quarta-feira, 30, outubro, 2024

Espetáculo “Apátridas” abre a Semana de Direitos Humanos nesta sexta-feira (01)

“Apátridas” enfoca as crises essenciais humanas e os fluxos migratórios que resultam em conflitos e contradições do nosso tempo

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O espetáculo multimídia “Apátridas”, com a Companhia Nova de Teatro, marca a abertura da Semana dos Direitos Humanos, nesta sexta-feira, 01 de dezembro, às 19h30, no Palacete das Rosas Paulo A.C. Silva, em uma realização da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Participação Popular e Coordenadoria de Direitos Humanos, com apoio da Secretaria Municipal da Cultura. Os ingressos são gratuitos e serão distribuídos uma hora antes do início da encenação.

O termo “apátrida” determina a situação de alguém sem nacionalidade, não considerado nacional por qualquer Estado. Atualmente, mais de 12 milhões de pessoas no mundo são consideradas apátridas. Poderia ser a população de um país inteiro. Um país do não-lugar, do não-acolhimento, fora das leis e aquém da dignidade humana, o que viola o direito à nacionalidade garantido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Essa condição de apátrida pode ocorrer, por exemplo, quando um Estado deixa de existir e este não é substituído por nenhuma outra entidade, ou o Estado ocupante não reconhece determinado grupo de pessoas como seus nacionais. São também apátridas as pessoas pertencentes a minorias étnicas nascidas no território de Estados cujas leis não atribuem nacionalidade a tais grupos.

Dessa forma, essa condição nem sempre é percebida pela maioria das pessoas, pois os apátridas normalmente permanecem invisíveis, marginalizados e desconhecidos.

Em tempos atuais, termos como “crise” e “medo” nunca foram tão difundidos, experimentados e ampliados de sentido. A respeito da construção do medo como o grande mal transformador da sociedade, Zygmunt Bauman afirma que “as nações perderam influência sobre o curso das coisas e delegaram às forças da globalização todos os meios de orientação do mundo, do destino e da defesa contra todas as variedades do medo”.

Paralelamente a isso, “o conceito de progresso foi transferido da ideia de melhoria partilhada para a de sobrevivência do indivíduo”, o que intensifica o conflito atual do indivíduo na sociedade.

O projeto “Apátridas” pretende expor e discutir essas questões, tendo como enfoque as crises essenciais humanas e os fluxos migratórios, que resultam em conflitos e contradições do nosso tempo, refletidos no nosso país e também percebidos nas produções clássicas gregas pesquisadas.

Espetáculo – “Apátridas” foi escrito em processo colaborativo pela dramaturga Carina Casuscelli, a partir de fragmentos de tragédias, inspirado em personagens como Kassandra, Hécuba, Prometeu e Hércules, tendo como enfoque as crises humanas, os fluxos migratórios, a devastação do território dos povos originários e a africanidade.

Kassandra possui o dom da previsão e comunica ao seu povo sobre a destruição que está por vir, sendo desacreditada e, assim, condenada como louca. Ela clama pela defesa da natureza, denuncia a destruição das florestas, dos rios, dos animais e convoca para a luta pelos povos originários.

Hécuba está desesperada com a morte dos filhos, tenta se vingar em nome de um deles, revelando a linha tênue entre a justiça e a vingança. Num cenário de completa aridez e destruição, ela se vê também desprovida de qualquer segurança, acolhimento, esperança e amor próprio. Vingança é sua única motivação.

Foi por amor aos humanos que Prometeu enganou os Deuses e foi punido. Hércules realizou os doze trabalhos e não fugiu de seu destino, ambos, agora, se encontram em zona de fronteira e na condição de refugiados.

As quatro figuras míticas apresentam relações de poder, discórdia, ódio e injustiça, que dão lugar a vinganças cruéis e a destinos inevitavelmente trágicos.

A situação limite de não pertencer a um lugar e não ter referências identitárias perpassa esses personagens e nos apresenta questionamentos além do ser social, nos instigando a refletir acerca do que define o ser humano.

Não há como entender o presente sem que acompanhemos o desenvolvimento humano no decorrer da história. Nesse sentido, a Companhia Nova de Teatro, se inspira na grega, busca nela a essência do homem e seus conflitos, para entender, discutir e refletir sobre as crises da atualidade, sob as vozes destas mulheres e destes homens – personagens míticos tão ricos e complexos.

A direção e iluminação do espetáculo é de Lenerson Polonini. A dramaturgia é de Carina Casuscelli. O elenco é formado por Miguel Kalahary e Isidro Sanene, ambos de Angola e residentes em São Paulo, além de Carina Casuscelli e Jacqueline Durans. A peça conta ainda com música do renomado músico experimental Wilson Sukorski e videoprojeção de Armando Lima, ambos colaboradores do grupo.

O projeto foi contemplado pelo PROAC LAB Express da Secretaria de Cultura e Economia Criativa de São Paulo e marcou os 20 anos de trajetória da Companhia Nova de Teatro, dedicados à pesquisa da visualidade na cena, hibridismo e da experimentação de linguagens.

Para conhecer mais a companhia, acesse: www.cianovadeteatro.com e @cianovadeteatro no Facebook e Instagram. O Palacete das Rosas Paulo A.C. Silva está localizado na Rua São Bento, 794, no Centro de Araraquara.

Ficha Técnica

Direção, iluminação e concepção espacial: Lenerson Polonini

Dramaturgia: Carina Casuscelli

Elenco: Carina Casuscelli, Miguel Kalahary, Isidro Sanene, e Jacqueline Durans

Trilha sonora: Wilson Sukorski

Vídeos: Armando Lima

Produção: Lenerson Polonini e Carina Casuscelli

Figurinos: Carina Casuscelli

Assistente de figurino: Gustavo Weber

Realização: Companhia Nova de Teatro

SERVIÇO:

Abertura da Semana de Direitos Humanos com apresentação do espetáculo teatral “Apátridas” – Companhia Nova de Teatro

Local: Palacete das Rosas Paulo A.C. Silva (Rua São Bento, 794 – Centro)

Data: sexta-feira (01 de dezembro)

Horário: 19h30

Grátis – retirada de convites uma hora antes do início da apresentação

Redação

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