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O SHOW ANTIDEMOCRÁTICO DOS CANDIDATOS RICOS

(*) Walter Miranda
A divisão entre os de cima continua. A maior parte dos grandes empresários, banqueiros e
ruralistas apóiam Geraldo Alckmin. Outra parte apóia Bolsonaro. Há ainda um grupo de apoiadores de
Maria Silva, outro apoiando Lula ou com quem ele apoiar e ainda um grupo de empresários apoiando Ciro
Gomes.
Desde o último dia 16 passou a ser permitida a realização de propaganda eleitoral, como comícios,
carreatas, distribuição de material gráfico e propaganda na internet (desde que não paga), entre outras. As
campanhas encontram a maioria do povo e da classe trabalhadora indignada, desanimada. Pela rua tenho
visto muitos indignados afirmar que vão se abster, anular o voto e muitos estão indecisos. Eles têm razão.
Os governos, até hoje, mantiveram uma desigualdade social indecente. Seis bilionários brasileiros têm a
mesma renda que 100 milhões de pessoas. Os debates na TV têm a participação de apenas 8 dos 13
candidatos à presidência. Os demais são vetados, entre eles a candidata do PSTU, Vera Lúcia.
A falta de democracia não para no veto à participação nos debates. A desigualdade está também na
divisão do tempo de TV. Enquanto Alckmin (PSDB) terá quase cinco minutos de TV, o MDB de Temer e
Meirelles e o PT terão quase dois minutos cada. Já a Vera Lúcia, do PSTU, terá somente seis segundos.
O que define tudo é a grana. A coligação de Alckmin vai receber R$ 800 milhões só do fundo
eleitoral. O MDB e o PT, R$ 200 milhões cada. Isso não chega nem perto do que os candidatos vão gastar.
Meirelles pode botar legalmente R$ 70 milhões do próprio bolso. Amoedo, do velho Partido Novo, tem um
patrimônio de R$ 425 milhões e disse que vai torrar R$ 7 milhões do bolso. Bolsonaro é outro que não
gasta pouco com robôs na internet, viagens e campanha apoiada por ruralistas, donos de redes de lojas,
como Flávio Rocha das Lojas Riachuelo e Sebastião Bonfim Filho, do grupo Centauro.
A verdade é que as mudanças na legislação eleitoral foram feitas sob medida por este Congresso
lacaio dos ricos para manter no poder os mesmos que estão no poder. Enquanto temos desemprego
recorde e precarização do trabalho, a maioria das candidaturas faz promessas vazias para o povo. Elas
estão mesmo comprometidas com o mercado e com suas reformas contra a classe trabalhadora.
O Brasil está sendo recolonizado. Vem sofrendo uma desindustrialização relativa, especializando-se
na exportação de produtos básicos de baixa tecnologia. Em plena era da nanotecnologia, o Brasil é
competitivo em produtos agrícolas, da indústria extrativa e energia, da produção e exportação de carne,
enquanto 15 milhões de brasileiros passam fome.
Atualmente os trabalhadores recebem um dos salários mais baixos do mundo. O Brasil é a oitava
economia do mundo, mas está em 175º lugar em desigualdade social. O saneamento básico não chega nem
à metade da população. O governo Temer destinou no ano 2017 apenas 4,14% do orçamento para a saúde.
Assim, tem crescido a procura por planos privados de saúde com valores altos, comprometendo
substancialmente a renda dos trabalhadores.
Os candidatos que estão liderando as pesquisas não dizem com clareza como resolverão a crise
acima descrita. Elaboram programas eleitoreiros e fora da realidade. Eles sabem que sem conter o alto
endividamento do Brasil, cujos juros e amortização consomem 40% do orçamento do Brasil. Alckmin,
Bolsonaro, Meirelles, principalmente, afirmam claramente que vão privatizar tudo, ou seja, entregar tudo
para grandes empresários brasileiros e estrangeiros explorar e ficar ainda mais rico.
Não tenho ilusão de que vamos mudar a vida com eleições de cartas marcadas. Só podemos mudar
tudo que está aí com uma rebelião operária, camponesa e popular. Os caminhoneiros se rebelaram no mês
de maio de 2018 e parou o Brasil. Foram os de baixo pressionando os de cima comprovando que é possível

fazermos mudanças radicais sem nos submetermos a eleições viciadas, não democráticas de cartas
marcadas.
(*) Walter Miranda, presidente do Sindifisco Nacional – Delegacia Sindical de Araraquara, militante
da CSP-Conlutas-Central Sindical e Popular.

Redação

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