Atualmente vivemos em um país mergulhado em corrupção e violência, ficando dificílimo identificar até religiosos, jornalistas e escritores honestos. Lembro me desde a minha adolescência as posições firmes de Ignácio de Loyola Brandão, tanto na política e nos detalhes da nossa “Morada do Sol”. Nos primeiros anos da inauguração da biblioteca Mário de Andrade – na rua 6 com a avenida Espanha – dirigida pela Marta Lupo, me lembro como fosse hoje o potencial da conversa entre o meu pai Paulo de Arruda Corrêa da Silva e o já famoso Loyola, ficando admirada a bibliotecária. O escritor maior de Araraquara, que trabalhou em periódicos da capital, acompanhava a evolução da parte gráfica dos jornais, estando no Estadão quando foi passado para o sistema de nylon printi a sua impressão e a Folha de São Paulo em off-set. “Paulinho precisa melhorar a impressão do O Imparcial e a revisão”, comentava. Não demorou muito Paulo e a Cecília importaram a primeira impressora rotativa off-set de Araraquara.
O jornalista e escritor sempre lutou pelo Brasil escrevendo Zero, um romance de Ignácio publicado originalmente em 1974, na Itália, após ter sido recusado por várias editoras brasileiras. Sua primeira edição nacional veio apenas um ano depois. Em 1976, foi proibido em todo o país pelo Ministério da Justiça, por ser considerado atentatório à moral e aos bons costumes. Tem como um dos temas principais a repressão e o desejo de liberdade, temática que seria explorada novamente em Não Verás País Nenhum, de 1981. Seu pano de fundo histórico é a Ditadura Militar Brasileira, o mesmo período em que o próprio livro foi escrito. Pela sua conduta sempre teve informações privilegiadas sobre a política brasileira sendo detentor de arquivo pessoal de dar inveja a qualquer jornalista. Apoiou a subida de Lula à presidência, assim como mostrou a sua indignação com a corrupção dentro do PT nos vários veículos de comunicação do Brasil.
Primeiramente foi indicado de maneira heterogênea para fazer parte da Academia Paulista de Letras e na última quinta-feira, por unanimidade, foi escolhido para ocupar a cadeira de Hélio Jaguaribe na Academia Brasileira de Letras. Ontem, conversando com minha mãe sobre a escolha do Ignácio, ela simplesmente respondeu: “demorou”.
Ao duplamente imortal parabéns de toda a equipe d´O Imparcial.