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Março das mulheres

Artigo

*Paloma Libanio e Vinicius Camarinha

A violência contra as mulheres é uma das tristes marcas da sociedade atual. Física, sexual ou psicológica, a violência atinge milhões de mulheres todos os anos no Brasil inteiro. Seja em casa, no trabalho ou na rua. Por maridos e companheiros, conhecidos ou desconhecidos. Independente da classe social a que a mulher pertence, lá está presente uma realidade de

violência.

Durante a pandemia do Coronavírus essa realidade, infelizmente, foi potencializada. Os casos de violência – em especial a doméstica, e de feminicídio cresceram significativamente.

E por que isso acontece?

Parece ser lógico que a coisificação da mulher, nesses casos, é fruto de uma sociedade patriarcal que busca insistentemente delegar à mulher um papel subalterno em seu tecido social. Uma sociedade que carrega como conteúdo de discurso a infame lógica de que a mulher existe para parir e servir ao homem.

Por isso, acreditamos que transformar esta realidade passa muito por mudarmos o comportamento dos indivíduos que compõem essa sociedade. Mudanças que vêm acontecendo, a passos lentos é verdade, muito por conta do movimento de mulheres que denunciam e que fazem acontecer a mudança.

Está na construção de um senso de igualdade entre os gêneros, o centro da transformação que desejamos. Onde a sua posição na tabela dos sexos não seja argumento de imposição de sobre a outra pessoa. E isso é uma construção cotidiana. Um processo em que mulheres e homens, que tenham clareza do seu papel nesse movimento, devam se dar as mãos para romper as cortinas do machismo.

Mas além das atitudes das pessoas, individual e coletivamente, há a necessidade de implementação de políticas públicas que contribuam para que cheguemos, o mais rápido possível, ao tipo ideal de sociedade igualitária. Na questão da segurança, por exemplo, potencializar o trabalho das Delegacias da Mulher. Incentivar iniciativas como a do Estado de São Paulo, que lançou aplicativo que aciona a PM para as mulheres com proteção Judicial, uma medida protetiva contra o agressor. E da

mesma forma incrementar a ação do judiciário no trabalho pela agilização dos processos e punição devida, por exemplo, de acordo com a Lei Maria da Penha.

Mas é preciso mais. São necessárias políticas que contribuam para que a mulher conquiste, cada vez mais, sua independência financeira. Pois não são poucos os casos em que a mulher precisa voltar a viver sob o teto do seu agressor por falta de alternativa para criar os seus filhos. Programas

de capacitação profissional dirigido às mulheres e de concessão de crédito para aquelas que quiserem empreender. Pois muito da violência contra elas se funda por essa dependência da renda.

E isso só se conquistará, claro, com o aumento da participação da mulher na política e nos espaços de decisão – privados e públicos. Pois enquanto os espaços de poder estiverem concentrados nas mãos dos homens mais lentamente se farão as mudanças necessárias. E essa tem que ser uma luta permanente, de homens e mulheres.

Por fim, gostaríamos de destacar que por mais que tenha empatia, por mais compromissos que carregue em suas atitudes, por mais engajado que seja, o lugar de fala de um homem não lhe permite refletir na plenitude exigida pelas questões apresentadas neste pequeno texto e que afetam diariamente as mulheres. Por isso, decidimos escrevê-lo a quatro mãos. Pois falar do dia a dia das mulheres exige, sem dúvidas, um olhar feminino.

*Paloma Libanio, superintendente do Hospital de Clínicas de Marília e Vinicius Camarinha, deputado estadual e líder do governo na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Redação

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