Nova York, EUA, 8 de março de 1857. Nessa data, as mulheres funcionárias da Tecelagem Cotton entraram em greve pelo direito de trabalhar “apenas” dez horas diárias. Até então, estavam obrigadas a jornadas de até 16 (dezesseis) horas, seja operando teares, seja executando outras atividades nos demais setores daquela fábrica. Foi a primeira greve norte-americana só de mulheres. Os contramestres, funções exercidas somente por homens, não aderiram. Os patrões, indignados, chamaram a polícia, que reprimiu violentamente as grevistas.
Diante da repressão, as mulheres se refugiaram no interior da fábrica, colocando cadeados nas portas. Indignados com a resistência das grevistas, os proprietários, para amedrontá-las, jogaram gasolina ao redor do prédio e atearam fogo, causando a morte de 129 mulheres. Esta espécie de violência, lamentavelmente, ainda acontece em muitas regiões do mundo. No Brasil, por exemplo, tivemos no ano de 2016 o injustificável número de 49.497 mulheres estupradas, ou seja, 135 estupros por dia. No ano de 2013, contabilizamos o vergonho registro de 4.657 mulheres assassinadas, sendo que 533 casos foram classificados como feminicídio. A taxa média de mortes violentas aproximou-se de 30 assassinatos para cada 100 mil habitantes.
Na 2ª Conferência Internacional das Mulheres, realizada na Dinamarca em oito de março de 1910, em homenagem às mulheres da Tecelagem Cotton, aprovou-se a criação do “Dia Internacional da Mulher”, a ser comemorado anualmente naquela data, 08 de março. No dia seguinte, em toda a Europa, mais de um milhão de mulheres fizeram manifestações pelo reconhecimento dos direitos das mulheres, contra a opressão, contra o machismo e pelo fim das discriminações das mulheres no mercado de trabalho. Lilás era a cor dos tecidos que as trabalhadoras tingiam quando foram assassinadas, razão pela qual passou a ser usada como padrão nas comemorações.
Em 1945, a ONU reconheceu oficialmente o dia 08 de março como o dia internacional da mulher. Espera-se que em todo o mundo as mulheres sejam lembradas de forma especial. Infelizmente, as mulheres trabalhadoras ainda são obrigadas à dupla jornada, pois trabalham fora e dentro de casa. Se for negra, sofre com mais essa forma de discriminação. Em Anapu, estado do Pará, no dia 12 de fevereiro de 2.005 a freira católica Dorothy Stang foi brutalmente assassinada, a mando de grileiros e madeireiros, recebeu de pistoleiros seis disparos à queima-roupa.
Como sabemos, por ser em memória das 129 mulheres tecelãs brutalmente assassinadas, e porque milhões delas continuam vítimas de discriminações em todo o mundo, o mercado não consegue fazer esta data alavancar vendas em nome de celebrações em favor dos atributos singulares que as mulheres conferem à humanidade. Estamos em 2018, ano eleitoral, e não podemos aceitar que partidos políticos oportunistas, querendo cooptá-las, usem as mulheres para proselitismos e demagogias.
Graças ao esforço por dias, meses e anos estudando, hoje temos na nossa categoria milhares de colegas auditoras. São esposas, mães, filhas, avós, trabalhando em duas ou até três jornadas, enfrentando com muito charme o machismo que, infelizmente, ainda prenomina da cultura brasileira e na vida profissional.
Que Deus abençoe as colegas Auditoras-Fiscais da Receita Federal do Brasil e todas as mulheres do Brasil.
O Brasil e o mundo podem ser melhores sem machismos, sem racismos, sem preconceitos e, principalmente, sem violências contra as mulheres!
Walter Miranda