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Por uma nova política

O cenário político para as próximas eleições está posto e, como regra, se tem a nítida percepção de que o previsível se sedimentou. O discurso é o mesmo já ouvido em outros pleitos e, aparentemente, inexiste qualquer componente que possa impulsionar novas lideranças.

O modelo polarizado pela “velha política” dificulta a entrada de novos cidadãos na política e, de algum modo, transforma-se em descrença em nós mesmos, como povo e sociedade.

Lamentavelmente, desafiando o princípio democrático do irrestrito respeito ao estado de direito, em prol do resguardo de interesses nem sempre lícitos, não raro, atitudes ilegais são justificadas na lei, o que acaba por ensejar que a crise vivida em nosso país, antes de ser política, econômica ou social, seja moral.

Essa situação gera preocupações, enfraquece a estabilidade das instituições republicanas e o pacto social, especialmente quanto às realidades políticas, sociais e culturais, bem como contribui para que prospere o perigoso desencanto pela falta de perspectiva.

Desde a redemocratização do país, que teve como marco a promulgação da Constituição de 1988 que assegurou, em linhas gerais, o funcionamento do Estado e a garantia dos direitos fundamentais à população, inegavelmente, as eleições deste ano são as que trazem as maiores incertezas. Há uma evidente crise sociopolítica que gera um o clima de desilusão e de insatisfação com a “política”.

Ante o ceticismo que se instalou, é comum se ouvir dizer: ‘em quem devo votar?’; ‘qual deles tem uma visão e um projeto que atenda aos interesses da coletividade, posto que todos são iguais perante a lei, e não de grupos que segmentam a sociedade?’; ou ‘qual candidato é confiável?’.

Mas nas democracias, onde deve imperar o irrestrito respeito às leis e aos direitos fundamentais, ou seja, o estado de direito, as eleições favorecem a reflexão e o debate em torno das previsões de futuro, sobretudo porque todo cidadão, por meio do voto, tem o poder-dever – enquanto capacidade e competência – de exercer a cidadania e, portanto, interferir no desenvolvimento de uma estrutura sociopolítica estável que possa refletir melhor a vontade da população.

A política é um instrumento que ajuda a traduzir esse sentimento e, filosoficamente, como o homem é um ser político, espera-se que todo cidadão brasileiro busque escolher e eleger pessoas comprometidas com a ética e a moral para que, quando investidas no mandato popular, exerçam aquela atividade com dignidade e honestidade, ajudando na melhoria da sociedade.

Assim, para aqueles que buscam contribuir para o bem comum, agora é a hora do basta para os postulantes que se apresentam como vestais, mas, quando investidos em seus mandatos, enganam o povo ao utilizarem os instrumentos da corrupção, da fraude e da mentira para fazer prevalecer seus interesses pessoais ou de grupos que representam.

Na minha avaliação pessoal, analiso os candidatos na busca daquele cujo discurso se coaduna com suas atitudes e que cujo passado demonstra bom comportamento como membro de família e na atividade profissional que desempenha, bem como que em suas ações mostra ter conduta de vida cristã e envolvimento com a comunidade.

Neste momento significativo da cidadania e para o país, ao se exercer com responsabilidade o poder-dever de cidadão e buscar mecanismos de aperfeiçoamento do modelo do Estado, potencializamos o surgimento de lideranças políticas que privilegiem o bem comum, valorizem a integridade e ajudem no ajuste do equilíbrio entre liberdade e igualdade dos seres humanos.

É com base nessas premissas que, criteriosa e conscientemente, confiarei meu voto ao candidato que possa trabalhar por uma nova política e, sobretudo, pela construção de um Brasil mais justo e perfeito.

Paulo Eduardo de Barros Fonseca é vice-presidente do Conselho Curador da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, presidente da APAESP – Associação dos Procuradores Autárquicos do Estado de São Paulo e sócio do escritório Sheldon Barros Fonseca Advogados.

Redação

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