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O império da mediocridade

Luís Carlos Bedran*

Depois da invenção da internet ninguém mais pode alegar ignorância sobre alguma coisa, nem se jactar em escrever algo inédito. O ineditismo apenas está em dizer, sob outras palavras, a mesma coisa. O que vai somente diferenciar é a escrita imaginativa ou a poética.

Como essas são pouco interessantes nesses tempos sombrios de nossa política, nada mais resta senão observar o que se passa no cotidiano, como forma de dizer alguma coisa para quem for curioso ou estar preocupado com o futuro. E que é também o pensamento do cronista, que dará uma opinião ao leitor que poderá ou não concordar com ele.

E do que se fala mais, na imprensa e nas ruas, é sobre a acirradíssima disputa que já se antevê nas eleições de outubro, a qual está em pleno andamento. Todo mundo faz previsões, os eleitores dão palpites, mormente nas redes sociais, expõem suas preferências, aguardam informações melhores para definir os votos que darão aos vários candidatos.

Isso não quer dizer que acertarão, porque o voto ponderado equivalerá ao emocional. Toda eleição é uma loteria. No entanto, na somatória dos votos, na maioria deles, apesar de tudo, prevalecerá o bom senso. Tudo isso o que já foi dito é de uma obviedade palmar; consequentemente não há a mínima novidade.

Porém, de um modo geral, tanto é a mediocridade dos políticos o que mais tem dominado o noticiário da imprensa, quanto a das postagens dos internautas nas redes sociais. Dupla mediocridade. Quanto à última, estes devem ser perdoados porque nem sempre conseguem obter informações suficientes para aferir com precisão o que há de verdade e mentira na propaganda dos candidatos.

Pois quem conhece um pouco da história pátria pode observar a falta que faz os homens representativos que forjaram o País, mas que não conseguiram criar sucessores de alto nível, culpa da ditadura militar que tolheu a ascensão de líderes com formação democrática.

Mas a responsabilidade maior pela ausência de cidadãos de bem, idealistas que não quiseram mais participar da política cabe à nossa esquerda, que, conquistando o poder pelo voto popular, não conseguiu — por incompetência administrativa e por querer manter-se a todo custo no poder — formar líderes com credibilidade para gerir a República.

É o que se viu e o que ainda se vê após a Constituição de 88. Com exceção de Fernando Henrique Cardoso, de formação esquerdista, mas da moderna social democracia dos países europeus, professor, sociólogo, de profunda cultura humanística, foi sucedido por quem?

Por três governos que se diziam de esquerda, que dominaram o País em todos os setores (principalmente na educação) e o levaram ao caos. Embora, a duras penas, esteja se reerguendo com um governo conservador, quem então seria o sucessor na presidência?

Com exceção de um ou outro, a mediocridade impera. Como faz falta os antigos homens representativos de nosso país!

*Sociólogo

Redação

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