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Em Araraquara, líder do PDT critica Lula e Bolsonaro e diz que Ciro vai para o 2º turno

Presidente do PDT paulistano falou à reportagem do projeto nacional do partido e sobre uma possível disputa pela Prefeitura de Araraquara em 2024

José Augusto Chrispim

O presidente do PDT paulistano, Antonio Neto, realiza nesta semana uma intensa agenda de viagens pelo interior de São Paulo. O objetivo é organizar o partido no Estado e mobilizar a militância para a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República.

Além de Araraquara, Neto passa por outras 8 cidades: Rio Claro, Pirassununga, Descalvado, Gavião Peixoto, Américo Brasiliense, Jaboticabal, Pontal e Sertãozinho. O Projeto Nacional de Desenvolvimento de Ciro e um Projeto Estadual de Desenvolvimento para São Paulo serão o tema dos diversos encontros políticos que o líder trabalhista terá na região.

Em Gavião Peixoto, Antonio Neto recebeu, nesta terça (8), uma homenagem da Câmara Municipal.

O líder do PDT paulistano falou com exclusividade à reportagem de O Imparcial e fez uma análise da pré-campanha à presidência de Ciro Gomes, além do atual momento eleitoral.

Veja a entrevista na íntegra:

O Imparcial: De acordo com as últimas pesquisas eleitorais, as candidaturas de Lula e Bolsonaro parecem consolidadas na frente, o que já seria o começo do afunilamento da disputa. Logo depois, aparecem Ciro e Moro, disputando votos entre si, e trazendo como discurso o anti-Bolsonaro, o anti-Lula e o anticorrupção. Como o PDT enxerga o momento eleitoral? O partido acredita em uma arrancada de Ciro?

Antonio: “Acreditamos sim em uma arrancada do Ciro e que ele vai para o segundo turno, pois muitas coisas nos orientam nesse sentido, a primeira é que se você olhar em 2018, nessa época o Bolsonaro não aparecia nas pesquisas. Mas eleição é um pouco mais complicada do que pesquisa, até porque quase 40% dos eleitores brasileiros não votaram nas últimas eleições ou votaram branco/nulo, pois existia aquela discussão horrível de amor e ódio em torno do antipetismo e o do antibolsonarismo que é o que eles querem reativar hoje. Nós, desde 2018, estamos trazendo um projeto para o Brasil para mostrar para toda a população que o Brasil tem saída e que passa por um projeto nacional de desenvolvimento, que pense o Brasil. Não é uma questão de nome, mas um projeto que pense o país, e as duas candidaturas, tanto de Lula como de Bolsonaro, são exatamente iguais. A gente vê isso na política econômica que começou no governo do Fernando Henrique Cardoso e foi repetida por Lula, por Dilma, Temer e agora pelo Bolsonaro, que é o câmbio flutuante, meta de inflação e superávit primário, e isso só gerou dinheiro para o rentismo, para o setor financeiro, tanto que hoje o orçamento nacional abre cada ano com 42% para pagar de juros e da dívida principal. Aí você trabalha com 58% apenas, por isso o Brasil não tem investimento, que hoje é o mais baixo dos últimos anos. Nós vamos romper com isso, pois temos projeto pra mudar isso. Segundo é a governança, as pessoas pensam que eles são diferentes, mas o mesmo ‘centrão’ que hoje está dominando o governo Bolsonaro é formado pelas mesmas figuras que faziam parte dele nos governos do Lula, do FHC, da Dilma e do Temer. O que nós queremos fazer é mostrar para a população a nossa diferença através do projeto nacional de desenvolvimento do PDT, inclusive acabando com a reeleição, pois os candidatos já se elegem pensando em se reelegerem. Nós queremos fazer um projeto para os próximos 30 anos, não é para 4 anos, e que envolva uma reforma tributária que desonere quem ganha menos e tenha uma tributação maior para as grandes fortunas. Hoje a tabela do imposto de renda está defasada em 134%, e isso não é admissível. Vamos desonerar a produção para que seja atrativo investir nela e não só no mercado financeiro. Revogar a Reforma trabalhista também está na nossa pauta para melhorar a vida dos trabalhadores. Nem o Lula e nem o Bolsonaro tem projeto para o Brasil. O único partido que tem projeto sério para o Brasil é o PDT, por isso, acreditamos que o Ciro vai para o 2º turno”.

O Imparcial: Há quem veja Lula como hegemônico na esfera das esquerdas. Como o PDT acredita que Ciro deveria se comportar para romper essa hegemonia e se consolidar na disputa?

