Início Araraquara Setor cultural pede manutenção de políticas públicas na próxima gestão municipal

Setor cultural pede manutenção de políticas públicas na próxima gestão municipal

Artistas temem que prefeito eleito deixe o setor sem investimentos

Artistas, produtores culturais e outros representantes do setor participaram da Audiência Pública “O futuro da cultura em nossa Morada”, no Plenário da Câmara Municipal, na noite de segunda-feira (4). O evento foi organizado pela vereadora Fabi Virgílio (PT) e pelo vereador Alcindo Sabino (PT).

Na abertura da audiência, a secretária municipal de Cultura, Teresa Telarolli, fez uma apresentação das principais políticas realizadas pelo município na área cultural nos últimos anos — dentro da gestão do atual prefeito, Edinho Silva (PT).

Em seguida, o público presente ressaltou a importância dos projetos de fomento à cultura e demonstrou preocupação com o futuro do setor durante o próximo governo municipal, a ser liderado a partir de janeiro de 2025 pelo prefeito eleito, Dr. Lapena (PL) — que não enviou representante para o evento.

Fabi afirmou que uma carta-compromisso com os pedidos dos profissionais da área da cultura, abordando os assuntos tratados na audiência, será elaborada e entregue a Lapena. “Na primeira semana de janeiro, eu e o Alcindo nos comprometemos a solicitar uma agenda com o prefeito eleito, com o documento em mãos, e vamos entregar juntos”, relatou.

Em sua fala, Alcindo destacou o calendário de eventos culturais realizados na cidade, além do projeto Oficinas Culturais, e disse que “a gente não pode retroceder”. O vereador ainda falou da necessidade de se refletir sobre “o que nós vamos fazer daqui para frente para avançar na questão da cultura”.

O coordenador do Comitê de Ação Cultural da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp Araraquara, Alexandre Campos, afirmou que as atividades culturais promoveram um vínculo maior entre a universidade e a comunidade. “A universidade sempre se estabeleceu nos eixos da pesquisa, do ensino e da extensão. Um quarto eixo está tomando forma: o da cultura. Faço um apelo para que neste momento a gente se fortaleça”, declarou o professor doutor, que compôs a mesa de autoridades.

Filipa Brunelli (PT) também esteve no evento e utilizou a palavra. “Eu me coloco à disposição para a luta da defesa da cultura na nossa cidade. Não sabemos o que de fato vai acontecer, mas estaremos aqui em defesa de políticas públicas emancipatórias. Cultura é o que se deriva de um povo. Se o nosso povo é diverso e plural, é essa pluralidade que vamos defender que continue ocupando as ruas da nossa cidade”, disse a vereadora.

Balanço

Teresa Telarolli informou que R$ 13 milhões foram investidos para obras em prédios administrados pela Cultura nos últimos quatro anos, o que inclui as reformas da Casa da Cultura (em andamento), do Teatro Municipal (reinaugurado neste ano) e de museus, além da criação da Casa do Hip-Hop.

A secretária também ressaltou a política de editais de projetos culturais. “De 2021 até setembro de 2024, executamos 66 editais. Isso sem falar do período da pandemia, em que fomos uma das primeiras cidades do país a colocar em prática editais de socorro aos artistas locais. Nesse momento da pandemia atendemos mais de 1.000 artistas locais e 44 espaços culturais foram socorridos”, explicou.

Além disso, as Oficinas Culturais saíram de 270 alunos no início de 2017 para mais de 4.000 inscritos em todas as regiões da cidade, segundo Teresa. Entre recursos da secretaria e da Fundação de Arte e Cultura de Araraquara (Fundart), o investimento no programa é de R$ 1,3 milhão por ano — sendo R$ 950 mil para artistas e educadores culturais.

A secretária parabenizou o público presente, que lotou o Plenário da Câmara na audiência. “Poucas vezes eu vi um nível de envolvimento e mobilização como estou vendo hoje. Isso me acalenta e me dá esperança, uma sensação de recompensa pelo trabalho executado. A capacidade de mobilização pela cultura faz com que eu, pessoalmente, ache que tem valido a pena. Não é um momento triste. É um momento de preocupação. E é uma legítima preocupação, porque nos deparamos com o novo. E o ser humano se assusta com o novo. Isso independentemente das implicações ideológicas e do nosso sistema de crenças”, concluiu Teresa.

Redação

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