Segundo o professor e infectologista Roberto Focaccia, quanto mais rápido o diagnóstico, maior a possibilidade de sobrevida nos casos hemorrágicos mais graves. Daí a importância de a FEHOESP alertar hospitais e serviços de saúde sobre a importância dos médicos e profissionais do setor estarem preparados para detectar com rapidez e precisão a febre amarela, a fim de salvar vidas. No entanto, não há tratamento específico para a doença. O importante é internar o paciente em UTI, com reposição de líquidos e perda sanguínea, quando necessário, e aguardar a regressão da infecção.
O presidente da FEHOESP, o médico Yussif Ali Mere Jr, alerta para o fato de que os sintomas da febre amarela podem ser confundidos com outras doenças. E somente o exame laboratorial, que detecta o vírus, pode confirmar o diagnóstico. “Nas formas graves pode se confundir com hepatite fulminante, descompensação de uma cirrose hepática, leptospirose grave, septicemia bacteriana, febre maculosa, dengue e outras febres hemorrágicas”, destaca.
Para o médico, o mais importante é que a população seja imunizada e procure os serviços de saúde rapidamente quando do aparecimento de algum sintoma. “Os hospitais e serviços de saúde estarão preparados para auxiliar o poder público no combate à doença e nas imediatas notificações de casos suspeitos para evitar sua propagação. Importante nesse momento unir esforços dos setores público e privado”, destaca o presidente da Federação.
Sintomas da febre amarela
A febre amarela é uma infecção de curta duração e muito diversificada clinicamente. 90% dos casos são assintomáticos e de formas leves. Cerca de 10 % apresentam formas graves com alta mortalidade. Nessas formas apresenta icterícia intensa, febre muito alta, sangramentos importantes e comprometimento renal, além de sintomas gerais como dores musculares, náusea, vômitos, dores nas articulações, entre outros.
Febre amarela silvestre x urbana
Desde 1942 que não tem ocorrido qualquer caso de febre amarela urbana no Brasil. Porém, o crescimento rápido das cidades aproximou-as da zona rural, confundindo sua limitação. Muitas moradias estão localizadas próximas de matas, facilitando a transmissão da febre amarela às áreas urbanas. A ocorrência de febre amarela silvestre tem ocorrido isoladamente e até em surtos na zona de matas, porém, ela é transmitida do reservatório principal, que são os primatas para o homem através de mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes.
Na zona urbana, a transmissão se dá através do Aedes aegypti, que havia sido erradicado desde os anos 80 e retornou com força total nesta década. O combate a esse mosquito em um país continental como o Brasil tornou-se muito difícil, talvez impossível de erradicar.
Para o professor Roberto Focaccia, autor de conceituados tratados de epidemiologia, a grande ameaça para a população e o risco de uma endemia é que a febre amarela silvestre torne-se urbana, sendo transmitida pelo Aedes aegipty. E a única solução é a vacinação em massa, procedimento adotado nos últimos dias pelas autoridades sanitárias.