A eleição do Jair Messias Bolsonaro era inimaginável quando Lula deixou o poder no início de 2.011, com 87% de aprovação popular, índice jamais visto na história do Brasil. Lula foi politicamente canonizado. No dia 7 de abril (domingo) fez 365 dias (um ano) que Lula está preso à espera de uma decisão favorável da Justiça Burguesa pela sua libertação.
Poucos meses antes da eleição passada, Bolsonaro estava com 20% das intenções de voto. De repente venceu o primeiro turno com 46% dos votos válidos e, finalmente, presidente eleito. Pelo menos para mim foi uma grande surpresa, pois jamais pensara nisso no ano de 2010.
Até hoje muitos cientistas políticos procuram elementos para explicar, com precisão, a adesão de milhões de eleitores, a maioria trabalhadores, à alternativa ilusória do governo Bolsonaro, vendido com a promessa de acabar com a corrupção, a violência, o desemprego, a pobreza e a miséria.
Nada mudou e pela notável incompetência de um governo sem projetos confiáveis para a classe trabalhadora, “o mesmo pé que dança o samba e comemorou a vitória do denominado ‘mito’, se não perceber saídas para melhorias fundamentadas na solução dos problemas que prometeu combater, com certeza vai às ruas não para sambar, mas para lutar e derrubar o Governo.
A prioridade não é a Reforma da Previdência. Sem a Reforma Tributária, voltada para tributar os rendimentos do capital financeiro especulativo, as grandes fortunas e rendas de capital, desonerando o consumo; sem a Reforma no Sistema Financeiro, priorizando o combate à fome voraz dos banqueiros sobre a classe trabalhadora e pequenos empresários; sem a Reforma Agrária fomentando o êxodo urbano e proporcionando qualidade de vida no campo, não veremos de maneira alguma um país sem crise social e econômica.
Tenho notado que existe um núcleo duro formado por “bolsonaristas”, machistas adeptos do feminicídio, racistas e homofóbicos, insistindo em defender a política suicida do seu “mito”. Vários seguidores de Bolsonaro têm posições ultrarreacionárias, defendendo a ditadura militar, a tortura e morte de seres humanos que classificam como bandidos, perseguindo militantes comunistas de esquerda em geral, a maioria não petista.
Milhões de operários que aplaudiam Lula até o final do seu governo no ano 2010, e que trabalhavam nas regiões proletárias industriais do Sudeste e do Sul, descarregaram votos no “falso mito”. O PT perdeu, inclusive, em seus principais bastiões como no ABC paulista e não foi por pouco. Nas eleições municipais no ano de 2016 deu para notar a militância tímida do PT, boa parte paga, escondendo a estrela e a camiseta vermelha.
Quando Lula foi condenado pelo juiz político Sérgio Moro e sua turma, numa das mais céleres tramitações de um processo penal da história do Brasil, ficou evidente que a intenção era tirar Lula da disputa presidencial, pois se disputasse seria facilmente eleito, desbancando o projeto da direita. Continuo pensando: Como o PT e a CUT deixaram isso acontecer sem ir às ruas e portas das fábricas como nos anos 80/90? Ao contrário, ficavam cobrando solidariedade do nanico PSTU, formado por ex-militantes petistas expulsos do Partido.
Situações críticas como a que a classe trabalhadora está passando, sempre foram gestadas pela elite econômica brasileira de direita e extrema-direita, aliada ao imperialismo americano. Sempre jogaram as contas das crises que eles mesmos provocaram para os trabalhadores pagar. Penso que só o PT não percebera isso quando articulava alianças eleitorais e governos de coalizões com este pessoal, iludidos pela falsa governabilidade com a burguesia.
Pelo que prevejo, Bolsonaro com a sua política neoliberal aliada a Donald Trump e Benjamim Netanyahu, tende a cair cada vez mais nas pesquisas. Segundo a Datafolha em pesquisa divulgada no último dia 7 de abril, ele ainda continua com 30% de ótimo e bom. Assim, com certeza, se Lula continuar preso e políticos como Michel Temer, Aécio Neves, José Serra e outros livres, a indignação tende a crescer cada vez mais, prejudicando os planos da direita e da extrema-direita de se sustentar na direção do Brasil.
(*) WALTER MIRANDA é Presidente do Sindifisco Nacional – Sindicato dos Auditores-Fiscais da Receita Federal/Delegacia Sindical em Araraquara e militante da CSP-CONLUTAS-Central Sindical e Popular –