Por Tito Cassoni
“Setembro Amarelo” foi a designação que se convencionou dar a este mês, desde 2014, para lembrar a luta que se deve realizar contra o suicídio. Coloriu-se este mês de amarelo para ressaltar o principal objetivo do mesmo: a necessidade da prevenção do suicídio.
Não sei se a escolha desta cor para a citada promoção foi adequada, vista a interpretação popular que essa coloração tem em seu significado. A cor amarela nos traz à lembrança a fraqueza física de quem a tem (“ficou tão fraco que amarelou”), ou o medo: (“ficou amarelo de medo”). O verde, provavelmente, daria mais esperanças. Segundo o CVV (Centro de Valorização da Vida), ocorrem no Brasil, cerca de 0,6 por 100 mil habitantes ou cerca de 12 mil suicídios por ano; considerado hoje, um problema de saúde pública.
Mas o que é o “suicídio”? Suicídio é o ato feito pelo ser humano de acabar com a sua própria vida. O verbo “acabar” é um verbo perfectivo por se ter a noção de que se perfaz, e que algo se leva a cabo. A palavra suicídio provém do latim “sui: a si mesmo” e “cida: que mata”. Que me perdoem as Aparecidas. O verbo “suicidar” classifica-se como verbo pronominal: ações concebidas com o pronome. São verbos conectados a um pronome, como “arrepender-se ou queixar-se”. O verbo correto é suicidar-se. Para alguns seria um pleonasmo, dada a redundância; gramaticalmente, não. O “se” é parte integrante do verbo. Essa definição, também, é discutível. Como explicar a morte de uma vítima inteligente e desarmada, que num assalto à mão armada avançade forma intempestiva contra um bandido fortemente armado? Que nome devese dar a esse ato? Suicídio homicida? Ou homicídio suicida?
No mundo ocorre 1 suicídio a cada 40 segundos. Cerca de 800 mil pessoas cometem suicídios a cada ano, número maior do que o de vítimas de guerra, homicídios ou câncer de mama, segundo um novo relatório da Organização Mundial de Saúde.
No Brasil a profissão que mais está exposta ao suicídio é a polícia militar, sendo a mineira a campeã. O suicídio mata mais policiais do que o confronto dos mesmos com bandidos.
No nosso país houve 53 suicídios de policiais só em Minas, em 2018, mais que o dobro de 2017. As tentativas passaram de 6 para 14.80%dos suicidas militares tinham em média 39 anos e 75% eram casados.
As principais causas do suicídio entre jovens são a baixa autoestima, histórico de abusos (bullyng, preconceitos e agressões), problemas para lidar com a própria sexualidade, reflexos de superproteção ou então quando o Corinthians é mandado para a 2ª divisão. Os candidatos apresentam distúrbios de humor, transtornos por uso de substâncias psicoativas, bastante comum nas universidades.
Por tudo isso o “Setembro Amarelo” é importante. Precisamos alertar a sociedade para o problema.
Segundo o CVV, nove em cada dez destas mortes poderiam ser evitadas se a pessoa que passava por um transtorno mental naquele momento tivesse recebido ajuda a tempo. O CVV recomenda aos candidatos procurarem seus agentes, preparados para a devida dissuasão.
Para mim outro ponto de dúvidas. O CVV, para o qual tenho o maior respeito, não vai evitar a pretensão do candidato. Pode, no máximo, adiá-la, o que não deixa de ser uma vitória. Primeiro porque é difícil perceber seus sintomas por parte de terceiros e segundo porque os terceiros que se aperceberam das intenções do suicídio nem sempre estariam preparados para a devida dissuasãoe terceiro porque não levou em consideração que o primeiro cuidado do candidato para essa solução é a abstração. O ato só surpreende os outros, não o candidato que já tinha tudo, minuciosamente premeditado
Para filósofos, esse ato é, antes de tudo democrático. A democracia se caracteriza pelo respeito e tolerância aos atos alheios. Dissuadi-lo, sim. Impedi-lo, jamais.
Como disse o escritor austríaco Thomas Bernahard”o bem mais precioso do homem é sua liberdade para abandonar o mundo pelo suicídio”. Segundo o músico brasileiro Caetano Veloso: “Incrível a força que as coisas têm, quando elas têm que acontecer”. Afinal, o que é certo ou errado? Se a verdade é certa ou errada é juízo de valor. É totalmente discutível. Se a verdade está errada, já deixa de ser verdade. Como disse o grande poeta alemão Goethe: “A morte é, de certa forma, uma impossibilidade que, de repente, se torna realidade”.
Exemplifiquemos. Suponhamos que um místico brasileiro induza os nossos políticos a um suicídio coletivo. Assim como fez alguns místicos americanos, como o Jim Jones ou o Charles Manson. Claro, trata-se de uma suposição. Tomemos por exemplo, só como exemplo –algo aparentemente impossível, volto a frisar -,um suicídio coletivo de vários políticos daqui ou algures, como um Trump, ou o Lula, ou o Maduro ou o Geraldinho Alquimim, ou o Aécio Neves, ou o Palocci, ou o Putin, ou o Dória, ou o Bolsonaro,ou o Macriresolvessem se suicidar.O que poderíamos fazer? Absolutamente nada. Trata-se de manifestação de vontade coletiva e isso tem que ser respeitado. Deixemos que o façam. Claro que se soubermos, procuraríamos dissuadi-los. A perda seria irreparável, mas nada poderia impedi-los.Se esses atos de loucura coletiva, seriam benéficos ou não à sociedade, só o tempo responderia. Se esses suicídios coletivos viessem a provocar em seus conterrâneos euforias desmedidas ou choros convulsos, só o tempo poderia responder.
Isso seria possível? Como disse o bioquímico americano George Wald (1906-1997): “Num intervalo de tempo suficientemente longo, o “impossível” se torna possível, o possível provável e o provável virtualmente certo. Basta esperar: o tempo por si só realiza milagres”.
Milagres, disse eu? Não. Quem disse foi Wald, que até Prêmio Nobel foi em 1969. Afinal, só para chatear uma pergunta antiga e até hoje sem resposta: O suicídio é um ato de coragem ou covardia?