Em setembro, o valor médio da cesta básica em Araraquara apresentou queda de 0,09%, segundo a pesquisa mensal do Núcleo de Economia do Sincomercio Araraquara. De acordo com o levantamento, o custo da cesta que em agosto deste ano era de R$ 939,40 passou para R$ 938,52, ou seja, um barateamento de R$ 0,88.
No período, dois dos três grupos de produtos apresentaram aumento de preço. O de alimentação, que possui maior peso sobre o custo total da cesta, foi o único a apresentar queda, com variação percentual de -0,54% no mês, ou R$ 4,18 a menos, sendo responsável pela deflação da cesta analisada. Entre as altas, o grupo de limpeza doméstica foi o que apresentou maior elevação, 3,73%. Na sequência, os itens de higiene pessoal tiveram aumento de magnitude menor, 0,70%.
No mesmo mês, os produtos com maior acréscimo percentual foram: batata (21%), cebola (5,7%), sabão em barra (5,7%), água sanitária (5,0%), sabão em pó (3,2%) e extrato de tomate (3,2%). E as principais quedas percentuais foram: queijo muçarela (-22,2%), alho (-14,7%), feijão carioca (-7,6%), óleo de soja (-4,5%) e arroz branco (-1,8%).
O queijo muçarela foi o produto que mais reduziu em termos reais, provocando economia de R$ 5,87 no custo médio da cesta, em razão da queda de R$11,74 no valor do quilo. Por outro lado, o aumento que mais pesou no bolso do consumidor veio da carne de primeira – contrafilé, que apresentou elevação de R$3,25 no custo da cesta analisada, em razão da alta de R$1,08/quilo.
“Captado por meio do preço do queijo muçarela, que registrou a principal variação percentual mensal negativa e a queda com maior impacto sobre o custo da cesta, o barateamento do leite ocorre devido à três fatores: aumento das importações, aumento da produtividade no campo e enfraquecimento da demanda. Dessa forma, no mercado forma-se um cenário de estoques de derivados lácteos alto, enquanto simultaneamente a produção interna no campo volta a se recuperar”, avalia Icaro Zancheta, pesquisador do Núcleo de Economia do Sincomercio.
Pelo lado das importações, houve uma elevação do volume importado de leite, que aumentou 63,8% em agosto, por conta da baixa oferta deste produto no mercado interno. “Também pelo lado da oferta, o retorno das chuvas da primavera favorece a disponibilidade e a qualidade das pastagens, e, de acordo com CEPEA-ESALQ/USP, consequentemente, eleva a oferta de leite e diminui seu preço”, reforça Icaro.
O pesquisador ressalta ainda que, de acordo com o CEPEA, houve o enfraquecimento da demanda por leite e seus derivados desde a segunda quinzena de julho, por conta das altas persistentes de preço observadas a partir de junho.
Já entre as altas, a batata figurou entre as maiores variações percentuais positivas. Novamente de acordo com o CEPEA, esse movimento é resultado da diminuição na oferta nacional de batatas, que se deve a desaceleração das colheitas da safra de inverno e do grande volume de chuvas, principalmente na última semana de setembro, o que causou um excesso de água no solo, impedindo que a maioria dos produtores realizassem sua colheita.
Inflação
No acumulado entre janeiro e setembro de 2022, a cesta básica encareceu R$ 103,65 – o que corresponde a 12,42% de aumento. Entre os grupos de produtos, todos apresentaram encarecimento. Os produtos de limpeza doméstica registraram alta de 27,91% ou R$ 15,79, os itens de higiene pessoal subiram 14,90%, equivalente a R$12,95, e o grupo de alimentação – o de maior impacto financeiro – ficou 10,84% ou R$ 79,91 mais caro.
Já entre os produtos, 28 dos 32 itens apresentaram encarecimento entre os meses de janeiro e setembro de 2022. Nesse sentido, os que apresentaram maior alta acumulada nos nove primeiros meses do ano foram: cebola (58,76%), batata (50,75%), sabão em barra (41,07%), farinha de mandioca torrada (32,92%) e queijo muçarela (30,20%). Apenas alho, óleo de soja, açúcar refinado e linguiça fresca apresentaram redução de preço no mesmo período, com quedas de 6,17%, 5,35%, 4,88%, 2,37%, respectivamente. Na variação acumulada em 12 meses, o custo total da cesta aumentou 12,46% – encarecimento de R$ 104,02.
Em Araraquara, esse valor representa atualmente 77,4% do salário mínimo. É inferior ao registrado no mês anterior, de 77,5%, e 1,5 pontos percentuais acima do registrado no mesmo mês do ano passado, em setembro de 2021, quando o preço da cesta básica representava 75,9% do salário mínimo vigente à época. Em setembro de 2020 e 2019, a cesta básica custava, em média, R$ 689,66 e R$551,88, representando, respectivamente, 66% e 55,3% do salário mínimo do araraquarense.