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Economia

Não sou economista. Nunca li um livro de economia, consequentemente, nada sei da matéria. O pouco que sei não vai além da economia individual e familiar, obtida na prática, que reconheço, me custou cara. Nesse assunto concordo com o senhor Amador Aguiar (1904-199: “Nunca li um livro de economia. Se tivesse lido não faria tudo que fiz”.
– Quem é esse cara?
– Calma minha senhora. “Esse cara” foi um bancário que na cidade de Marilia, SP, em 1943, com 39 anos, bancário, como Laudo Natel e outros, comprou uma “Casa Bancária” que estava à venda, desfazendo-se de tudo e emprestando dinheiro na cidade, criou o Banco Brasileiro de Descontos, ou Bradesco. E o Amador disse mais: “Eu jamais faria qualquer dívida em Banco, É um péssimo negócio”. Foi o tipo do cara que, além de empreendedor, foi um economista sem sê-lo. Foi a figura sem selo, mas carimbada no meio capitalista. Poderia ser comparado ao Barão de Mauá como os maiores empresários das finanças em nosso país.
– E o que é um Banco?
– Eu defino um Banco como uma casa comercial que compra seu dinheiro por um preço vil e o revende a preço escorchante. Uma casa de agiotagem oficial. Mas prefiro a definição do escritor americano Mark Twain (1835-1910): “Bancos são instituições que, para dizer as horas, pedem seu relógio emprestado”.
  Definir a economia, considero que é difícil. Que é uma ciência, não tenho dúvidas. Mas é paradoxal que uma ciência que se fundamenta com números, não seja matemática. Devo confessar que a economia, talvez seja a ciência mais manipulável, depois da ciência jurídica. Aliás, elas se adequam aos interesses políticos maiores. A economia é uma ciência respeitável. Respeitável como ciência, porque na prática submete-se servilmente ao Poder. Isso ocorre desde a economia familiar até a economia nacional e internacional. “Nada limita mais fortemente a liberdade do cidadão do que a total ausência de dinheiro”, teria dito o grande economista, filósofo e escritor John Kenneth Galbraith (1908 – 2006), fortemente influenciado pelas ideias de John Maynard Keynes, que por sua vez foi influenciado pelo marxismo. Foi consultor do presidente americano Franklin Delano Roosevelt e participou do New Deal (novo acordo) após 1930 e salvou o mundo da bancarrota econômica, combatendo monopólios e oligopólios.
  Mais ou menos o contrário do que pretendem nossos governantes, que assopram os pulmões dos mono e oligopólios brasileiros. O Lula enriqueceu a Odebrecht e o Temer perdoou ema dívida de 67 bilhões do Agronegócio. A competição é necessária no regime capitalista, mas é preciso cuidado. Ouça essa do David Sarnoff (1891-1971), empresário das telecomunicações: “A competição obtém o que há de melhor nos produtos e o que há de pior nas pessoas”.
  “Deve-se estudar economia não com o propósito de adquirir um conjunto de respostas às questões econômicas, mas com o objetivo de evitar ser enganado por economistas”. Essa é do economista americano Joan Robinson. Frase essa que lembra o escritor inglês Thomas Fuller: “Elogios tornam os bons melhores e os maus piores”. Que por sua vez me lembra a frase da Elizabeth Taylor: “você pode ser jovem sem dinheiro, o que você não pode ser é velho sem dinheiro”.
  A verdade é que é difícil definir a Economia. O político e economista Roberto Campos (1917-2001) bem conhecido na política brasileira no século passado, defensor contumaz da entrega das nossas riquezas ao capital estrangeiro, carimbado pelos nacionalistas como “entreguista”, ficou conhecido como “Bob Fields”, definiu a economia como “a arte de alcançar a miséria com o auxílio da estatística”.


A DIPLOMACIA NA ECONOMIA


  Tenho um amigo pipoqueiro. Atenção, essa palavra tem duplo sentido. Tanto serve no futebol para designar o jogador que foge das divididas, como o profissional que vive das vendas da pipoca.
No meu caso a definição se refere ao segundo caso. Possuidor de um carrinho devidamente preparado para essa finalidade: uma espécie de carro-armário envidraçado em suas laterais, sobreposto sobre duas rodas laterais de bicicleta, puxado por dois varais com a finalidade de facilitar seu transporte pelas praças da cidade e iluminado por dentro com uma lâmpada à gás para melhor expor sua mercadoria à noite.
  Acontece que o pipoqueiro fazia ponto há anos defronte a um Banco de vinte andares, revestido com mármore de Carrara, na região central da cidade. E assim o nosso personagem vivia a si e aos seus, fazia anos. Numa manhã de muito movimento no comércio, o pipoqueiro foi surpreendido com uma “facada”. Essa palavra, também tem duplo sentido. Tanto pode ser o ato de um pedido de dinheiro emprestado, ou um ferimento à faca. Neste caso foi o primeiro significado.  
– Oi cara. Me arruma 100 mangos até o fim do mês. Tô na pior.
O pipoqueiro, de pronto percebeu a fria. Não receberia. Conhecia o amigo, mas não poderia desapontá-lo. Pensou um pouco e devolveu o pedido através da via mais inteligente e diplomática, de fazer inveja ao nosso Itamaraty.
– Não posso. Bem que gostaria de atende-lo, mas estou proibido. Você está vendo onde trabalho? Defronte ao Banco. Eu fiz um acordo escrito e registrado em cartório com o banqueiro, dono desse Banco, com uma cláusula excludente e proibitiva. Para ter esse ponto aqui onde estou, assinei a dita cláusula que diz:  NEM O BANCO PODE VENDER PIPOCA E NEM O PIPOQUEIRO PODE EMPRESTAR DINHEIRO. É uma questão de crime e castigo, como diria o Dostoievski, e eu tenho que respeitar. E sentindo-se incompetente e resignado, desculpou-se com um: sinto muito!

Redação

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