Ariane Padovani
Com seu jeito alegre e moleca de ser, a influencer e youtuber Nicole Maria, de 24 anos, já conquistou 33,1 mil seguidores no Instagram e um pouco mais de quatro mil em seu canal no YouTube, números que ela espera que continuem a crescer. Formada em designer de moda, a menina afirma adorar a exibição que seu trabalho nas redes sociais exige, escreve poesia para extravasar os sentimentos, pratica meditação, planeja lançar um livro sobre a sua vida e sonha em morar em São Paulo, cidade que pulsa moda.
“Eu tenho muita vontade de fazer coisa grande e na capital tem mais possibilidades do que aqui em Araraquara. Quero mostrar para os meus pais que o meu trabalho é possível e que eu consegui conquistar as minhas coisas com ele”, contou Nicole, que cria conteúdo para o seu Instagram há três anos. “Quando eu comecei não tinha muitas blogueiras, pois aqui demora um pouco para chegarem as coisas. Eu acompanhava as de fora, assistia muitos vídeos de gringas de tutorial de maquiagem e, como eu sempre gostei de customizar e reformar peças, decidi criar um Instagram para ensinar a customizar. Mas, conforme o tempo foi passando fui vendo que o meu público gostava muito de acompanhar a minha rotina, conhecer a minha história e as coisas que eu passei, eles acabam tendo uma identificação e criamos um elo com os seguidores, foi onde mudei meu nicho, passei de DIY, que é faça você mesmo, para mostrar o meu dia a dia, sempre com humor, de uma maneira mais leve para ficar descontraído”, explicou a influencer.
A designer de moda revela que sua conta no Instagram nunca foi 100% comercial, tanto que demorou a enxergá-la como uma ferramenta de trabalho. “Acho isso um erro, porque eu cresci bem, tenho um público bem engajado, mas demorei a ver um potencial de trabalho em parcerias para valorizar o meu trabalho. Quando você consegue mesclar o profissional com o pessoal, acho que dá uma leveza, porque se eu ficasse só divulgando marca desde o começo talvez não conseguisse o público que tenho hoje. Ninguém quer pegar um Instagram que é 100% trabalho, então tem que ter uma leveza para as pessoas terem uma identificação para quando você apresentar o produto ela confiar naquilo que você está falando. Não adianta ter números e não ter engajamento, você precisa criar um elo para quando você fizer um trabalho a pessoa querer assistir, porque ela gosta tanto de você e do que você fala, que vai gostar de ver o que você está mostrando”, falou Nicole.
Begônia
Nicole criou a marca ‘Begônia’ na faculdade como trabalho de conclusão de curso e, depois que se formou, lançou a sua primeira coleção de roupas inspirada no filme ‘O fabuloso destino de Amélie Poulain’. “É um filme muito poético e tinha tudo a ver com o que a minha marca quer passar. Fiz roupas mais atuais, peguei como inspiração a cartela de cores e o tecido Poá que usava bastante na época e agora voltou a ser tendência. Algumas peças eu vendi, outras não, porque eu usei tecidos mais encorpados, então coloquei um preço mais elevado, que era o justo. Mas depois dei uma desfocada, porque percebi que precisava focar em um nicho para conseguir crescer e acabei decidindo focar mais no Instagram e no meu canal do YouTube. Eu sinto que o mercado aqui em Araraquara para moda é um pouco complicado, então sempre consegui trabalhos apenas na área de vendas. A faculdade de moda tem um leque de opções, você consegue trabalhar com vitrinismo, em um blog escrevendo sobre moda, visual merchandising, mas aqui não tem tanto mercado como em São Paulo, por exemplo. Lá pulsa moda, aqui já é mais moda rápida, não tem tanto mercado. É mais lançar a marca e vender online”, confessou a designer, que pensa em lançar uma segunda coleção no ano que vem. “Mas ainda são só planos”, ressaltou.
Moda sustentável
A influencer é adepta do consumo consciente e da moda sustentável, por isso customiza suas roupas e ensina seus seguidores a fazerem o mesmo. “Desde novinha eu pegava uma caixa de papelão e fazia uma arte. Sempre tive isso de olhar para alguma coisa e não enxergar só aquilo, eu gosto de ver possibilidades. Às vezes eu vejo uma blusa em uma loja, mas lembro que tenho uma saia longa que não estou usando, então em vez de comprar um tecido pego a saia que está parada e a transformo na blusa que eu queria. Sempre achei legal mostrar isso para as pessoas para elas verem que é possível, além de economizar você tem um consumo mais consciente e adere a moda sustentável. Eu gosto muito de comprar em brechós, porque tem muita roupa boa, de marca e às vezes com etiqueta”, expôs Nicole.
Vídeos
Nicole começou no YouTube mostrando e ensinando essas customizações, mas aos poucos, conforme foi se sentindo mais à vontade, passou a mostrar nos vídeos um pouco sobre a sua vida também. “Eu perdi uma pessoa muito especial e o primeiro vídeo que eu fiz falando da minha vida foi sobre isso. São públicos totalmente diferentes. No Instagram estão as pessoas que gostam de coisas rápidas, já no YouTube eu sinto que as pessoas estão mais preparadas para sentar, te ouvir falar e aprender. Então tem conteúdo que eu mando para o YouTube e não mando para o Instagram ou então mando, mas de maneira diferente, no vídeo é mais explicativo”, instruiu a youtuber.
Oficina
Nicole estará presente na 3ª Semana do Jovem Empreendedor, que começou nessa segunda-feira (7) e vai até sexta no Centro de Referência de Assistência Social “Benedito Ruffino de Moura” – CRAS Yolanda Ópice. A influencer ministrará uma Oficina sobre como começar a criar conteúdo no YouTube, as principais características da rede e melhores práticas para se tornar um youtuber com rentabilidade na plataforma. Os participantes poderão tirar suas dúvidas e montar um projeto de canal.
“Eu já fiz outra oficina em um outro lugar sobre moda sustentável e consumo consciente, onde eu ensinei a customizar. Também já dei uma palestra no Senac falando sobre o YouTube e o Instagram. Nessa do dia 10 eu vou ensinar a customizar, mas vou abordar também o YouTube, até como uma possibilidade para as pessoas trabalharem na criação de conteúdo. Quando eu comecei não tinha ninguém para me auxiliar, então acho legal passar o meu conhecimento para as pessoas”, narrou Nicole.
Futuro
A designer de moda acredita que a tecnologia está avançando muito rápido e pode ser que amanhã surja uma plataforma que domine mais do que o Instagram, o que forçaria as influencers a começarem do zero de novo. “Mas acho que essa profissão tem uma forte tendência a crescer, acho que veio para ficar. Tudo evolui, temos que evoluir junto, temos que ter a mente aberta para conseguir acompanhar. Eu sinto que o mercado não está pronto ainda para esse tipo de trabalho, as pessoas não valorizam tanto. O marketing digital está crescendo pra caramba, então eu vejo como um investimento para o contratante, mas muitos não têm essa visão, isso complica na hora de mostrar o nosso trabalho. Araraquara ainda precisa expandir a mente”, advertiu Nicole, que alega nunca ter faltado com a verdade com seus seguidores. “E acho que é isso o que as pessoas querem. Quando não estou bem, eu falo, porque eu não sou uma máquina, sou um ser humano, então vai ter dia que não vou estar legal, quando erro peço desculpas. Já teve empresas com quem não fechei negócio porque não me identifiquei, a gente tem que prezar pela verdade”, finalizou.