Os desenhos a carvão e a lápis-carvão produzidos pelo artista visual Marcos Costa de Freitas para a exposição “Povos Originários – Os caminhos da memória”, a partir desta quarta-feira (05) podem ser conferidos no MAPA – Museu de Arqueologia e Paleontologia de Araraquara.
A exposição, que fez parte do FIDA – Festival Internacional de Dança de Araraquara e ficou em exposição no Museu Ferroviário Francisco Aureliano de Araújo, tem a organização de Carol Goos e Gilsamara Moura, com produção da Coordenadoria de Acervos e Patrimônio Histórico.
A mostra reúne desenhos a carvão e a lápis-carvão sobre papéis de fibras vegetais diversas, produzidos por Marcos Costa de Freitas, mestre em História pela PUC-GO na área de concentração de cultura e poder, e bacharel em artes visuais/comunicação visual pela Universidade Federal de Goiás.
A exposição ilustra um percurso pessoal e subjetivo que começou com a busca de referências para retratar a etnia Goitacá. A busca frustrada por imagens históricas levou acidentalmente aos registros textuais de André Thèvet e aos posteriores relatos de Frei Vicente de Salvador, que descrevem e relatam eventos da vida dos Goitacás.
São relatos que permitiram formar um ícone hipotético do tipo físico e da cultura desses povos. O tempo acumulou muitas lacunas de memórias, há mais indagações do que respostas, mas isso não é obstáculo à arte. A busca dos Goitacás levou aos Aimorés e aos Maxuruna – entre outros. De forma espontânea, se fez o percurso e recorte temático de aproximadamente dois anos de desenhos.
No processo de reconstruir a imagem esquecida, foi necessário estudar os povos que preservaram seus modos de vida até a atualidade. Aparência física, cultura, adereços e pintura corporal são referências usadas de forma comparativa para intuir ou reconstituir a imagem dos povos ancestrais. P
Por meio de estudo de similares, buscam-se os elementos que podem compor repertórios necessários à reflexão e ao resgate da memória. A exposição retrata esse processo, mas ainda é um trabalho em estágio inicial, desprovido de elementos conclusivos.
O Brasil herdou uma história que quase sempre foi escrita à revelia dos fatos e da memória, geralmente para atender a interesses coloniais, políticos e militares. Alguns resumos venerados pelos conservadores são muito perniciosos, por debilitar a história e corromper os fatos, como o mito das três raças, e o país unificado por um único idioma.
Referindo-se especificamente aos povos originários, os resultados do Censo 2010 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam para 274 línguas indígenas faladas por indivíduos pertencentes a 305 etnias diferentes.
O Brasil tem sido levado a uma situação de enorme risco sócio ambiental, com desmonte das políticas de proteção e a criminalização do ativismo. O desmantelamento da FUNAI impôs prejuízos diversos à tradição e memória indígena, a cultura, tratada como inimiga do governo, começou um longo processo de atrofiamento. Por isso é urgente estudar e expor a história e cultura dos povos indígena à sociedade brasileira, para preservação do seu legado, e para constituição de um novo imaginário social que permita um país plural e sustentável nos planos material e cultural.
A exposição “Povos Originários – Os caminhos da memória” pode ser conferida até o dia 04 de novembro na Sala de Exposição Temporária do MAPA, de segunda à sexta-feira, das 9 às 17h e, para visitação do acervo com mediação, recomenda-se chegar até as 16h30. O MAPA está localizado na Rua Voluntários da Pátria, na esquina da Avenida Portugal, no Centro de Araraquara.