Início Cultura e Lazer Sesc apresenta ‘Terrenal – Pequeno Mistério Ácrata’

Sesc apresenta ‘Terrenal – Pequeno Mistério Ácrata’

A história bíblica de Caim e Abel, dois irmãos que vivem às brigas competindo tanto pela atenção do “pai” quanto pela propriedade, é o argumento de ‘Terrenal – Pequeno Mistério Ácrata’, espetáculo que está em cartaz no Teatro do Sesc Araraquara neste sábado (18), às 20 horas.

A direção é de Marco Antônio Rodrigues, com tradução de Cecília Boal e um elenco composto por Celso Frateschi, Sergio Siviero, Dagoberto Feliz e Demian Pinto, que faz a trilha ao vivo no espetáculo. Os ingressos vão de R$ 5 a R$17 e já estão disponíveis para compra no Portal do Sesc (sescsp.org.br/araraquara) e nas bilheterias das unidades.

Por meio de uma linguagem cênica que prioriza a comicidade, a tragicomédia e a metateatralidade, ‘Terrenal’ aponta em um pano de fundo, conflitos sociais. O texto bíblico do livro de Gênesis narra o que é considerado o primeiro assassinato do mundo, mas Kartun aproveita este mito e vai além – usa esta potência do conflito para falar de assuntos contemporâneos que envolvem justiça, riquezas e visão de mundo. Aliás, com muito merecimento, a questão tem aparecido em outras searas artísticas, como o emblemático livro “Caim”, de José Saramago, da Companhia das Letras, que nas palavras de Juan Arias, jornalista e escritor, “(…) é também um grito contra todos os deuses falsos e ditadores criados para amordaçar o homem, impedindo-o de viver, em total liberdade, sua vida e seu destino”.

Com recursos circenses, a peça aponta para metáforas contemporâneas de nossa sociedade, como um Caim (Dagoberto Feliz) fixado em sua terra, acumulador de bens e moral. Já Abel (Sergio Siviero) é o nômade, sem muitas ambições além de ‘pastorear’ suas minhocas, é o paradoxo do irmão. Tata (Frateschi) é o pai de ambos, dual, carrega em si o caráter libertário e opressor, é aquele que os abandonou por 20 anos, mas também é aquele que volta e festeja.

O texto original é de Mauricio Kartun – considerado um dos mais importantes dramaturgos da Argentina e uma referência no teatro latino-americano. Com mais de quatro décadas de carreira, o artista tem realizado trabalhos marcados pelo compromisso com a atualidade política de seu país, além de um texto que flerta com a mitologia clássica. ‘Terrenal’ foi traduzido para o português por Cecília Boal, viúva de Augusto Boal, principal liderança do Teatro de Arena (SP) na década de 1960, criador do teatro do oprimido, metodologia internacionalmente conhecida que alia teatro e ação social.

O dramaturgo fez parte do grupo teatral argentino El Machete, que encenou em 1973 na extinta Sala Planeta em Buenos Aires a peça ‘Ay, Ay! No hay Cristo que aguante, no hay!’ adaptação de “Revolução na América do Sul”, com a direção de Augusto Boal.

Desde a sua estreia em terras portenhas em 2014, ‘Terrenal’ tem se mostrado um fenômeno da cena teatral independente da argentina. São mais de 65 mil espectadores e dezenas de premiações, como os argentinos Prêmio de Crítica da Feira do Livro, pelo texto, e o Prêmio da Associação de Cronistas de Espetáculos (melhor obra). O Instituto Augusto Boal é o idealizador e a Associação Cultural Corpo Rastreado e a DCARTE são coprodutoras do espetáculo.

Serviço
Espetáculo Terrenal – Pequeno Mistério Ácrata
Dia: 18/5, sábado
Horário: 20h
Local: Teatro
Classificação: 18 anos
Não é permitida a entrada de menores de 18 anos, mesmo acompanhados dos pais.
Ingressos
(Limitados a 2 por pessoa)
R$ 5 (Credencial Plena);
R$ 8,50 (aposentado, pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e servidor da escola pública com comprovante);
R$ 17 (Inteira / Credencial Atividades).

Redação

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