Há muitos desafios em relação às mulheres com o vírus HIV, como o aumento dos casos acima dos 50 anos
Com diversos temas ligados à mulher, o Plenarinho da Câmara Municipal de Araraquara recebeu, na tarde dessa quinta-feira (8), um ciclo de palestras organizado pelo Grupo de Apoio e Solidariedade ao Portador de HIV de Araraquara (Gaspa).
Segundo a presidente da entidade, Elenice Aparecida Carvalho, o principal objetivo do encontro foi trazer mais informações à população. “Sei que algumas pessoas que vêm assistir têm familiares portadoras do vírus. Nosso intuito é tentar trazer essas mulheres ao Gaspa para ajudarmos.”
A primeira palestra foi proferida por Fabiana Oliveira, que trouxe o tema “Incidência política e protagonismo da mulher”. Segundo ela, há muitos desafios em relação às mulheres com o vírus HIV, como o aumento dos casos acima dos 50 anos, desigualdade entre os gêneros nos índices epidemiológicos, questões de violência, retrocesso nas políticas de enfrentamento da epidemia, falta de remédio para o HIV e outras doenças, gestores e movimentos sociais atuando pela população vulnerabilizada, além de um SUS integral, universal e equânime. “É importante a mulher ser protagonista da sua própria história, principalmente no caso da mulher vivendo com a doença. Nosso maior desafio está na saúde sexual reprodutiva dessas mulheres”, afirmou.
Em seguida, Regina Torres abordou a “Violência contra a mulher” e destacou um dado alarmante. “A cada 10 mulheres no mundo, cinco já sofreram estupro ou alguma forma de violência. Sofremos todo dia e as maiores são a verbal e a psicológica. Ainda existem países onde as mulheres são obrigadas a casar ou são mutiladas para não sentir prazer.”
A palestrante entende que a mulher precisa mostrar sua força, mesmo já estando em pleno século XXI. “Ninguém deve nos falar como ir e como vir. Podemos andar com qualquer roupa, fazermos o que quiser, namorarmos bastante, e essas coisas não podem ser tabus. Temos que acabar com o preconceito de que a mulher ainda é um ser inferior, pois ela não é”, completou.
Encerrando as explanações, o tema “Mulher e drogas na atualidade” foi trazido por Maíra Corrêa Bento. Ela lembrou que a droga está disponível para qualquer pessoa e apresentou diversos dados. De acordo com o Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), 39% das mulheres ingerem bebida alcoólica frequentemente no Brasil; o padrão feminino de consumo é de quatro ou mais doses em um intervalo mínimo de duas horas, semanalmente ou mais; a bebida mais consumida é a cerveja em ambos os gêneros, porém mulheres consomem mais vinho que os homens; o Brasil está entre os países com maior número de consumidoras de medicamentos relaxantes e tranquilizantes. “Nosso objetivo foi conscientizar as mulheres do problema que a drogadição traz para a vida delas”, explicou a terapeuta ocupacional.
Sobre o Gaspa
O Grupo é uma Ong que tem como metas atender aos portadores do vírus HIV em suas necessidades básicas e realizar atividades de prevenção no enfrentamento da epidemia de HIV/Aids. Fundado em 1989, a partir da preocupação de um grupo de pessoas da comunidade, o Gaspa é hoje referência municipal e regional para questões de direitos humanos, atendimento social, psicológico e importante espaço de convivência.
Tem parceria com o Programa Municipal de DST/Aids e é membro do Fórum de Ong/Aids do Estado de São Paulo. Tem assento nos conselhos de saúde e de assistência social. Desenvolve atividades de prevenção junto a diferentes públicos, com entrega de materiais informativos e preservativos; e intervenção face a face, no intuito de reduzir os índices de HIV/Aids e DSTs.
O Gaspa está localizado na Avenida La Salle, nº 708. O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h