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Vão e desgraçado

Colaboração: Célia Pires

A Biblioteca Municipal Mário de Andrade, em Araraquara, foi o local escolhido pelo escritor que residiu em Araraquara, Alexandre Dantas, para o lançamento de seu livro ‘Vão e Desgraçado’, que sai pela Editora Urutau e traz ilustrações de Helton Souto. A noite de autógrafos terá início às 19 horas.
Alexandre conta, orgulhosamente, que é pai de João Gabriel e Pedro Vinícius, que adora música, principalmente rock de qualquer tipo e segue acreditando nos versos de Jim Morrison “Music is your only friend until the end”. “Falta pouco para o meu cinquentenário, já que nasci em São Paulo, em 1971. Residi até os 30 anos em Araraquara quando mudei para Poços de Caldas-MG”.
Dantas fez graduação em Ciências Sociais pela UNESP–Araraquara, além de Mestrado e Doutorado em Sociologia na mesma instituição. Há 18 anos é professor na PUC Minas, atualmente lecionando nos cursos de Direito e de Relações Internacionais. Em tempo: tem uma gata, chamada Mafalda, em homenagem à icônica personagem do cartunista Quino.
Sobre o conteúdo da obra, um dos contos é a totalização de cada poesia de sua dissertação no mestrado sobre os assentados. “Peguei essas poesias e rearranjei os conteúdos, ampliei, amplifiquei e transformei como se fosse uma entrevista  que uma pessoa está fazendo com um homem que vive na terra. Transformei essas poesias em texto corrido. Também tem posts de Facebook transformados em contos, outro como se fosse uma carta em que o homem escreve para a mulher amada sobre o relacionamento que não deu certo; outros com teor humorístico, como o caso do síndico; outro com nome próprio como ‘Marta’. Tem um conto que fiz especialmente para meus filhos aos quais também dedico o meu livro”, diz acrescentando que faz também uma homenagem para um dos diretores de cinema que mais gosta que é o Quentin Tarantino.

O livro, composto por 25 contos, passeia sobre vários estilos e pode ser lido aleatoriamente sem a preocupação da sequencia. Segundo o autor, o último conto traz, propositalmente, o título “Em lugar do último conto (ou esparsas notas catadas e mais ou menos organizadas acerca da elaboração de um texto)”, materializa sua impressão do escrever enquanto uma “tarefa hercúlea”.

“E assim o é. O escritor é aquele que, com muito trabalho e dedicação, oferece sentido às palavras, isoladas ou em conjunto. Por isso que eu considero, na minha humilde opinião, que a maior obra da literatura (brasileira ou não) é Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa. Jamais encontrei em qualquer outro texto, tanto no aspecto quantitativo como principalmente qualitativo, os sentidos que o autor, de forma magistral, ali oferece. Como que uma frase assim escrita “Os olhos nossos donos de nós dois” não causa impacto, não emociona, não fica introjetada nos emaranhados do nosso coração? Impossível não querer namorar esse sentido. Impossível não querer se enroscar nesse sentido. Impossível.  
Quanto ao estilo de escrever, Alexandre acredita que se adquire antes e que o  aprimoramento da escrita vem depois, como,por exemplo, como conseguir ser mais sintético para reproduzir uma ação ou um dialogo”.
Questionado se pudesse voltar no tempo e dar um conselho a si mesmo conta que apesar de já ter lido muito, seria o  de ler muito mais do que leu. “Quanto mais se lê mais se amplia o vocabulário, trazer consigo uma quantidade maior de elementos para construção das frases e sobretudo dar sentido, pois não basta somente escrever, tem que dar sentido ao que foi escrito. Estaria num nível muito maior de escrita, de crescimento e outro conselho seria o de que na hora que terminasse o texto finalizasse o mesmo e não ficar relendo a toda hora”.
A razão de escrever está em externar alguma emoção que está  nele e levar as pessoas a refletirem sobre o que está escrevendo, buscando um despertar, uma percepção crítica de quem está lendo. “Acho que esse é o papel principal de quem escreve. Não escrever por escrever por uma questão pessoal , simplesmente para ter um livro publicado, mas para que aquilo chegue ao outro de alguma forma o que o outro vai fazer com aquilo é problema do outro. Já não tenho mais controle sobre isso”.
Alexandre não sabe dizer, precisamente, desde quando escreve, mas enfatiza que se não fosse por duas professoras, uma no Ginásio (hoje Ensino Fundamental) e uma no Ensino Superior, com certeza não teria desenvolvido o gosto, a habilidade, a paciência para escrever. “Por isso, ressalto a importância das professoras (uma classe desvalorizada, maltratada, ignorada por parte daqueles que detêm o poder) em nossas vidas. Por isso, sou grato a elas, para sempre. Obrigado às queridas Maria Lúcia Merola Lemos e Dulce Consuelo Andreatta Whitaker. Encerro, ressaltando que a minha alegria, ao ver este livro materializado se amplifica, pois as duas poderão, ainda em vida, sentir a relevância que elas têm — e sempre tiveram — no que, para mim, significa escrever”. A publicação tem o valor de R$40,00.


Redação

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