Araraquara recebe importante acervo de Fayga Ostrower

Acervo da artista, referência da arte moderna no Brasil, fará parte da Pinacoteca Municipal e também deverá integrar o futuro Centro Cultural do antigo Matadouro

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A Prefeitura de Araraquara, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Fundart, recebeu um importante acervo do Instituto Fayga Ostrower. Composto por gravuras e matrizes, o novo acervo fará parte da Pinacoteca Mário Ybarra de Almeida e também deverá integrar o futuro Centro Cultural do antigo Matadouro.

A doação foi realizada pela filha do artista, Noni Ostrower, em uma articulação realizada pela restauradora araraquarense Cleide Messi e constitui um expressivo conjunto de obras de uma das maiores gravuristas e arte-educadoras do Brasil, com reconhecimento internacional.

A secretária municipal de Cultura, Euzânia Andrade, conta que, neste momento, a Secretaria Municipal de Cultura realiza um levantamento detalhado das obras recebidas de Fayga Ostrower, observando técnicas, materiais e condições de conservação. “Trata-se de um patrimônio artístico de grande relevância, que agora passa a integrar o acervo do município de Araraquara. Esse processo é fundamental para que possamos garantir a preservação e o acesso da população a essas obras, que carregam a força criativa e o legado de uma das maiores artistas e educadoras do Brasil. É uma honra para nossa cidade acolher esse conjunto, que certamente enriquecerá a vida cultural e educacional de Araraquara”, destacou a secretária.

A obra de Fayga Ostrower integra acervos dos principais museus brasileiros, europeus e americanos. A artista deixou um legado que transcende a criação artística, influenciando gerações de artistas e pesquisadores. Com a doação, Araraquara passa a guardar parte desse patrimônio, assegurando que as futuras gerações possam conhecer e valorizar a produção de uma das grandes referências da arte moderna no Brasil.

Fayga Ostrower – Gravadora, pintora, desenhista, ilustradora, teórica da arte e professora, Fayga Ostrower chegou ao Rio de Janeiro em 1934. Cursou Artes Gráficas na Fundação Getúlio Vargas (FGV), em curso coordenado por Tomás Santa Rosa. Seus professores foram Axl Leskoschek, Carlos Oswald, Hanna Levy-Deinhard, entre outros. Em 1955, viajou por seis meses para Nova Iorque com uma Bolsa de estudos da Fullbright.
De acordo com o portal do Instituto Fayga Ostrower, a artista realizou exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior. Seus trabalhos se encontram nos principais museus brasileiros, da Europa e das Américas. Recebeu numerosos prêmios, entre os quais, o Grande Prêmio Nacional de Gravura da Bienal de São Paulo (1957) e o Grande Prêmio Internacional da Bienal de Veneza (1958); nos anos seguintes, o Grande Prêmio nas bienais de Florença, Buenos Aires, México, Venezuela e outros.

Entre os anos de 1954 e 1970, desenvolveu atividades docentes na disciplina de Composição e Análise Crítica no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. No decorrer da década de 60, lecionou no Spellman College, em Atlanta, EUA; na Slade School da Universidade de Londres, Inglaterra, e, posteriormente, como professora de pós-graduação, em várias universidades brasileiras. Durante estes anos desenvolveu também cursos para operários e centros comunitários, visando a divulgação da arte. Proferiu palestras em inúmeras universidades e instituições culturais no Brasil e no exterior.

Foi presidente da Associação Brasileira de Artes Plásticas entre 1963 e 1966. De 1978 a 1982, presidiu a comissão brasileira da International Society of Education through Art, INSEA, da Unesco. Em 1969, a Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, publicou álbum de gravuras suas, realizadas entre 1954 e 1966. É membro honorário da Academia delle Arti Dell Disegno de Florença, Itália. Fez parte do Conselho Estadual de Cultura do Rio de Janeiro de 1982 a 1988. Em 1972, foi agraciada com a condecoração Ordem do Rio Branco. Em 1998, foi condecorada com o Prêmio do Mérito Cultural pelo Presidente da República do Brasil. Em 1999, recebeu o Grande Prêmio de Artes Plásticas do Ministério da Cultura.

Seus livros sobre questões de arte e criação artística são: Criatividade e Processos de Criação (Editora Vozes, RJ); Universos da Arte (Editora da Unicamp, SP); Acasos e Criação Artística (Editora da Unicamp, SP); A Sensibilidade do Intelecto (Prêmio Literário Jabuti, em 1999); Goya, Artista Revolucionário e Humanista (Editora Imaginário, SP) e A Grandeza Humana: Cinco Séculos, Cinco Gênios da Arte. Publicou numerosos artigos e ensaios na imprensa e na mídia eletrônica. A biografia Fayga Ostrower foi lançada em 2002 pela Editora Sextante – RJ.

Fayga foi casada com Heinz Ostrower, historiador cuja biblioteca foi doada para o Arquivo Edgard Leuenroth, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas, em Campinas, São Paulo. Deixou dois filhos, Anna Leonor (Noni) e Carl Robert; e três netos, João Rodrigo, Leticia e Tatiana.

Nascida em 1920 na cidade de Lodz, Polônia, a artista faleceu no Rio de Janeiro, em 2001.

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