A oncologista Regina Monteiro, auditora externa dos testes com a fosfoetanolamina, apontou falhas do ICESP (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo) no cumprimento do protocolo de pesquisa. A médica foi ouvida nessa quarta-feira (28) pela CPI da Fosfoetanolamina presidida pelo deputado estadual Roberto Massafera.
Dos 10 tipos de cânceres incluídos na pesquisa, muitos não tinham o número planejado de pacientes: 21 por classe. Alguns deles, segundo Regina Monteiro, tinham um único paciente. A oncologista afirmou também que as estimativas utilizadas na pesquisa são diferentes da quantidade de pacientes que efetivamente participaram do levantamento. “Assim, é impossível chegar a uma conclusão.”
A oncologista destacou ainda a ausência de estudos farmacocinéticos, essenciais para se determinar a correta dosagem de fosfoetanolamina, fato já revelado em audiências anteriores. “Embora utilizado internacionalmente, o método para avaliar a progressão do tumor não foi adequado, pois mostra o aumento sem analisar outras alterações possíveis.”
A depoente também afirmou ter ficado bastante surpresa quando, em 31 de março de 2017, o ICESP anunciou a suspensão da inclusão de novos pacientes na pesquisa que ainda se encontrava em fase inicial.
Roberto Massafera reforçou que a CPI não pretende avaliar a eficácia da fosfoetanolamina sintética no tratamento de câncer. Seu objetivo é apurar como foram gastos os recursos públicos do Estado nessa atividade. Ele avalia que a pesquisa não pode ser descontinuada sem o cumprimento do protocolo aprovado, sem chegar-se a qualquer conclusão.
O parlamentar também adiantou que as pesquisas deverão continuar, sendo necessário um aditivo ao protocolo. “Nossa luta é para que o Estado continue patrocinando a pesquisa e que ela cumpra as rotinas técnicas e científicas que sua complexidade exige. Precisamos saber se a fosfoetanolamina tem eficiência e em quais tipos de câncer”, afirmou Massafera.
ICESP
Na semana passada, o presidente e o relator da CPI, Roberto Massafera e Ricardo Madalena, respectivamente, acompanhados do deputado Césinha de Madureira, presidente da Comissão de Saúde, visitaram informalmente o ICESP. Eles foram recebidos pelo diretor do Instituto, Paulo Hoff, responsável pelos estudos com a fosfoetanolamina sintética.
Na ocasião, os membros da CPI também conheceram as instalações do Instituto, inclusive onde as cápsulas eram armazenadas e distribuídas aos pacientes. Também obtiveram informações sobre o perfil dos pacientes incluídos no estudo.
Ainda na última semana, a CPI ouviu o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu de Castro Moreira.Ele retratou-se aos deputados por ter assinado, tempos atrás, documento em que fazia restrições à criação da CPI. Moreira alegou que, na ocasião, não estava informado dos propósitos da investigação e garantiu que a SBPC apoia a fiscalização de gastos públicos em qualquer área.