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Marcelo Correa lança seu primeiro romance

Célia Pires (Colaboração)

Uma obra em que o autor optou por não fazer o lançamento do livro, mas sim levá-lo em mãos ou a pessoa interessada ir buscá-lo. Parece loucura? Só que não. Dessa maneira, o autor tem um contato direto com o seu leitor e pode, caso o mesmo se disponha, a dialogar com ele, coisa rara em tempos ‘internéticos’.

A ideia é, em um futuro não muito distante, promover rodas de conversas, em locais como o Sesc, e discutir a obra do autor Marcelo Correa da Silva, intitulada ‘Débora Mental – Assim na terra como no céu’.

Enquanto isso não acontece, caso você se interesse, pode adquirir o livro pelo telefone (16) 98127-0177. O valor do exemplar é de R$ 50, lembrando que não é gasto e sim investimento.

Como tudo que vem de Marcelo é no mínimo impar, o livro traz a história de uma personagem que é a personificação da debilidade mental. Tema que aliás o perseguia desde a adolescência, quando começou a perceber que havia nascido em uma família de pessoas com problemas mentais, sem deixar de afirmar que todos nascemos com problemas mentais em maior ou menor grau e que desde o momento que sua curiosidade sobre o assunto foi despertada, passou a devorar tudo que fosse alusivo ao assunto, como psicologia e temas correlatos.

Nunca mais parou, chegando inclusive a fazer várias, até descolar um ‘alvará’ para andar solto. Brinca que a alta foi dada quando fazia terapia de casais durante o divórcio.

O escritor conta que o trabalho com literatura, o teatro, a ficção de um modo geral, as artes, fez com que vivenciasse inúmeros personagens, que juntos acabaram ‘gestando’ e gerando a performática personagem Carolina Jéssica, uma aluna de Letras bem humorada e rápida no gatilho, língua afiada, caricata e imprevisível.

Carolina Jéssica fez algum sucesso entre os universitários, e depois num crescendo, o público em geral. A cada apresentação a personagem ia se transformando, evoluindo até que Marcelo sentiu a necessidade de fazer da mesma uma versão mais literária, menos dramática, e assim Carolina Jéssica, criada com a ajuda de Zé Pedro Antunes, professor da Unesp, ganhou o pseudônimo de ‘Debora Mental’ e também o seu contexto: do palco para as páginas de um livro.

Escrever essa obra foi uma maneira de Marcelo Corrêa lidar com seus fantasmas, atenuar seus temores, tirar proveito das desgraças e vivenciar o fenômeno da criação da personagem em um patamar em que a imaginação e a concentração pudessem caminhar juntas e ocupar os espaços construtiva e saudavelmente.

Quem é Débora Mental?

É uma mulher que se permite encantar com as menores coisas – por outro lado, também se desencanta fácil e frequentemente conforme se desilude com as armadilhas do mundo das aparências que permeiam a nossa contemporaneidade.

Resiliente, Débora não se abala com suas frustrações no sentido de conferir um sentido à sua própria existência, seja pelo acúmulo de bens materiais e satisfação de suas vaidades ou pela experiência em superar suas frustrações das maneiras mais inusitadas que a criatividade do autor lhe consentiu.
Nesse romance episódico poderemos acompanhar essa personagem que tão bem representa os nossos próprios sonhos e anseios, procurando encontrar um sentido para nossas desventuras.

Sobre a obra…

‘Débora Mental -Assim na terra como no céu’, é o mais recente lançamento de Marcelo Corrêa da Silva. Produzido pela Editora Partesã, o livro possui mil exemplares. A modelo que ilustra a capa é Tânia Capel, produtora cultural e estudante de psicologia.
O posfácio do livro e de Odete Haddad, que rasga elogios ao autor e à sua obra e entre vários trechos diz que na obra a genialidade e loucura se fundem e transfiguram a forma (fisiológica) do objeto doença em forma de metáfora da doença.

Marcelo agradece nessa insana trajetória aos irmãos Ricardo (in memoriam), Flávio e Júlio e aos amigos e incentivadores, Assis Furtado, Odete Haddad, Lúcia Delboni, Marcos Murad, Leandro Soria, Francisco César da Silva, Marlene Córdua, Valéria Novelli, Vera Isaac, Regina Berard, Tereza Mendes (in memoriam), Álvaro Barcha, Zé Pedro Antunes, Neia Minante, entre outros que o ajudaram na realização desse sonho literário.
A obra é dedicada à memória de Edite Ramos da Silva, mãe do autor.

Critica de quem já leu

O amigo do autor, Bianco, que já ‘degustou’ a obra e provou da loucura, conta que se divertiu muito com o texto e que no momento em que estava chegando ao último capítulo não queria que acabasse. Então, parou para pensar, reler e adiar o término, que para ele é uma forma de saborear e se despir da saudade que se sente do que passou, mas que estará sempre disponível na sua estante. “Acho que tenho um pouco da Débora em mim”, diz ele.

Murad também compara Marcelo a outros autores araraquarenses que já colocaram o cidadão da cidade numa posição de inferioridade. “Marcelo nunca foi assolado por esse sentimento de inferioridade caipira. Refulge nele a luz das cidades do mundo todo. Ele brilha pela simplicidade de suas construções verbais, pelo seu deboche. Sim, essa é a palavra: deboche. Eu quase ia dizendo que ele brilha pela sua ironia, pelo seu escárnio, mas isso não seria exato para singularizá-lo. Por fim, devo dizer que Marcelo não apresenta nenhum ranço regionalista, feminista, afro ou LGBT, ou qualquer outra coisa que apequene a grande literatura. Aliás, o deboche dele destrói, desmonta, reduz a pó qualquer uma dessas vertentes politicamente corretas que querem a todo custo se impor nos dias de hoje. É, com seu estilo enxuto e elegante, o maior escritor de nossa urbe, no ápice de sua maturidade artística”.

Redação

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