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Sesc realiza evento de abertura da exposição “Retratistas do Morro” nesta quinta-feira (15)

Com acervo de João Mendes e Afonso Pimenta, exposição revela 50 anos de memória e resistência no Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte

A partir desta quinta-feira (15), o Sesc Araraquara recebe a exposição Retratistas do Morro, que reúne fotografias dos acervos de João Mendes e Afonso Pimenta, dois importantes fotógrafos populares que documentaram a vida cotidiana do Aglomerado da Serra – maior conjunto de comunidades de Belo Horizonte (MG). A mostra tem curadoria do artista e pesquisador Guilherme Cunha e fica aberta à visitação até 14 de dezembro de 2025.

O projeto parte de um extenso trabalho iniciado em 2015 por Cunha, que catalogou, restaurou e digitalizou aproximadamente 250 mil negativos dos dois fotógrafos. As fotografias retratam momentos do dia a dia entre os anos 1960 e 1990, evidenciando as dinâmicas sociais, políticas e culturais da comunidade.

Mais do que registros visuais, as imagens revelam aspectos íntimos da vida na favela: casamentos, batizados, jogos de futebol, velórios, bailes black soul, formaturas, construções de casas, entre outros eventos marcantes. Segundo o curador, esses retratos apresentam uma perspectiva única da história urbana brasileira, construída a partir da vivência dos próprios moradores das periferias.

A mostra está dividida em três núcleos: Retratos, com registros domésticos e de estúdio feitos por João Mendes; Bailes, que traz imagens emblemáticas dos bailes soul dos anos 1970 clicadas por Afonso Pimenta; e Espaço das Becas, com fotos de formaturas escolares que destacam conquistas simbólicas das famílias do Aglomerado.

O Aglomerado da Serra é composto por oito vilas e abriga cerca de 50 mil habitantes. Formado majoritariamente por migrantes do interior de Minas Gerais desde o início do século XX, o território é um importante símbolo da luta e da resistência das populações periféricas. A exposição revela a história e a identidade desses moradores, dando visibilidade a eles por meio do olhar sensível e comprometido de dois retratistas que também compartilham dessa trajetória

João Mendes mantém a tradicional “Foto Mendes” na comunidade, onde segue registrando moradores há mais de quatro gerações. Afonso Pimenta, por sua vez, iniciou na fotografia como assistente de João e, a partir de 1967, passou a documentar a efervescência cultural da juventude negra nas periferias de Belo Horizonte.

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