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O PENSAMENTO UTÓPICO DOS LIBERAIS BRASILEIROS

Walter Miranda
Neste momento de reflexão sobre a condenação do Lula pela Justiça
brasileira dialoguei com um colega de trabalho defensor da ideologia do
liberalismo econômico, que demonstrou a sua afinidade com o “Partido Novo”,
fundado no ano de 2015, de ideologia na minha opinião de extrema direita.
Um dos integrantes do Partido Novo é Gustavo Franco, ex-presidente do
Banco Central no governo do Fernando Henrique Cardoso e ex-filiado ao
PSDB por 28 anos. Assim, em minha opinião, o Partido Novo nasceu velho e
defendendo velhas propostas “neoliberais”. Portanto, de novo não tem nada,
mesmo porque o liberalismo econômico é praticado e defendido no mundo
desde o século 18, tendo como pioneiros deste modelo os Estados Unidos e
Inglaterra.
A conversa com meu colega se restringiu a um debate social e
econômico em torno do modelo de Estado ideal para o Brasil, um país
contaminado pela miséria e pobreza e historicamente governado sob a prática
da corrupção econômica e bandidagem em todas as instâncias políticas (de
vereador a senador e de prefeito a presidência da república). Podemos
identificar, desde quando este país foi ocupado por portugueses e demais
europeus, focos de corrupção favorecendo quem tem poder econômico. Ai se
explica o porquê Lula foi condenado rapidamente e políticos do PSDB (Aécio,
José Serra e outros) até agora não tenham sido presos.
Meu colega defende o modelo de Estado mínimo fundamentado na
opinião de que com a privatização a qualidade de vida dos pobres melhora,
pois o Estado administra mal. Segreguei alguns setores como saúde,
educação, segurança e habitação e questionei se no seu modelo de Estado
seriam privatizados. Não ficou claro para mim, mas parece que até esses
setores o meu colega e o denominado “Partido Novo” defendem que seja
privatizado.
É sabido que a terceirização do serviço público é uma forma de
privatização e é por aí que os “empresários”, junto com os governantes, tem se
locupletado dos recursos públicos. A operação Lava Jato tem demonstrado que
a parceria público privado tem facilitado a corrupção.
O neoliberalismo começou a ser propagado em todo mundo na década
de 70 com o fim da União das Repúblicas Sociais Soviéticas, que implantou no
mundo governos centralizadores e autoritários, supostamente “comunistas”,
trazendo de volta os defensores das teorias política e econômicas liberais.
Entendo que os defensores do liberalismo são utópicos e neste momento de
suposta derrota do PT com a condenação do Lula, pretendem crescer no
Brasil.
O poder, de fato, não está nos políticos que governam o Brasil, mas no
“mercado” e na economia. Quem dirige o Brasil é, com certeza, o complexo
financeiro-empresarial brasileiro e mundial, mesmo porque vivemos num
mundo com a economia globalizada, influenciando a qualidade de vida nas

cidades aonde residimos. O exercício do poder não tem partido e sua única
ideologia é defender o mercado e o lucro.
Um dos pensamentos dos “neoliberais” é que o Estado forte prejudica a
qualidade de vida dos mais pobres. De maneira, a meu ver, despolitizada os
utópicos liberais afirmam que se o dinheiro que vai para o Estado
permanecesse com os empresários, haveria condições de pagar melhores
salários aos trabalhadores. Particularmente eu não acredito nesta premissa.
Por exemplo, o lucro dos Bancos no ano de 2017 cresceu 14,6% e, no entanto,
esta lucratividade não foi repassada para os bancários. O Banco Itaú, por
exemplo, teve lucro de R$ 22,10 bilhões em 2016 e seguiu demitindo
bancários.
Não compartilho da tese de que o liberalismo, ou a liberdade econômica
eleva o poder de compra da população mais pobre e, portanto, elimina a
miséria e a pobreza. Nos Estados Unidos, principalmente em Nova York, berço
do liberalismo, 22% dos negros (9,2 milhões de pessoas); 19,4% dos latinos
(11,1 milhões) e 8,8% dos brancos (17,3 milhões) vivem em nível insuportável
de pobreza.
Outra comprovação de que o liberalismo não elimina a pobreza é saber
que no Japão, atualmente, existem cerca de 20 mil indigentes nas ruas de
Tókio e outras grandes cidades. Portanto, penso que os “novos” liberais
brasileiros são utópicos e o Partido Novo nasceu velho.

Redação

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