Ariane Padovani
Um novo nome vem se destacando no cenário sertanejo da região e atraído a atenção do público desse estilo musical: Marlon Oliveira. Com 33 anos, o baiano que hoje reside em Américo Brasiliense, tem percorrido as estradas do estado de São Paulo para levar sua música e jeito alegre de enfrentar a vida ao maior número de pessoas. Com seis anos de carreira solo, Marlon tem feito cerca de 11 shows por semana. O caminho tem sido difícil, mas ele sabe aonde quer chegar.
“Eu sou da música desde que nasci. Aos 10 anos fiz uma dupla com um amigo e nós fomos bem, cantamos em showmícios quando alguém abria uma brecha e ganhamos alguns troféus de concursos. Mas nessa época eu não levava a sério. Tocava violão em churrascos de amigos onde havia vários músicos profissionais e eu ficava apaixonado pela forma como eles tocavam. Eu cantava por hobby, tinha um trabalho legal em uma multinacional em que ganhava bem e também fazia faculdade de administração. Então comecei a tocar em bailões e eu via que me destacava quando entrava no palco”, contou Marlon, que já era formado em Turismo. “Um dia coloquei na cabeça que ia fazer carreira solo. Comecei com um ou dois shows por mês, mas nem recebia, o que eu ganhava só dava para pagar meus músicos. Eu ia por amor à música. Cheguei no meu chefe e pedi para ele fazer um acordo comigo,pois eu queria viver de música e com esse dinheiro do acerto ia comprar alguns equipamentos de som. Ele deu risada e não levou à sério, não por duvidar da minha capacidade, mas é que eu estava bem no emprego, estava onde muitos queriam entrar”, narrou o sertanejo.
Marlon contou para a família que ia correr atrás do seu sonho e ganhou o apoio da mãe.“Ela disse que fome eu não ia passar. Foi o impulso que eu precisava. Insisti durante um mês com meu chefe. Até dava para conciliar as duas coisas, mas ou você se dedica a uma coisa ou nenhuma das duas vai dar certo. Não pode se dedicar pela metade. Consegui o acordo e Deus foi me encaminhando. Eu fazia shows em bares, eventos particulares e beneficentes, até que conheci o Cadu na faculdade, proprietário do bar Estação Boteco, em Rincão. Comecei a tocar lá, já que em Américo não tinha bar e aqui em Araraquara os poucos que tinham deram muitas portadas na minha cara. Eu tenho muito carinho por Rincão, pois foi uma cidade que me apoiou demais. Quando eu tocava lá era recorde de público. O pessoal de Américo e Araraquara também ia. Surgiu outro barzinho em Rincão, o Mestre Cervejeiro, e as portas foram se abrindo”, relembrou o músico.
Marlon já chegou a fazer quatro shows em um único dia, mas garante que não se desgasta mais dessa maneira. “Eu tenho três projetos de shows. A banda completa, com a qual toco mais em quermesse, casamento, formatura, aniversário de 15 anos e abertura de grandes shows; o semi acústico, que também dá para fazer quermesse e casamento quando o contratante não tem condições de pagar pela banda; e o acústico, que consiste na sanfona, violão e o Cajon. Eu fui um dos primeiros da região a usar o Cajon e foi um destaque. Eu já o tocava antes mesmo de ele existir. Quando eu era criança, tudo virava música. Eu brincava de banda,batucava na carteira da escola e ficava inventando música. Então quando o Cajon chegou eu já sabia tocá-lo”, disse o cantor, que hoje consegue viver exclusivamente da música. “Quando você se dedica a uma coisa só, você trabalha dobrado, mas consegue crescer”, afirmou.
Redes Sociais
O Instagram de Marlon já conta com mais de cinco mil seguidores, que ele faz questão de contar que são reais e não comprados. Seus três perfis no Facebook estão lotados e o fã-clube criado para ele já conta com mais de 200integrantes. “Eu fiquei feliz, porque nunca tive fã-clube e elas me ajudam bastante, são fiéis e parceiras. Se eu fizer três shows no dia, elas tentam ira pelo menos um. Levam a família, compartilham minhas postagens”, revelou Marlon.
O sertanejo não costuma levar repertórios prontos para os seus shows, pois acredita que dessa forma pode sentir quando o público está gostando de sua música. “A gente está tão acostumado a tocar juntos que só olhamos um para o outro, falamos uma palavra da música e tocamos. Por eu ter um repertório bastante diferenciado, fica mais fácil agradar ao público, porque no meu show vai adolescente que gosta de funk, a mãe que escuta de tudo e a avó que só ouve modão, então eu tenho que agradar a todos. Eu tenho que tocar o que agrada aos outros, mas muitas vezes me agrada também. Se você vai a um show que tem três atrações e eles vão cantar as mesmas músicas, então eu tento fugir um pouco disso puxando as músicas das antigas”, explicou Marlon.
Planos
Marlon está em estúdio gravando o seu primeiro CD. O álbum vai contar com nove músicas autorais e uma do cantor Thiago Chagas. “Hoje tudo é mais difícil.Antigamente você injetava R$1 milhão e ia embora, agora esse valor vai em uma música. Quando componho, eu gosto de falar de fatos engraçados, do dia adia e de amor. Tem uma que fala de flashback. O cara reencontra a moça que não via há tempos, rolou aquele olho no olho, e quando viu já estavam juntos, se abraçando. Virou flashback. Eu também gosto de puxar a orelha, tem uma música que retrata um casal que fez muitos planos, mas não realizou nada por besteiras, como ciúmes. Quando a inspiração bate, em dez minutos faço uma música, a letra já vem completa. E vem do nada, esses dias estava dirigindo e tive que parar no acostamento, peguei um papel e escrevi. Também tenho muita música que começo a escrever, mas de repente dá um breque, não consigo fazer o refrão, então abandono. Por isso que hoje em dia muitos compositores se juntam para fazer uma música”, apontou o profissional.
Para o futuro, Marlon quer mais. “Quero crescer, não pode estacionar. Quero chegar ao patamar do Chitãozinho e Xororó, eles têm qualidade vocal, reconhecimento e o show deles é muito top. Outro cara que admiro é o Gustavo Lima, o jeito de ele brincar com as pessoas e ser espontâneo”, confessou o cantor, que tem a Proval Agropecuária, JR Calçados e Chapéus, Chácara Santa Bárbara, Rodoviária Coffee Shop, Habitus Academia e Passos Comunicação Visual como patrocinadores do seu trabalho.