Início Araraquara Lola Aybar lança “Dez Irmãs de Shakespeare” nesta quinta (30)

Lola Aybar lança “Dez Irmãs de Shakespeare” nesta quinta (30)

Lançamento está marcado para as 19h na Biblioteca Mário de Andrade

Nesta quinta-feira (30), às 19h, a Biblioteca Municipal “Mário de Andrade” sediará o lançamento do “Dez Irmãs de Shakespeare”, de Maria Dolores Aybar Ramirez, com entrada gratuita para o público. A atividade integra a programação “Mulheres pela Democracia – Direitos Humanos, Justiça e Participação”, que celebra o Dia Internacional de Luta das Mulheres e que oferece diversas atividades ao longo do mês de março com o propósito de fortalecer o movimento de luta para que os direitos das mulheres sejam realmente concretizados.

Maria Dolores Aybar Ramirez, que também é conhecida como Lola, conta que há alguns anos, a partir de suas pesquisas sobre mulher e literatura, a autora decidiu criar o Grupo Interdisciplinar de Pesquisa Mulher e Literatura (GIPMEL), um grupo de pesquisa ligado ao CNPq, à Unesp e cuja sede se encontra na Chácara Sapucaia, onde já ministrou aulas sobre feminismo. 

Ela relata que, durante a pandemia, decidiu reunir algumas das pesquisadoras desse grupo para uma nova pesquisa. “Propus pesquisarmos como se produzem os processos de cerceamento social e de tutela masculina na escrita de autoria de mulher no Brasil, assim como investigar como as escritoras acatam, questionam e desautorizam as vozes da crítica e da sociedade em geral nos seus textos artísticos, quer dizer as estratégias que desenvolvem para sobreviver nos meios literários e na vida de modo geral”, explica.

Segundo ela, o GIPMEL arregaçou as mangas, mas o livro vai muito além desse grupo inicial formado por Lola, Carla Ferreira, Lucilea Gandra e Roseli Braff. “Trouxemos para o diálogo outras autoras de outras latitudes que contribuíram com seu conhecimento para enriquecer quantitativa e qualitativamente a proposta inicial e as escritoras estudadas. Trata-se de pesquisadoras que dificilmente vão poder comparecer ao lançamento deste livro, pois muitas delas moram, trabalham e desenvolvem as suas atividades profissionais no Piauí, em Minas Gerais ou na Paraíba”, relata a autora, que acrescenta que posteriormente serão agendados outros lançamentos nesses locais.

No livro circulam Amélia de Freitas Beviláqua, Júlia Lopes de Almeida, Gilka Machado, Adalgisa Nery, Lila Ripoll, Dinah Silveira de Queiroz, Carolina Maria de Jesus, Dora Vivacqua (Luz del Fuego), Maura Lopes Cançado e Conceição Evaristo, escritoras de diferentes períodos históricos, classes sociais e etnias que, malgrado essas distâncias, compartilham, para além do gênero, algumas experiências de vida e de escrita. “A tutela masculina é uma delas, uma tutela que pode abrir-lhes o caminho para a literatura, mas que também cerceia essa mesma escrita com mão de ferro nas vozes de uma crítica androcêntrica e de uma sociedade sexista que sói confundir a vida e a obra e emitir juízos de valor. Algemira Mendes, Lucileia Gandra, Roseli Braff, Maria de Fátima Marcari, Fernada Ribeiro, Maria Aparecida de Oliveira juntamente com Antônia Barbosa, Evelyn Mello, Nicole Guim, Patrícia Aniceto e eu mesma, Lola Aybar, tentamos desvendar os meandros de uma suposta neutralidade crítica que carece de total neutralidade assim como de examinar as estratégias discursivas das autoras perante essas vozes”, aponta.

A autora conta, na orelha do livro, que o nome “Irmãs de Shakespeare” não se refere a William, mas a Judith Shakespeare, a irmã esquecida do autor, forjada ficcionalmente por Virginia Woolf. “Mais que a um laço de sangue, o conceito alude à percepção do silenciamento da mulher em todas as historiografias – inclusive a literária. Relaciona-se igualmente ao compromisso ético-feminista de 11 irmãs do presente, teóricas da literatura, com respeito a 10 irmãs do passado, 10 escritoras brasileiras que, entre os séculos XIX e XX, possibilitaram nosso lugar no mundo e nossa legitimidade no universo do conhecimento. Observar como as escritoras dialogam e resistem perante o androcentrismo que cerceia suas vidas e suas criações significa libertá-las da sombra de William, do irmão, do esposo ou do crítico para propor novas tradições de autoria feminina e novas tradições críticas no Brasil”, completa. 

A programação “Mulheres pela Democracia – Direitos Humanos, Justiça e Participação” é promovida pela Prefeitura de Araraquara, por meio da Coordenadoria Executiva de Políticas para Mulheres, ligada à Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Participação Popular.

Redação

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