Antonio: “Já estamos rompendo, pois o projeto progressista e de centro-esquerda para o Brasil é o PND, é o que vai enfrentar o rentismo, vai desonerar a produção. O Lula nunca enfrentou o rentismo, para se eleger em 2002, fez uma carta aos brasileiros. Carta aos brasileiros hoje é a que vai dizer que nós vamos proteger o teu emprego, vamos proteger o teu salário, vamos proteger o produtor rural, o produtor industrial nessa questão, por que o projeto vai dar condições para a recuperação da indústria, do comércio, do serviço e do emprego, mas emprego de qualidade. Nós vivemos em um regime capitalista que se sustenta no consumo das famílias, agora se você não tem poder de compra, não tem salário, com quase 60 milhões de brasileiros na informalidade, quase 14 milhões desempregados, com a maioria da população ganhando a vida com uma sacola nas costas fazendo entregas de moto ou de bicicleta para não ganhar quase nada. Nós temos que resolver essa questão e o único projeto que pode fazer isso é o nosso. Logo vão começar as discussões e ataques entre o Lula e o Bolsonaro que vão fazer o povo ficar decepcionado e nós queremos discutir um projeto, discutir o porquê do preço do petróleo ser dolarizado, por exemplo. O Ciro tem uma ideia clara a respeito disso e já disse que, assim que assumir o governo, vai acabar com a política de paridade ao dólar nos preços dos combustíveis e vamos investir nas nossas refinarias e na nossa produção”.

O Imparcial: Como o PDT enxerga a figura das federações partidárias? O partido estuda ingressar em uma ainda para este pleito?

Antonio: “Para esse pleito a gente ainda não pensa em ingressar nas federações, pois está muito em cima da hora e as federações são muito complexas, pois é um casamento de 4 anos. Você vê que até agora não saiu nenhuma federação, saiu mais fácil a fusão do DEM com o PSL do que uma federação. Então nós não estamos avaliando isso, pensamos e propusemos com o Cidadania, até porque havia uma divisão no partido sobre a federação com o PSDB, mas eles decidiram na sua direção nacional fazer a federação com o PSDB, então nessa eleição nós ainda não temos perspectiva de fazer, pois o tempo passa muito rápido e é muito complexo para montar o estatuto para se formar uma federação”.

O Imparcial: Qual o planejamento que o PDT fez para aumentar sua bancada federal? E no estado de São Paulo?

Antonio: “Nós vamos ter candidatos a governador em 8 ou 9 estados da Federação e com isso esperamos organizar o partido para aumentar o nosso número de deputados. Na eleição passada o PDT cresceu 50% no Congresso Nacional, subindo de 18 para 28 deputados federais. A nossa estratégia está sendo feita de tal maneira que nós, ao fortalecermos as candidaturas governamentais, a candidatura nacional do Ciro Gomes, os candidatos ao Senado, a expectativa é que você tenha de 35 a 40 deputados federais, um crescimento bastante significativo com até 15 deputados federais a mais, é o que nós esperamos. Nós começamos com as propagandas nacionais discutindo a questão do crescimento do país que nunca cresceu tão pouco. A nossa estratégia é termos bons candidatos ao governo e, acima de tudo, debater o nosso projeto nacional de desenvolvimento em todos os cantos da nossa enorme nação de forma regionalizada para que se debata a ideia”.

O Imparcial: Falando de Araraquara, qual o planejamento do PDT para as próximas eleições municipais, quando Edinho estará fora da disputa, e provavelmente a cidade deverá eleger alguém novo. O partido trabalha para a disputa do sexto andar do Paço?

Antonio: “Na medida em que nós planejamos o projeto estadual de desenvolvimento, na medida em que nós disputamos a eleição estadual, tanto com o governo do estado como com os deputados, senadores, com a disputa do Ciro, você vai começar a distribuir toda a cultura do projeto nacional e do projeto paulista, e já olhando lá na frente nos nossos candidatos federais que tenham um bom desempenho poderão efetivamente também disputar eleições municipais, mas também começar pensar em cada município, em cada macro e microrregião, para cada município importante você preparar um projeto para ele, para a gente poder sair dessa discussão de pessoas e começarmos a pensar em bons projetos para a cidade que traga melhorias e corrija as falhas que possam existir”.

O Imparcial: O que o povo brasileiro pode esperar de Ciro Gomes como presidente?

Antonio: “Ele é um cara que ama esse país e que quer, acima de tudo, apresentar ao país um projeto e quer realizar esse projeto, pois ele é um cara muito realizador. Todos as experiências dele como gestor seja como prefeito de Fortaleza, como governador do Ceará, ele sempre mostrou a sua capacidade de gestão, prova disso que foi convocado pelo então presidente Itamar Franco para ser ministro da Fazenda em um período muito difícil da economia brasileira com o início do Plano Real, onde conseguiu colocar o plano a diante e administrar o país sem déficit, tributando dividendos e fazendo todo o enfrentamento que precisa ter. Já como ministro da Integração Nacional do governo Lula ele tirou do papel a transposição do Rio São Francisco e deixou a obra com cerca de 94% pronta. Ou seja, é um realizador, é uma pessoa que tem compromisso com o povo brasileiro, além de ser uma pessoa ilibada com 40 anos de vida política sem nenhum processo, com personalidade forte, um grande gestor, um grande conhecedor dos problemas brasileiros e, acima de tudo, um grande realizador”, finalizou.

Redação

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