José Maria Viana de Souza
Há um consenso na ciência política, entre especialistas e historiadores que dos quarenta presidentes da República do Brasil, em média, apenas quatro foram importantes do ponto de vista da construção do Estado e da estruturação de um país com base forte e equilibrada. Foram eles Getúlio Vargas, Juscelino Kubtschek, Ernesto Geisel e Fernando Henrique Cardoso.
Eis que Araraquara, com mania de copiar o Brasil na história, assim como na invasão proposital de Pedro Álvares Cabral, em 1500, e no destino voluntário de Pedro José Neto, em 1790, somente quatro prefeitos, entre dezessete mandatos e dez personagens, foram capazes de converterem-seem protagonistas e alavancarem o desenvolvimento e a história da cidade.
Ora vejam! Minha análise tem lugar a partir da eleição de 1947, quando pela primeira vez no Brasil há de fato prefeitos eleitos pelo voto direto da população. Embora, desde a Vila, em 1833, Araraquara contou com 18 presidentes de Câmara, nove intendentes e 26 prefeitos de 1906 a 1930, durante o golpe de 1930 e do Estado Novo até a República Liberal, em 1948.
Bem, antes há que se fazer justiça! No período anterior a 1948, entre 1908 e 1930, durante a elaboração da Ideologia da Cidade-Modelo, houve a primeira grande intervenção organizada da política de Araraquara quando a cidade foi arrancada dos modos roceiros e reconstruída com uma nova infraestrutura urbana e cultural a altura de sua economia e daqueles tempos!
Esse esforço de suas elites políticas e empresariais, além de arrancarem a cidade da mancha que se abateram no velho burgo por conta do “Assassinato dos Brito”, forjou a nova identidade da comunidade, reconstruindo os rumos do povoado com características que avançaram além do seu tempo, criando as bases da Araraquara que a partir daí se tornou um modelo de cidade.
Bento de Abreu Sampaio Vidal, o mentor dessa revolução inédita nos campos gerais, contava com a colaboração presente e quase sempre autoritária do prefeito Plínio de Carvalho, que em 14 anos ininterruptos de administração, mudou os destinos de Araraquara e lançou as bases de um futuro do qual nenhum outro governo pode deixar de levar em conta no futuro.
Mas nos tempos contemporâneos, a partir de 1948, apenas quatro prefeitos, dos dez que dirigiram a cidade em 17 mandatos, foram os grandes protagonistas da história, alavancando o desenvolvimento, mudando conceitos e garantindo o futuro. Foram eles Rômulo Lupo (1956), Clodoaldo Medina (1973), Roberto Massafera (1993) e Marcelo Barbieri (2009).
Lupo recuperou a cidade quebrada desde 1930, garantindo nova infraestrutura e investimento, inaugurando na administração pública conceitos e práticas de mercado; Clodoaldo Medina industrializa a cidade, incorpora novos agentes do mercado emergente ao seu desenvolvimento, amplia a malha urbana e inaugura novo pacto de governança.
Roberto Massafera promove novo ciclo de industrialização, atualiza as exigências e pactos da Constituição de 1988 e inaugura os novos modelos de cidadania voltadas principalmente às novas reivindicações sociais. Barbieri foi o governo dos que mais realizou na construção de moradia, no atendimento à saúde, infraestrutura, educação e na nova industrialização.
Há ainda um segundo grupo de prefeitos também realizadores capitaneados por Rubens Cruz (1969) que recuperou a cidade pós-Lupo, construiu grandes empreendimentos públicos e investiu na expansão da educação; Waldemar De Santi (1977) que em 14 anos foi um dos que mais construiu em infraestrutura, nas áreas de moradia popular, escolas e postos de saúde.
E por último neste segundo grupo inscreve-se o prefeito Edinho Silva (2001) que concluiu o processo de reacomodação à Constituição de 1988 e a rede de atendimento social começada por Massafera, criou novas políticas públicas e investiu em infraestrutura e em educação. Eis os prefeitos que aconteceram na condução dos caminhos da comunidade araraquarense.
José Maria Viana de Souza é jornalista e escreveu quatro livros sobre a história de Araraquara