felicidade…
Esse dia foi inventado em 1949 por João Dória, pai do pré-candidato a
governador do nosso Estado. Ele foi advogado, formou-se em psicologia pela Sorbonne,
foi deputado federal pela Bahia e depois cassado pelo AI nº 5 em 1964. Mas foi como
publicitário é que teve essa ideia, originária dos EUA desde 1840, onde é comemorado
em 14 de fevereiro, em homenagem ao bispo São Valentim, considerado mártir pela Igreja Católica. Segundo consta, para alavancar as vendas da antiga Loja Clipper em
São Paulo, ele escolheu a data de 12 de junho, véspera de 13, dia de Santo Antonio, o
santo considerado casamenteiro em nosso país.
São Valentim contrariou as ordens do imperador Cláudio no século 3 e celebrava
casamentos. Preso, apaixonou-se pela filha do carcereiro que era cega e, segundo a
lenda, milagrosamente devolveu-lhe a visão. Antes da execução de sua condenação à
morte, escreveu-lhe uma mensagem assinando “seu namorado” e “de seu Valentim”.
Então nada mais justo do que ser lembrado como santo casamenteiro na Europa, noutros
vários países e nos EUA. Porém esse dia é mais antigo ainda. Marcava no hemisfério
norte o início da primavera, celebrando a fertilidade com Juno, deusa da mulher e do
casamento e Pan, deus da natureza.
Apesar de neste século o número de casamentos em nosso país estar em baixa e
o de divórcios em alta, segundo as mais recentes estatísticas, na verdade os
relacionamentos entre casais segue gerando filhos e perpetuando a nossa espécie. Como
diz a Bíblia em Jeremias 29:6, “casai-vos e gerais muitos filhos e filhas; escolheis
esposas para vossos filhos; multiplicai-vos ali e não venhais a diminuir o meu povo em
número de pessoas”. Em suma: “Crescei e multiplicai-vos”.
Mas atualmente tudo é mais complicado. Embora em sua origem a festa pagã e
depois cristã era feita para homenagear a fertilidade, ela ampliou-se para abranger
também a felicidade entre os casais, independentemente das suas opções sexuais ou até
mesmo da impossibilidade de gerar filhos pelos heterossexuais. Porque o amor e a
felicidade não podem ser discriminados. Sinal claro e irreversível da evolução da
humanidade.
O amor pode ser incluído na felicidade, mas este conceito é muito mais amplo.
Na Constituição norte-americana de 1776 ela foi considerada um direito, ou melhor, um
direito à busca da felicidade, “right to pursuit of happiness”, o que todas as pessoas
devem ou deveriam ter. Por isso o Dia dos Namorados tem de ser maior do que se
celebrar apenas a fertilidade.

No entanto ainda continua a prevalecer a sobrevivência da nossa espécie. E no
mundo moderno o número de filhos dos casais diminuiu drasticamente, tudo devido às
inúmeras dificuldades que eles enfrentam. A mulher não é mais “a do lar”; trabalha fora,
tal como o marido; os pais procuram dar a melhor instrução aos filhos, indo até a
universidade; estes precisam, ainda como crianças, ser protegidos até atingir a idade
adulta; têm de ser sustentados e isso tudo é muito difícil.
Nos países considerados de Primeiro Mundo diminuiu o número de filhos,
obrigando-os a dar-lhes condições mínimas para sua sobrevivência, ocasionando a
diminuição da mão-de-obra e a dos empregos formais, fazendo-os “importarem” o
trabalho dos imigrantes oriundos dos países de Terceiro Mundo.
Ao mesmo tempo tais países, principal e paradoxalmente, procuram excluí-los
para oferecer condições melhores de trabalho aos autóctones, como recentemente
ocorreu no Reino Unido com o Brexit e nos EUA com as leis rigorosas impostas por
Trump. O Japão diminuiu o número de filhos dos casais e eles se veem à volta com a
importação da mão-de-obra e com o envelhecimento da população.
E o Brasil segue essa tendência, a da diminuição do número de filhos, embora
em menores proporções, fazendo com que chegar-se-á num ponto, em que não há mais
como, se não houver uma nova lei previdenciária, sustentar os inativos e aposentados
pela mão-de-obra em atividade. E ela será indispensável para que o futuro presidente da
República e os congressistas, eleitos em outubro, consigam governar o País.
Enquanto isso, enquanto a conta não chega, a solução mais agradável ainda é
fazer amor e a comemorar, felizes, o Dia dos Namorados.
Namorados de todo mundo: uni-vos!

*Sociólogo

Redação

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