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A raiz da família está podre

Suze Timpani

Alguns problemas recorrentes em famílias que se utilizam da ajuda do Conselho Tutelar na cidade vêm chamando a atenção. A conselheira Tutelar em Araraquara, Cleuza Toloi, relatou à reportagem os conflitos que assolam as novas formas de família.
As separações entre os casais têm chegado como uma bomba dolorosa para os filhos, muitos pais querem apenas cumprir o protocolo expedido pelo juiz quanto a seus filhos – visitas nos finais de semana sem a menor responsabilidade. Outros ainda disputam na justiça a possibilidade de ficar com os filhos para que a ex-mulher não receba os benefícios financeiros e, na maioria das vezes, são as crianças que sofrem, pois alguns deles, não têm condição de educar e deixam esses filhos com os avós ou parentes, somente para não pagarem pensão.

A conselheira afirma que muitas crianças estão com problemas psicológicos, pois não têm idade para lidar com as situações – um exemplo dado é de uma garota de 10 anos que tem febre e vômitos, quando chega o final de semana que vai ficar com o pai. “A menina não quer ir, pois se sente excluída, o pai vai para casa da namorada e a deixa com familiares que sequer alimentam a menina”.
Outro fato também apresentado é de crianças que ficam com o pai no final de semana, e quando voltam para a casa da mãe costumam comentar que viram o casal nu. Para a conselheira, isso significa que a criança fica exposta a relacionamento sexual.
Segundo Cleuza, toda segunda-feira ela recebe vários telefonemas de mães desesperadas, pois seus filhos não querem ficar com os pais e a justiça não toma uma posição, pois esses homens, na maioria das vezes, mentem e querem atingir a ex-companheira.

“Esse tipo de comportamento dos pais desencadeia uma série de problemas que terão um resultado desastroso no futuro. Essas crianças que ficam como ‘joguete’ de interesses, que crescem sem estrutura familiar, e que têm estado emocional debilitado, vão para as drogas facilmente na adolescência. Quando a raiz da família é podre, os problemas se apresentam de várias formas: pais sem responsabilidade é a base, que acreditam que a escola tem que suprir a educação que não tem em casa, acarretando uso de drogas, falta de limites, crianças que mandam em casa e chegam a bater em suas mães, algumas fogem de casa durante a noite para ficar em ‘biqueiras’ de drogas, pais permissivos entre outros”, ressaltou.
Para ela, é hora de chamar os pais à responsabilidade na questão familiar, reestruturar as leis e a família, pois não é mais possível as mães irem até o Conselho Tutelar e pedir para que coloquem seus filhos em abrigos, pois não conseguem aguenta-los “Não educou quando devia, agora quer jogar fora como se fossem animais”, afirmou a conselheira.
Cleuza, na tentativa de ajudar as famílias desestruturadas que se apresentam hoje, faz palestras em várias escolas, empresas, igrejas e também presídios femininos. “Um olhar sobre a educação familiar”, onde os tópicos são: Estrutura, intimidade, responsabilidade na criação, palavras que não devem ser ditas, além de alertar sobre abusos por parte de padrastos, tios, avôs, amigos e etc.
Esse tipo de entendimento para as famílias pode, inclusive, quebrar o círculo vicioso da gravidez precoce que tanto tem atingindo as adolescentes, e que tem aí a raiz do problema.

Redação

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