“Meu nome é Jonatas Caique de Toledo Souza Martins, sou ex-reeducando e permaneci preso em sua unidade de 2015 a 2017, onde pude realizar, graças ao seu apoio, a prova do Enem. Com essa nota, recebi a notícia que fui aprovado nas últimas matérias que restavam em minha grade, me tornando engenheiro civil”. A mensagem foi enviada para servidor do Centro de Ressocialização (CR) “Dr. João Eduardo Franco Perlati”, de Jaú, como forma de agradecimento pelo suporte educacional recebido enquanto cumpria pena.
Na próxima terça (10) e quarta-feira (11), 5.235 reclusos custodiados em estabelecimentos penais da região noroeste do estado farão o Exame Nacional do Ensino Médio para Pessoas Privadas de Liberdade (Enem-PPL) 2022 e poderão, assim como Jonatas, começar a reescrever uma nova história.
O ex-detento do CR de Jaú decidiu mudar de vida e, hoje, celebra o diploma de engenheiro civil. Assim que se formou, recentemente, enviou um e-mail ao responsável pelo setor de Educação do Centro de Ressocialização, Marcos Antônio dos Santos. No texto, ele destaca, ainda, o incentivo que teve para continuar os estudos.
“Gostaria de lhe agradecer pelas vezes que precisei utilizar a biblioteca da unidade para estudar, ou levar livros para o alojamento, e sempre recebi a sua autorização e apoio”, escreveu Jonatas, que cumpriu dois anos e quatro meses de pena por tráfico de drogas.
INVESTIMENTO
No entanto, decidiu deixar o crime de lado e investir em sua formação profissional. “Utilizei a nota do Enem 2016, cuja prova fiz dentro do CR de Jaú, para conseguir uma bolsa por meio do ProUni (Programa Universidade para Todos), em 2017, ano em que ganhei a liberdade. Saí da prisão no último dia para a inscrição do segundo semestre e fui aprovado”, conta Jonatas.
Agora, o engenheiro civil é exemplo de que é possível buscar a ressocialização mesmo estando em um presídio. “Após receber a notícia que havia me formado, a primeira coisa que passou pela minha cabeça foi de comunicar e agradecer a direção do CR de Jaú, mostrando que o esforço e dedicação deles valeram a pena”, enfatiza.
Aos sentenciados que almejam evoluir, Jonatas afirma que é possível mudar de vida. “Foque nos estudos, para encontrar a mudança que queremos. O sistema nos fornece essa condição. Temos incentivos até mesmo governamentais, que podem facilitar a entrada na faculdade. Pode apostar: as portas vão se abrir”, finaliza.
ENEM PPL
Na semana que vem (dias 10 e 11), 5.235 presos que cumprem penas em unidades subordinadas à Coordenadoria da Região Noroeste (CRN) irão prestar o Enem PPL. Em todo o estado, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) conta com 19.597 homens e mulheres encarcerados inscritos para a realização das provas.
O número representa um aumento de 12,75% de candidatos em comparação com a edição do Enem 2021, quando havia 17.380 reeducandos aptos a prestarem o exame.