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GABIROBA ATRAENTE

Francisco Habermann

Confesso que conheci a frutinha gabiroba somente quando cheguei a Botucatu-SP,
onde resido até hoje.
Foi no campo arenoso e árido que circundava o majestoso prédio da Faculdade de
Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu ( 1963 ) que conheci os arbustos da
gabiroba com suas frutinhas amarelas, maduras, de caldo doce ao paladar. Não a achei
atraente, mas aprendi, com a descoberta, alguns segredos da natureza e da história
médica local.
Transitando a pé, diariamente, naquela área de acesso para as aulas na faculdade, fui
alertado sobre a frequente presença de cobras venenosas em torno daqueles arbustos
frutíferos e, também, de escorpiões nos arredores. Aprendi, depois, que foi
exatamente essa riqueza biológica local que atraiu um famoso médico à região.
Foi a frequência de acidentes ofídicos relatados aqui, quase sempre fatais naquela
época ( final do século XIX ) que atraiu o médico Vital Brazil ( 1865 – 1950 ) para a
cidade de Botucatu, onde clinicou por longo tempo e desenvolveu as primeiras
experiências com soro antiofídico, salvando muitos. Transferiu-se mais tarde para a
capital, fundando o Instituto Butantã.
Felizmente, hoje, o rico desenvolvimento científico junto à moderna Faculdade de
Medicina de Botucatu – UNESP e seu Hospital de Clínicas com atendimentos de alta
complexidade e de ampla abrangência, conta com descobertas científicas que geraram
inovações médicas desenvolvidas neste Campus.
A UNESP conta com um relevante centro de pesquisas, aqui em Botucatu, que
favorece o desenvolvimento de novos medicamentos e produtos biológicos a partir de
venenos de animais peçonhentos ( CEVAP ).
Observamos, assim, brilhante sequência de progressos para todos os estudiosos
cientistas do futuro, sempre beneficiando a humanidade, como fez Dr. Vital.
E, na minha ignorante cachola, tudo começou no desconhecido pé de gabiroba.
Atraente, sim, para as serpentes e, estas, para a ciência médica. Ainda bem!

Redação

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